terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pornocracia chinesa

Rui corria pela rua fora, tentando chegar ao trabalho o mais depressa possível. O autocarro havia-se atrasado demasiado, as ruas estavam cheias de carros, estava-se em plena hora de ponta – em suma, as leis de Murphy estavam em vigor. Assim, ele acabou por se apear umas paragens antes do previsto para fazer o resto do caminho a correr; não se tratava só de tentar ser pontual, outra chegada fora de horas poderia significar despedimento.
Ele estava com tanta pressa que nem reparou nas duas raparigas orientais, encostadas à parede numa esquina para uma travessa uns quantos metros à sua frente, perto do trabalho de Rui. Quando ele se preparava para passar por elas, uma das raparigas chamou-o e perguntou-lhe, num português bastante aceitável, se sabia o caminho dali para o aeroporto.
- Peço imensa desculpa, estou cheio de pressa… – começou ele.
- Por favor, é urgente. – continuou ela.
Rui agarrou-a gentilmente pelo braço, tentando desviá-la do caminho: faltavam poucos minutos para as 9h. Foi então que a outra rapariga, após olhar em volta, agarrou-o pelo braço com uma força insuspeita e arrastou-o para a travessa, forçando-o a estar imóvel; a outra rapariga, a que havia falado, agarrou num paninho branco, aparentemente encharcado em algo, e encostou-o à cara de Rui. Assim que ele sentiu o aroma de clorofórmio, ficou inconsciente.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Vigésimo

(história anterior)

Algumas coisas mudaram desde a última vez que me foi permitido escrever alguma coisa. Neste momento, eu sou, por completo, posse de Lady Katarinne, e continuo totalmente devoto ao Seu ser, por muito que Ela me humilhe e insulte: continuo loucamente apaixonado por Ela como desde a primeira vez que A vi. Ela pagou-me a depilação total e definitiva do meu corpo (salvo da cabeça e dum triângulozinho no meu baixo-ventre), fez-me deixar crescer o meu cabelo até ficar bem abaixo dos ombros, dizendo-me para o pintar consoante os Seus desejos, e, de vez em quando, solta-me da cama onde eu passo maior parte do tempo e veste-me com roupas femininas, para me humilhar ainda mais. Hoje em dia, para além dos insultos, Ela chama-me de ‘Xana’ e trata-me como uma gaja. E, finalmente, pendurou uma ardósia na parede do meu quarto, com um cabeçalho simples de “Orgasmos”, e, na parte inferior, estava escrito “20 = 1”. Nos últimos tempos, Ela havia instituído uma nova regra: depois de vinte orgasmos que eu A fizesse ter, Ela deixava-me ter um. E assim, dia após dia, Ela sentava-Se em cima da minha cara, para que eu Lhe lambesse a Sua vulva ou o Seu ânus, quer fosse antes dos Seus encontros românticos (para A lubrificar), ou depois destes (para A limpar). Depois de A fazer vir, Ela colocava-me sempre as Suas cuecas na minha cabeça, para me deixar louco com o cheiro dos Seus fluidos. E assim chegávamos àquela tarde, em que estava a um orgasmo do meu prazer…
Olhei mais uma vez para o quadro e para os dezanove risquinhos que preenchiam grande parte da ardósia. Mentalmente, fiz uma prece para que a minha Dona viesse depressa ter comigo, para que eu pudesse dar-Lhe prazer mais uma vez. Estava, como sempre, preso à cama, em X, nu, com o meu cinto de castidade sempre posto e bem apertado, uma coleira de cão no pescoço e uma mordaça na boca.
Estava quase a começar mais uma prece quando ouvi a Sua voz:
- Então, a dormir, sua merda?!
Baixei logo o olhar e vi-A, olhando para mim com cara de poucos amigos. A Sua chibata bateu-me na perna e soltei um gemido de dor, abafado pela minha mordaça. Envergava um underbust de cabedal preto, que Lhe realçava ainda mais os seios volumosos e os mamilos furados, uma tanga preta, também, com abertura sobre o baixo-ventre, umas luvas de vinil pretas, longas, umas botas altas, pelo meio da perna, pretas e com tacões-agulha metálicos. Ao pescoço, Ela ostentava uma coleira preta, com picos.
- Estás a olhar para o quadro, não estás? Estás a sonhar com o teu presente de bom comportamento, não é?
Baixei o olhar, culposamente. Era o que eu mais ansiava… que a minha Dona me desse prazer.
Gelei, todavia, ao ver o que Ela trazia nas mãos. Para além da chibata, Ela trazia também o Seu maior strap-on, com o qual Ela já me havia enrabado inúmeras vezes. E, sempre que o fazia, eu acabava sempre com o meu rabo em chamas… O dildo era longo (uns vinte centímetros) e largo (cerca de cinco centímetros) – muito maior que o meu próprio órgão.
Ela seguiu o meu olhar de preocupação e riu-Se:
- Não te preocupes, Xana, não te vou enrabar esta noite. Este dildo hoje vai ser para Mim… para o Meu vigésimo. – e, dito isto, Ela aproximou-se de mim, os Seus saltos ressoando contra o chão a cada passada Sua, e atirou-me o dildo para cima; em seguida, Ela prendeu-me a armação à cintura, apertando-a bem e ficando eu com o dildo bem espetado no ar.
- Hmm, que delícia… – suspirou a minha Dona – Aposto que desejavas que a tua pilinha fosse do tamanho desse pau, não desejavas?
Ainda sorrindo, ajoelhou-Se entre as minhas pernas e meteu aquele falo na Sua boca, chupando-o e molhando-o; recostei a cabeça contra a cama, a tremer por A ter tão perto de mim, a chupar uma pila presa a mim mas que não era a minha…
Quando viu que o dildo estava húmido o suficiente, a minha Senhora ajoelhou-Se comigo entre as Suas pernas, abrindo o buraco da Sua tanga com dois dedos da Sua mão enluvada o suficiente para que aquele falo entrasse na Sua vulva.
- Agora mexe-te, cabra! – e deu-me uma vergastada na perna com a Sua chibata.
Gemi, e comecei a mover a minha pélvis para cima e para baixo, fazendo aquele dildo entrar no Seu Templo, enquanto eu fechava os olhos e imaginava que era o meu pénis a entrar dentro d'Ela, a dar-Lhe prazer… Gemi mais uma vez quando senti outra chibatada na minha perna.
- Mais depressa, puta!
Acelerei os meus movimentos, penetrando-A com mais vigor, ouvindo-A gemer enquanto as Suas mãos apalpavam os Seus seios, brincando com os Seus piercings como A vira fazer tantas vezes dantes, de olhos fechados.
- É isso… Mais força, cabra… Continua...
Continuei a empurrar aquele falo com força e rapidez para o Templo da minha Senhora, querendo-A fazer atingir o clímax o mais rapidamente possível. Comecei a sentir uma dor nos músculos da perna, pela força que fazia para me levantar e empurrar aquele dildo para dentro da minha Senhora; mas isso não me fez abrandar, pois Ela queria vir-Se – e eu queria fazê-La vir-Se… A Sua chibata começou a fustigar o meu peito, uma e outra vez, para me fazer penetrá-La ainda mais rapidamente.
Então, os Seus suspiros foram substituídos por um gemido forte, mas isso não me fez abrandar: queria agradar-Lhe, queria que o vigésimo fosse ainda mais especial! E continuei a empurrar o dildo para dentro d'Ela, deliciando-me com os Seus gemidos de prazer, à medida que o Seu orgasmo espalhava fluidos pelo strap-on, à medida que estes escorriam às Suas pernas abaixo. Como adoraria poder saborear aquele sumo maravilhoso!
Quando se sentiu satisfeita, a minha Dona levantou-se do meu colo.
- Hmm, que delícia… Às vezes, gostava mesmo que tivesses um pauzinho assim, Xana… – suspirou Ela, enquanto passava as mãos pelos Seus lábios vaginais, encharcando-os com os Seus fluidos e chupando-os; ao ver o meu olhar desesperado, Ela sorriu, voltou a mergulhar os dedos, para, desta vez, os passar pelo meu peito nu, espalhando a Sua essência pela minha pele, fazendo desenhos com ela.
Sempre sorrindo, Ela levantou-se da cama, desapertou-me o cinto do strap-on e tirou-mo, dirigindo-Se de seguida para o quadro. Pegando no giz, olhou para mim.
- Bom, parece que temos o vigésimo risquinho no quadro.
Ansiei por o ver aparecer no quadro… mas a minha Dona não o chegou a desenhar: pousando o pedaço de giz, em vez disso cruzou os braços e virou-Se para mim, levantando um dedo acusadoramente:
- Mas se calhar não… Afinal de contas, este orgasmo não foste tu que o deste. Foi o Meu strap-on. E, assim sendo, continuas com dezanove, Xana...
Olhei para Ela e devo ter uma cara feia, pois o Seu olhar carregou-Se:
- Não estou a gostar do teu olhar, puta! Não concordas comigo, é?!
Engoli em seco: se continuasse a protestar, as consequências podiam ser bem piores… assim, engoli em seco, fechei os olhos e assenti.
- Ah, julgava… Mas hoje sinto-Me generosa, sabes, Xana? E preciso de Me limpar…
As Suas mãos enluvadas agarraram na tanga e puxaram-na para baixo, expondo o Seu baixo-ventre, a Sua tirinha de pêlos púbicos, muito estreitinha… e o Seu Templo, onde eu ansiava poder entrar. Pegou no molho de chaves, sempre pousado em cima da mesa-de-cabeceira, e abriu as chaves que trancavam a minha mordaça. Como sempre, não ousei proferir qualquer palavra, enquanto Ela Se ajoelhava com o Seu baixo-ventre virado para mim e, praticamente, Se sentou na minha cara.
Nem foi preciso a minha Senhora dizer nada: sabia o que tinha a fazer. Abri a boca e enfiei a minha língua na Sua vulva, lambendo-A toda, provando os Seus maravilhosos fluidos. A fragrância daquela essência encheu-me as narinas e acordou o meu pénis, trancado no cinto. Ouvi-A suspirar, com uma mão a agarrar-me no cinto de castidade e a outra a pousar em cima do meu rabo: dois dos Seus dedos não perderam tempo a entrar-me pelo cu dentro. Sobressaltei-me e por pouco não soltei um grito de surpresa; voltei a lamber o Templo da minha Dona, mas não fui rápido o suficiente a retomar o meu trabalho, recebendo, como paga, uma mordidela numa coxa.
- Lambe-Me, puta!
Tentando combater a dor na coxa, onde Ela me havia mordido, voltei a beijar os Seus lábios, a lambê-Los de uma ponta à outra, a beijar a Sua rosinha. Ao mesmo tempo, o meu pénis parecia ganhar mais vida, com a sua prisão a causar-me dores absurdas, em conjunto com os dois dedos que me violavam o rabo. No entanto, não parei de Lhe lamber a Sua vulva, o mais rápido que conseguia…
… e, no momento seguinte, senti a boca molhada, com a minha Dona a atingir mais um orgasmo – esperando que, desta vez, Ela o considerasse válido para a contagem. No Seu êxtase, Ela voltou a morder-me nas coxas, uma e outra vez, enquanto gemia e me enchia com a Sua essência maravilhosa. Fechei os olhos com a dor das Suas dentadas, com a dor do meu órgão na sua prisão, mas era inegável, também, a minha sensação de júbilo por ter conduzido a minha Dona ao prazer supremo, mais uma vez.
Quando as ondas de prazer pararam de percorrer o Seu corpo, Ela levantou-Se de cima de mim, mais uma vez, deixando-me a lamber os meus lábios; voltou a aproximar-Se do quadro de contagem e a pegar no giz, olhando para mim com um sorriso maquiavélico. Esperou um momento, mais outro… e acabou por fazer o vigésimo traço.
- Pronto, puta, podes ficar descansada. Vais ter o teu prémio.
Suspirei de alívio, ao ver a Sua mão agarrar no molho de chaves e tirar, um a um, os cadeados que seguravam aquele aparelho de tortura que havia aprisionado a minha masculinidade durante meses a fio. Sorri quando, finalmente, o meu pénis ficou livre.
- Agora está na altura de te dar a tua oportunidade de teres um orgasmo, também. Se não conseguires…
No entanto, antes de Se ocupar de mim, a minha Dona apressou-Se a colocar-me uma venda nos olhos, para além de me recolocar a mordaça, trancando-a a cadeado.
- Nem penses que te vou deixar ver o que tenho preparado para ti!
Ouvi-A afastar-Se e sair do quarto, regressando uns momentos mais tarde; pareceu-me ouvir um saco de plástico a ser atirado para o chão e a ser aberto. Então, pareceu-me que Ela estava novamente deitada na cama, e não pude deixar de gemer ao sentir um beijo no meu órgão.
- Vá, vamos lá a ver se isto cresce… – e senti a Sua mão e a Sua luva a agarrarem-no com dois dedos.
Comecei a gemer, à medida que aqueles dedos mágicos me masturbavam e me excitavam, e senti o meu pénis a aumentar, de forma que Ela passou a agarrá-lo com a mão toda; e a Sua boca começou a beijá-lo e a Sua língua a lambê-lo… Meu Deus, a minha Dona estava a dar-me prazer como nunca dantes o fizera! Ouvi-A rir-Se novamente:
- Olha, olha… Quem diria que ele sempre cresce qualquer coisinha?!
Estava a sentir-me cheio de desejo, de vontade de poder entrar dentro do Seu Templo e mostrar-Lhe que eu também A podia satisfazer como os homens com quem Ela Se encontrava… Ela chupava o meu órgão com uma mestria fantástica, levando-me quase ao limiar da loucura. Sentia que, a qualquer momento, iria atingir o meu orgasmo, ganho depois de tantos dias a dar prazer à minha Dona e Senhora… Mal ouvi uma restolhada proveniente do tal saco de plástico: estava demasiado absorvido pelo prazer que sentia.
Subitamente, senti algo a ser esfregado na pele da minha barriga… e não consegui evitar de começar a gemer desalmadamente ao perceber o que era. A comichão não enganava: a minha Dona estava a esfregar-me o corpo com urtigas! A sensação era horrível, sentia urticária nas zonas em que Ela havia passado as folhas… e, todavia, a Sua outra mão continuava a masturbar-me, a Sua boca continuava a chupar o meu órgão! Apesar dos meus esforços, de me concentrar o máximo que conseguia no prazer que Ela me dava, o que é facto é que aquelas urtigas não me estavam a ajudar em absolutamente nada – muito pelo contrário! Senti que o orgasmo ficava longe, cada vez mais longe, à medida que a comichão atingia níveis quase insuportáveis: os meus braços lutavam contra as correias que os prendiam à cama, tentando arranjar uma hipótese de me coçar e apaziguar aquela urticária… acabei a soluçar, impotente, incapaz de atingir o clímax, incapaz de aliviar a comichão que havia o meu peito – por influência da minha Dona… Ela ria-Se.
- Então, a Xaninha não se conseguiu vir? Oooh, enfim, tens outra oportunidade daqui por mais vinte…
Não A deixei continuar: gemi, esperneei, completamente fora de mim, frustrado por não ter conseguido atingir o meu orgasmo – afinal de contas, havia conquistado o direito a tê-lo! – por ter tido o meu peito esfregado com urtigas, que me davam uma comichão horrível…
- Estás chateadinha, é?! Então toma! – e senti uma chibatada com força na parte exterior da perna – Toma! Toma! – mais uma chibatada, seguida de outra e mais outra, e ainda mais outra… perdi a conta às vezes que os músculos das minhas pernas foram agredidos, mas, quando, finalmente, Ela parou com a Sua chibata, elas estavam quase como se tivessem levado com um ferro em brasa. Tentei conter-me, mas acabei por soluçar, com lágrimas a escorrerem-me pelos olhos abaixo.
Após o fim daquela sessão de espancamento, a minha Dona tirou-me a venda, não reparando nos meus olhos molhados – ou, se reparou, não fez caso. Em vez disso, aproximou-se do quadro.
- Vou-te ser sincera: as urtigas tinham como finalidade ver se o teu desejo por Mim, pela tua Dona, era tão grande que até era capaz de ultrapassar uma tortura destas. – enquanto ia falando, Ela ia apagando os tracinhos da ardósia escura – Como, aparentemente, não é… temos de fazer algo quando a isso, não te parece, Minha puta?
O meu coração gelou quando a ponta do Seu dedo apagou o ‘2’ do ‘20’ que assinalava o limite de orgasmos; e vi a Sua careta de regozijo quando a Sua mão pegou novamente no giz e desenhou um ‘5’ naquele lugar.
- Pois é, sua vaca. A partir de agora só vais ter direito a liberdade quando me proporcionares cinquenta orgasmos. A ver se, da próxima vez, essa salsichinha sempre se consegue vir…
Recomecei a soluçar, quando Ela me voltou a prender o meu pénis dentro do cinto de castidade. Rindo-se da minha infelicidade, Ela deu meia-volta, agarrando no saco de plástico com o resto das urtigas e saiu do meu quarto, enquanto a comichão que sentia no peito parecia querer desaparecer.

(história seguinte)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Tease & denial

Sobressaltei-me com o som da porta da frente de casa a abrir-se. Ouvi saltos contra o chão, a percorrerem a casa; então, a porta do meu quarto abriu-se e Ela apareceu, sorrindo como sempre. O Seu longo cabelo dourado embelezava a Sua cara oval, com os Seus olhos verdes a mirarem-me como se fosse uma qualquer espécie de animal. O Seu vestido azul, longo, pelos Seus lindos joelhos, mostrando as Suas pernas lascivas e os Seus sapatos de salto-agulha pretos. Na mão direita, trazia um saco pequeno, cheio de qualquer coisa, que colocou no chão.