quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Sasha

 


O seu nome era Sasha, estava à beira de chegar aos 20 anos e vivia nas ruas de Lisboa. Órfão desde cedo, viera da Moldávia com um tio em busca de um sítio onde pudesse ter uma vida melhor, mas o tio depressa o metera na rua pois “não tinha vindo para Portugal para suportar anormais parasitas”. E assim Sasha passou a ser mais um dos mendigos das ruas de Lisboa, roubando e pedindo para sobreviver. Encontrara uma guitarra com uma racha no tampo num contentor do lixo, ainda com as cordas quase todas, e passou a ocupar um espaço na Rua Augusta, tocando para os turistas e conseguindo apurar algum dinheiro para comprar comida. E assim foi o dia-a-dia de Sasha durante algum tempo.

Um dia, enquanto fazia mais uma das suas actuações na Rua Augusta, houve um homem que ficou a ouvi-lo durante imenso tempo, ao contrário dos transeuntes normais, que ouviam uma música (ou parte dela), aplaudiam, deixavam algumas moedas e iam embora. Sasha notou-o mas preferiu focar-se na sua música. Depois de quase um quarto de hora, o desconhecido aproximou-se do chapéu que Sasha tinha à sua frente e deixou lá uma nota de 50 euros; ao ver a nota cor-de-laranja, quase ia tendo um ataque cardíaco: nunca ele conseguia juntar essa quantidade num dia!

- Tocas muito bem. – disse o homem em português.

Sasha apenas respondeu à oferta da nota com um “thank you” pois ele não percebia nada do idioma português. O desconhecido voltou a repetir o elogio, desta feita em inglês.

- Thank you. – repetiu Sasha.

- Diz-me uma coisa. – continuou o homem, em inglês – Como é que uma menina tão bonita como tu veio parar à rua?

- Eu, menino. – respondeu Sasha, com um gesto de enfado. O seu inglês também não era o melhor.

O equívoco do desconhecido tinha toda a razão de ser. Sasha havia sido registado à nascença como tendo sexo masculino mas uma malformação genética havia-o dotado de características dos dois sexos: uma cara de menina de lábios grossos, uma maçã de-Adão um pouco proeminente, peito saliente mas pouco, ancas ligeiramente mais largas que as de um homem, e um órgão sexual masculino mas diminuto: era quase como se o seu corpo, durante a gestação, não se tivesse conseguido decidir sobre qual o género que quisesse assumir. Juntando a isso um cabelo meio-alourado comprido e descuidado e qualquer pessoa ficaria na dúvida sobre como chamar a Sasha.

- Sério? Enganaste-me bem… – sorriu o desconhecido, não se notando qualquer ponta de contrariedade – Na rua há muito tempo?

- Muito tempo. – ecoou Sasha.

- Há quanto tempo não comes uma refeição decente?

Sasha pareceu pensar muito tempo.

- Muito tempo.

- Queres almoçar comigo? Eu ofereço.

Sasha ficou a pensar. Havia muito tempo que não comia algo digno desse nome, indo sempre aos restos do lixo e às compras de porcarias nos minimercados da zona. Mas também sabia que “não há almoços grátis”… porém resolveu que, qualquer que fosse o preço, não se importava de pagar.

- Sim.

Levantou-se e acompanhou o desconhecido.


Almoçaram num dos inúmeros restaurantes que existiam na rua do Coliseu dos Recreios. Houve alguns olhares na direcção de Sasha, cujo aspecto desgrenhado e sujo saltava à vista, mas ninguém ousou dizer nada. O mendigo comeu sofregamente tudo o que lhe foi colocado à frente: havia mesmo muito tempo desde a última vez que tivera uma refeição digna desse nome. Durante esse tempo, o homem foi fazendo algumas perguntas sobre Sasha, sobre a sua vida, como fora parar à rua.

- Queres sair da rua? – perguntou-lhe de súbito.

Sasha parou de comer e encarou-o. Era quase como perguntar a um náufrago se gostava que o tirassem da água… mas o homem continuou a falar, dizendo que desde que havia encontrado a mulher na cama com outro e se havia divorciado que a casa onde vivia se havia tornado demasiado grande para ele, que tinha lá um quarto livre e que Sasha o podia usar à vontade. Claro que este achou a oferta boa demais para ser verdade… mas o ódio que tinha a viver na rua era maior que o medo do que aquele desconhecido lhe quisesse fazer uma vez que se apanhasse com ele em casa. Acabou por assentir sem fazer mais perguntas.

Depois da refeição, o homem levou-o ao parque de estacionamento dos Restauradores, onde tinha a viatura parqueada. Disse a Sasha para entrar para o lado do pendura, torcendo o nariz assim que a porta se fechou: o aroma corporal que o novo passageiro largava era extremamente forte.

- Assim que chegarmos, vais tomar um banho. – comentou ele – Se te vou dar guarida, é para que trates de ti e andes bem lavado.

Sasha assentiu enquanto o veículo saía do parque subterrâneo. Não percebeu nada do que aquele homem lhe havia dito. Mas começou a imaginar qual seria o preço de toda aquela boa vontade…


Sasha fechou a torneira do duche e abriu a porta do poliban. Havia perdido a conta ao número de meses que passara sem poder dar-se ao luxo de tomar um banho… e aquele havia-lhe sabido pela vida. Permitiu-se ensaboar cada centímetro do seu corpo e lavar demoradamente o seu longo cabelo claro, procurando libertar-se do mau-cheiro da vida na rua. O futuro era incerto, mas Sasha queria encará-lo livre de maus odores e de sujidade.

Assim que saiu do poliban e se limpou, Sasha viu algumas roupas penduradas num cabide por cima da porta. Não eram as suas, pois essas haviam desaparecido (e de qualquer maneira estariam imundas e incapazes de serem reutilizadas): tratava-se de uma camisa branca, uma mini-saia aos folhos e de padrão xadrez e uns collants de rede brancos. No chão, estavam uns sapatos que imitavam sapatilhas pretas mas de salto-agulha. 

Sasha abriu a porta da casa de banho e foi à procura do seu salvador, que estava na cozinha a beber uma cerveja.

- Desculpa. Que posso vestir? – começou ele.

- Peço desculpa, Sasha, mas as tuas roupas foram para o lixo pois estavam demasiado estragadas. E as minhas roupas não te servem…

- Que posso vestir? – repetiu Sasha, sem se importar com o facto de estar nu perante um desconhecido.

O homem pareceu pensar durante um bocado, após o qual foi ao frigorífico e abriu uma cerveja.

- Queres?

Sasha agarrou na cerveja recém-aberta e bebeu-a sofregamente, pois estava com sede. Depois voltou a fazer a pergunta:

- Que posso vestir?

- Bom… chateavas-te muito se eu te desse roupas femininas para vestir?

Sasha fez cara feia.

- Não sou mulher.

- Certo. Mas é um facto que te pareces com uma. Com essas maminhas, essas ancas e esses lábios… enganavas muita gente.

- Senhor, eu não sou mulher! Pareço mulher mas… não sou… mulher…

Sentiu a língua começar a tropeçar e a cabeça a pesar imenso. Pousou a garrafa de cerveja no balcão, fincou-se com os braços no lava-loiça para tentar suster a falta de força nas pernas, mas era inútil: poucos segundos depois, Sasha estava no chão, sem sentidos.


Quando recuperou os sentidos, Sasha estava em cima duma cama, deitado de costas. Assim que recuperou a visão, pôde ver que lhe haviam vestido exactamente as mesmas roupas que tinha visto penduradas na porta da casa de banho e nos pés tinha os tais sapatos de salto alto. Sentiu algo metálico apertar-lhe os órgãos genitais, da mesma maneira que sentia algo metálico na boca, a forçá-la a estar aberta, tendo também outro objecto metálico a preencher-lhe o ânus.

- Sasha, desculpa. – ouviu a voz do seu benfeitor – Mas obrigaste-me a isto.

Olhou para o lado e viu-o, completamente nu, de pénis erecto e comprido. Agarrou-lhe por uma mão – que estava presa a uma vara comprida a cuja ponta oposta estava presa a outra mão – e fê-la sair da cama e ajoelhar-se a seus pés.

- Eu tirei-te da rua. Deves-me um pagamento. E vais pagá-lo.

A mão do homem agarrou-lhe numa argola que estava ligada a uma coleira que Sasha tinha ao redor do seu pescoço, fazendo-o erguer-se da cama e ficar de cotovelos e joelhos apoiados no colchão; de seguida ele ajoelhou-se à sua frente e agarrou-lhe no cabelo disposto em totós.

- Ficas bonita como menina, Sasha.

Sasha apenas olhava para o órgão masculino erecto que tinha a menos de um palmo de distância dos lábios, sabendo que não havia nada que pudesse fazer para evitar que ele lhe fosse enfiado na boca aberta. Depois de alguns momentos de expectativa, aquele pénis avançou…

O primeiro contacto fez Sasha ter um arrepio de nojo e fechar os olhos: sentiu aquele corpo suave e quente tocar-lhe nos lábios abertos, por onde começava a escorrer um fio de baba. O homem aproveitou a baba para lubrificar o seu órgão, enfiando-o de seguida naquela boca aberta à força, com paciência, soltando um silvo ao sentir o contacto dos lábios no pénis, entrando o máximo possível na cavidade bucal do seu prisioneiro.

- Sasha, com o tempo (e esperemos que demore pouco) vais aprender que o prazer da pessoa que está contigo é mais importante que o teu próprio prazer. – foi dizendo o homem à medida que fazia o seu pénis sair dele entrar sucessivamente da boca escancarada de Sasha – Começamos hoje com a lição número 1.

A mão direita do homem agarrou no cabelo de Sasha e começou a controlar a velocidade com que este chupava aquela pila. Obrigou Sasha a abrandar o ritmo ao máximo, fazendo-o percorrer todo o comprimento do seu órgão, passar língua e lábios por cada centímetro daquele pénis dilatado e acolher a sua totalidade daquele músculo em si, fazendo inclusivamente Sasha estrebuchar por ar.

- Nada mau, nada mau…

Sasha sentiu os olhos humedecerem-se com lágrimas, engoliu em seco e continuou a trabalhar, esperando agradar ao seu benfeitor… temendo o que lhe aconteceria se ele não se sentisse saciado quando tivessem acabado. De súbito, recebeu uma chapada na face.

- Não te distraias, Sasha. Chupa…

E Sasha continuou a chupar, na medida que a mão enclavinhada nos cabelos lho permitia, vendo que o homem ia começando a soltar alguns suspiros. Suor apareceu-lhe na fronte: será que seria obrigado a engolir o produto de um futuro orgasmo? Começou a agitar a cabeça, tentando dizer que não, mas aquela mão foi mais forte e impediu-o de grandes veleidades.

- Não queres? Deixa estar.

Largou-lhe abruptamente os cabelos e atirou Sasha para o lado da cama com brusquidão, desaparecendo daquela divisão por momentos; quando regressou, segurava na mão direita um cajado fino, de madeira sólida. Sentou-se na borda da cama e puxou Sasha para o seu colo, ficando este deitado de barriga para baixo, com o vestido levantado de forma que as suas nádegas ficassem à mostra, totalmente desprotegidas.

- Adenda à lição número 1: quando não queres fazer o que te mandam, recebes castigos… que por norma são corporais.

Mal se calou, desferiu a primeira pancada que embateu com violência na nádega esquerda de Sasha, que apanhou aquilo de surpresa e nem teve tempo de reagir; as pancadas seguintes já causaram alguns gritos de dor. O homem foi metódico: dez pancadas numa nádega, pausa, dez pancadas na outra nádega, pausa e recomeço. Só após cem vergastadas em cada nádega é que o homem atirou a cana para cima da cama, voltou a agarrar Sasha pelos cabelos e ergueu-lhe a cabeça: um rio de lágrimas escorria-lhe dos olhos e todo o seu corpo era agitado pelos seus soluços.

- Percebeste? – continuou o homem, como se nada fosse.

Sasha assentiu com a cabeça, ainda a chorar. O homem sorriu, fez com que Sasha se ajoelhasse à sua frente e voltou a introduzir-lhe o órgão sexual na boca – e desta feita não houve oposição, Sasha começou por sua própria vontade a dar prazer ao homem.

- Bom, parece que percebeste, sim… Ui…

Sasha sentia as suas nádegas em brasa, como se tivesse um ferro em brasa encostado em cada uma delas. Com medo do que aquele desconhecido lhe viesse a fazer ainda, ele obrigou-se a ignorar o seu nojo e a procurar com que ele sentisse o prazer que desejava… e depois, faria tudo o que ele quisesse para que não lhe batesse. Sentiu novamente a mão agarrar-lhe no cabelo, mas já não era necessária: Sasha queria que o homem se viesse, para de seguida o deixar em paz – ou assim esperava ele, apesar de não contar muito que o seu benfeitor o deixasse regressar à rua.

Os gemidos do homem foram aumentando de frequência e de volume, Sasha sabia que pouco faltava; e, efectivamente, poucos instantes depois sentiu a sua boca ser invadida pelo sémen daquele desconhecido. Reprimiu um arrepio de nojo ao sentir o líquido leitoso e pastoso preencher-lhe a boca, mas ignorou-o enquanto procurava engolir toda aquela substância, esperando que isso contentasse o seu captor.

- Tens uma boa boca, Sasha. – continuou o homem – Espero daqui a algum tempo não ser necessário estares amarrada e amordaçada e que te entregues e me obedeças de livre vontade.

Sasha acenou com a cabeça, ainda com o pénis daquele homem na boca; o sémen já era pouco mas ele não parecia ter ideia de retirar dali a sua masculinidade. Só perto de uns cinco minutos depois é que a boca de Sasha ficou livre.

O seu benfeitor sentou-se na borda da cama, ao lado daquele corpo manietado, e puxou-o novamente para o seu colo, voltando a colocá-lo de rabo para o ar e exibindo mais uma vez as nádegas ainda encarnadas. Sasha começou a protestar, achando que ia ser novamente agredido.

- Segunda adenda à lição número 1: quando cumpres com o que te ordenam, recebes prémios.

O homem agarrou na base do objecto metálico que Sasha tinha no rabo e começou a retirá-lo, lentamente, voltando a introduzi-lo por completo logo a seguir. Sasha fechou os olhos ao sentir o efeito daquele vaivém no seu rabo: o seu próprio órgão sexual agitou-se e começou a inchar, preenchendo quase de imediato o cinto de castidade em que estava enfiado; e assim que se começou a sentir esmagado por aquela jaula, Sasha voltou a gemer de dor, apesar das sensações de prazer que emanavam do seu posterior, fruto do sair e entrar do seu plug.

- Daqui a algum tempo, quando já tiveres o cu treinado, vais ter aqui também a minha pila. E vai ser a única forma que terás para te vir… pelo cu.

Apesar das dores que sentia, Sasha sentia que, com mais algum tempo e estímulos anais, seria capaz de se vir também; porém o homem tinha outras ideias: após ter mais uma vez enfiado o plug por completo, parou, ajeitou o vestido de Sasha e atirou-o para cima da cama, rolando-o até ficar de barriga para cima.

- Sabes a melhor maneira de manter uma menina como tu dócil e subserviente? Excitá-la até quase se vir mas não a deixar vir-se. É pelo cu que se controlam putas como tu. Pelo cu e por aqui. – e agarrou-lhe nos genitais trancados, continuando – Como te disse, a partir de agora só te vou permitir que te venhas pelo cu. O que significa que vais deixar de precisar disto.

A sua mão passou para o cadeado que segurava e mantinha firme o cinto de castidade, enquanto a outra mão segurava uma pequena chave, que colocou na fechadura do cadeado; e perante o ar de súplica de Sasha, que depressa se transformou em horror, o homem torceu a chave de forma à mesma partir-se, ficando a fechadura bloqueada.

- És uma menina. Por isso não precisas de pila. É melhor ela ficar fechada para sempre.

Então, ele levantou-se da cama, ainda segurando a metade da chave agora inútil, e dirigiu-se à porta do quarto.

- Mais daqui a bocado volto para o jantar. Se te portares bem, tiro-te as algemas e a mordaça. Vais portar-te bem?

Sasha assentiu, de olhos rasos de lágrimas e uma vontade imensa de chorar.

- Vamos ver, vamos ver. Até logo, querida puta.

E saiu do quarto.

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