segunda-feira, 21 de maio de 2018

Três actos (parte 3)

continuação...

Não consigo precisar a quantidade de tempo que estive inconsciente: como devem calcular, desde que fora capturada perdera por completo a noção do tempo. A minha situação havia-se modificado totalmente: estava vendada e amordaçada, mas de uma forma estranha: eu conseguia abrir e fechar as pálpebras mas não havia meio de conseguir ver o que fosse, enquanto a minha boca também aparentemente estava livre mas havia qualquer coisa a cobrir-me dentes e língua. Não conseguia ouvir nada e dava a sensação de ter uma camada de qualquer coisa a cobrir-me a cara. Estava de pé, em cima de qualquer coisa, e sentia que estava a ser empurrada para diante apesar de estar imóvel e ter os tornozelos presos com algo metálico que não me permitia afastá-los; tinha também os braços cruzados à frente e não os conseguia mudar de posição. Tentei agitar-me mas não me mexi nem um milímetro… e comecei a entrar em pânico. Depois de eu ter sido raptada e violada daquela maneira, depois de eu ter sido abusada por todos aqueles homens, que mais me poderia vir a acontecer?
Subitamente, fui atirada ao chão, sem apelo nem agravo; embati com força no chão e, apesar de os braços cruzados terem absorvido grande parte do choque, como fui apanhada desprevenida a minha cabeça também bateu contra o solo de tal maneira que até pensei que tivesse rachado. Soltei um berro (ou tentei, a mordaça não deixou que se ouvisse), senti os olhos humedecerem-se e não consegui suster um soluço, porém evitei começar num pranto como bem me apetecia.
- Toca a acordar, dorminhoca! – voltei a ouvir a voz da Enfermeira BB.
Duas mãos fortes agarraram em mim e atiram-me para cima de uma superfície almofadada, para depois ter umas mãos a apalpar-me a cara, rosto e boca.
- Fizeram um bom trabalho contigo. O teu corpo foi coberto na sua totalidade por uma camada de látex, assim como a tua cara, nariz, boca e dentes, de forma que qualquer pessoa possa usar esses teus buracos sem risco de se contaminar. Para além de teres o rosto coberto por uma máscara de látex, cegámos-te com recurso a lentes de contacto opacas como parte do teu programa de treino. E vais passar grande parte do tempo sem ouvir o que quer que seja. Aliás, não irás precisar de nenhum dos teus sentidos de ora em diante.
Tentei levantar-me, mesmo tendo os tornozelos fixos, mas por qualquer motivo não conseguia colocar a planta do pé no chão: era como se apenas me fosse possível andar em bicos dos pés. Acabei por desistir e ficar de joelhos; e assim que ergui a cabeça, senti uma mão bater-me na cara com força.
- Não te mandei ajoelhar. Mas já que estás nessa pose… – e senti uma mão apalpar-me novamente a boca e a língua – Mexe a língua.
Depois de alguns momentos de hesitação, obedeci. Era estranho agitar a língua com aquela camada de borracha a cobri-la… e assustei-me quando dois dedos me agarraram na ponta da língua!
- Nada mau, a língua não perdeu assim muito comprimento! Bom, continuemos o teu treino.
Senti um dedo carregar perto de cada um dos meus ouvidos; e a partir daí deixei de ouvir fosse o que fosse. Apenas conseguia ouvir – e muito ao de leve – a minha própria voz amordaçada sempre que eu gritava. Senti uma coleira a ser-me colocada à volta do pescoço, de tal forma restritiva que se tornou impossível para mim mexer a cabeça.
Depois de algum tempo de inactividade, houve algo a ser-me enfiado na boca, repetidamente, algo de forma fálica – talvez mais uma pila? Duas mãos agarraram-me com força na cabeça à medida que aquilo ia aumentando a velocidade com que me entrava e saía da boca. Houve uma altura que me seguraram na cabeça com aquilo totalmente dentro de mim e só ma largaram algum tempo depois, tirando o falo da minha boca de vez; e voltei a ser atirada para o chão almofadado sem cerimónia.
Fiquei ali caída no chão mais algum tempo, alheada de tudo o que se passava à minha volta. Rastejei pelo chão, tentando colocar-me numa posição em que me sentisse minimamente confortável. Pensei em chegar a uma parede e virar-me para ficar sentada… mas antes que isso pudesse acontecer agarraram-me no ferro que unia os meus tornozelos e comecei a ser levantada do chão, ficando de cabeça para baixo – imaginei que estivesse pendurada do tecto. Comecei a sentir o sangue afluir-me para o cérebro; tentei agitar-me, levantar a cabeça para tentar aliviar aquele desconforto… todavia a minha cabeça voltou a ser agarrada por duas mãos e outra pila (ou a mesma de antes, quem sabe) foi-me enfiada na boca, começando a entrar e sair dela. Tentei abrir a boca ao máximo: não queria que me usassem para terem prazer sexual! Mas o meu esforço foi infrutífero, pois nem a consegui abrir muito, e as mesmas mãos de antes fizeram-me fechar a boca até ambos os meus lábios estarem em contacto com aquela pila.
Não sei se aquela pessoa se veio na minha boca: o látex que me cobria o interior da boca cortava-me por completo a sensibilidade, mas imagino que sim; e depois de algum tempo a entrar e sair da minha boca e de as mesmas mãos de antes me terem apertado contra o baixo-ventre daquele desconhecido (de tal forma que, se eu não estivesse totalmente tapada em látex, decerto ter-me-ia sufocado com uma picha na garganta), a pila saiu-me da boca e, aparentemente, fui deixada em paz. Por pouco tempo, todavia: não demorou muito até a minha boca ser invadida mais uma vez – imaginei que fosse ser abusada mais uma vez por um número largo de homens. E não me enganei. Mais uma vez perdi a conta a quantos foram, mas voltaram a ser mais de duas dúzias de certeza. A partir do terceiro, deixei de estrebuchar e tentar impedir que avisassem de mim: de qualquer maneira era inútil… Enquanto me abusavam da boca, havia alguns que me tocavam na rata ou no cu, enfiando lá às mãos ou sei lá o quê, abusando de mim, magoando-me pois eram tudo menos delicados – mas ninguém se importou muito com isso. E nos intervalos entre a saída de uma pila e a entrada da seguinte (pelo menos deduzi que fosse isso), havia um ou dois dedos que me entravam na boca, como que a limpá-la da esporra que o anterior lá depositava. Tudo era de uma vulgaridade, de um desprezo por mim, como se a única coisa que realmente importasse em mim fosse os meus orifícios; obviamente que sentia os olhos marejados de lágrimas e era constantemente agitada por soluços de raiva e choro, mas é claro que tudo isso foi ignorado.
Muito tempo depois, senti-me ser descida e pousar no chão, primeiro a cabeça, depois o resto do corpo. De repente, alguém deitou-se sobre mim e senti algo (uma pila, provavelmente) entrar-me na rata coberta por borracha e comer-me de forma algo furiosa, com outra pila a ser-me enfiada na boca com o mesmo vigor e rapidez. Aquelas duas pessoas usaram-me para seu proveito próprio ainda durante bastante tempo; e quando elas acabaram, fui virada de traseiro para o ar e uma terceira (ou uma das anteriores, nunca saberei) deitou-se também sobre mim mas desta vez enfiou-me a sua pila no cu – e não foi nada meigo! Berrei à medida que aquela verga ia entrando e saindo do meu rabo, mas claro que ninguém ligou; nem sei se alguém me ouvia, tendo em conta que eu mal me ouvia gritar…
Aquele martírio durou ainda bastante tempo pois depois daquela pessoa vieram mais algumas. Fui colocada de pé e “ensanduichada” entre duas pessoas que me comeram a rata e o cu, fizeram-me ajoelhar e debruçar para a frente para que me devorassem a rata e o cu ao mesmo tempo que um terceiro me violava a boca… quase perdi a conta ao que me fizeram naquele momento. Estava a ser tratada como uma boneca insuflável, sem que ninguém se preocupasse comigo: eu era apenas a coisa que estava em roda daqueles três buracos que todos aqueles desconhecidos se entretinham a martelar.
Quando fui atirada ao chão pela última vez, rezei para que me deixassem em paz; misericordiosamente, a minha prece pareceu ser atendida, pois não houve mais nenhuma pessoa a agarrar-me para me comer. Pouco depois, voltei a sentir um dedo carregar-me no ouvido esquerdo.
- Bravo, Paciente 314! Para primeiro dia não foste nada má. – ouvi a voz da Enfermeira BB enquanto se passeava pelo quarto – Claro que a partir de agora vamos ter de subir a fasquia: se no primeiro dia conseguiste aviar 15 homens, amanhã o alvo vai ter de ser os 30. E por aí fora, até te tornares uma máquina do broche, da foda e da enrabadela! E como te portaste tão bem, mereces o jantar.
Agitei-me assim que ela acabou de falar. Finalmente iam-me tirar aquela espécie de segunda pele e ia voltar a ver! Todavia, passou-se um minuto, depois outro e mais outro, sem que nada acontecesse…
- Pronto, espero que gostes de comidinha via intravenosa. A partir de agora vai ser a tua alimentação. Evita termos de te tirar o látex e ainda tem a vantagem de não gerar resíduos sólidos, o que significa que o teu cu passa apenas a servir para o prazer. Mas uma coisa que vi é que ainda não urinaste… não tens tido vontade, é? Ou tens medo de te mijares? Sem problema, é para isso que serve o cateter que te coloquei no pipi, se calhar ainda não tinhas dado por ele. Bom, deves estar cansada. Toda a dormir! – e voltei a ser tocada no ouvido, deixando de ouvir.
Escusado será dizer que não dormi nada e a única coisa que consegui fazer foi chorar.

As horas passaram-se umas a seguir às outras, assim como os dias, apesar de eu já ter perdido por completo a noção do tempo. Havia alturas que parecia que os desconhecidos faziam fila para me violarem os buracos, outras em que parecia que havia sido abandonada, e comecei a usar isso para perceber se era dia ou noite; todavia depois compreendi que aqueles intervalos eram tudo menos regulares, pois umas vezes eram extremamente longos e outras eram curtíssimos, e sempre a qualquer altura… tudo com o objectivo de me destruírem mentalmente, o que estavam a conseguir. Passei semanas a fio sem ver nem ouvir nem estabelecer contacto com ninguém, apesar de estar constantemente a ser usada como boneca sexual por incontáveis pessoas. A única coisa que mudava era a posição em que me encontrava, pois umas vezes era colocada de quatro, outras era deitada de barriga para cima, outras era ajoelhada no chão para ser triplamente penetrada em simultâneo; e ainda doutras vezes era sujeita a tortura física, sendo agredida nas nádegas com objectos do género de tábuas de madeira, ou tendo as mamas apertadas com cordas ou outras coisas, apenas dando dois exemplos. E não havia mais nenhuma interacção comigo: como a Enfermeira BB havia referido, eu era alimentada via intravenosa, nem sequer sabendo quando isso acontecia, e eu urinava para o desconhecido, via algália, não sabendo quando era mudado o saco ou arrastadeira ou o que quer que estivesse na outra ponta daquele tubo.
Perante tudo isto, não admira que eu tenha começado a sentir que ia perdendo o juízo, esquecendo-me de imensas coisas – e apenas dei por isso quando me tentei lembrar do meu nome e descobri que já não o sabia, nem o dos meus pais nem sequer da cara deles! Em todos os momentos possíveis, procurei lembrar-me de tudo o que ainda sabia a meu respeito, o que sempre ajudou a conseguir reter alguma coisa; contudo, com a passagem do tempo vi que ia conseguindo recordar cada vez menos coisas.

Um dia, acordei numa cama. A primeira coisa que notei foi que, pela primeira vez desde que havia começado a minha “reprogramação”, eu conseguia ver! Ver, ouvir, cheirar, tocar… olhei para o meu corpo e vi que estava nua, sem qualquer ponta de látex no meu corpo – mas com uma coleira de metal brilhante à roda do pescoço, dos pulsos e tornozelos. Olhei em redor e vi que estava num quarto totalmente diferente: diria que estava na casa de uma pessoa, pois aquela divisão estava mobilada como se fosse uma habitação.
Pouco depois, um homem entrou no quarto, vestindo apenas um robe branco. Parecia ser de meia-idade, com bastantes cabelos grisalhos na cabeça; todavia o seu olhar era ainda bastante jovial e observou-me de algo a baixo com um sorriso.
- Olá. – disse ele, sentando-se na cama a meu lado – Ainda bem que já acordaste. Estava a ficar preocupado que elas te tivessem metido em coma irreversível… Bem, as fotos não te fazem muita justiça, és mais bonita ao vivo.
- Obrigado… – respondi, a medo.
- Espero é que, para além do bom aspecto que tens, também tenhas um bom desempenho, pois paguei bem por ti.
- Pagou por mim…?
O recém-chegado soltou uma gargalhada.
- Não te disseram? Foste vendida como escrava sexual. E olha que, quando apareceste no leilão, houve um árabe que não parou de licitar, parecia mesmo querer juntar-te ao harém dele; mas lá o consegui bater. Agora já sabes: salvei-te de seres “mais uma” perdida por essas Arábias… é bom que te mostres agradecida e faças tudo o que eu te disser.
- Mas… escrava…? Eu…
O seu sorriso desapareceu da cara.
- Olá… querem ver que esse treino sempre não foi suficiente e ainda não estás domesticada?
Apesar de o seu tom de voz ser amigável, senti ali qualquer coisa de muito errada, como se aquelas falinhas mansas fossem apenas para disfarçar a sua verdadeira natureza. Acabei a engolir em seco.
- Não, eu… peço desculpa, meu Senhor, não contava… não contava mudar de mãos tão cedo, pensei que ia continuar a ser treinada mais tempo…
- Pois, não sei. Foi assim que foste vendida. E agora… viras-te de barriga para baixo?
Assenti.
- Sim, meu Senhor.
Assim que me coloquei na posição desejada, ele levantou-se da cama e despiu-se; quando ficou totalmente nu, deitou-se por cima de mim e encostou a sua pila aos meus lábios vaginais.
- Altura de experimentar como é a tua rata sem látex.
Aquela frase fez-me pensar que ele havia de ter sido um dos incontáveis homens que haviam usado o meu corpo durante o meu treino. Esperei que ele entrasse em mim mas ele demorou, preferindo apertar-me as coxas e enfiar a sua pila entre as minhas pernas fechadas, excitando-se com elas, masturbando-se graças a elas. Fui sentindo a sua verga crescer, até que as suas mãos me fizeram erguer um pouco o torso e ficar com a rata à mostra e vulnerável; ele tirou a pila das minhas pernas e, sem dizer palavra, enfiou-ma na rata de uma só vez, deixando-se ficar dentro de mim durante alguns instantes e só depois começando a mover-se dentro de mim, em velocidade lenta.
Tenho de ser honesta: eu, que estava à espera de ser destruída, fui surpreendida pela delicadeza com que aquele desconhecido, com que aquele que era agora o meu dono, me usou para seu prazer; não foi nada bruto, não me aleijou, e até pareceu que foi entrando e saindo de mim de maneira a que eu também fosse sentindo prazer…
- Não precisas de ter medo de mim, não sou nenhum monstro. – sussurrou ele ao meu ouvido – Obedece-me inquestionavelmente e podes ter a certeza de que te darei o Céu. – e lambeu-me o lóbulo da orelha.
Pouco depois ele veio-se dentro de mim, gemendo à medida que a sua pila me ia recheando de manhã; mas eu, apesar de até me estar a sentir de certo modo próxima do clímax, acabei por não o atingir. O meu dono não se importou, muito pelo contrário: assim que ele saiu de dentro de mim, a sua mão aproximou-se do meu clitóris e tocou nele, excitando-me até que, pela primeira vez em não sei quantos meses, eu senti que ia sentir o prazer supremo… e senti-o! Gozei-o e disfrutei-o sempre com ele a tocar-me no clitóris, a meter-me os dedos na rata, quase como se quisesse prolongar-me o prazer.

Depois de tudo o que passei no Hospital, diria que acabei por me habituar bem à minha nova vida. Vivo numa casa longe de tudo, onde nunca se vê vivalma, e faço tudo em casa, desde a lide doméstica à cozinha, e tudo sempre sem ter qualquer peça de roupa no corpo. Também nunca como à mesa com o meu dono, pois ele é fã de meter o meu prato debaixo da mesa, para que, assim que eu acabe, eu trate da “sobremesa” – de o chupar. Nunca me disse como se chamava e também nunca me deu nenhum nome: eu sou a “escrava”, ele é o “senhor”. Nunca pensei em fugir, apesar de hoje em dia a porta da rua estar destrancada: iria fugir para onde? Não sei onde é esta casa, e mesmo que soubesse, não me consigo lembrar de onde sou… por isso deixo-me ficar. E não me posso queixar muito, pois este desconhecido que me comprou acaba por ser bom para mim, trata-me bem – excepto nos seus jogos sexuais, pois aí eu tenho de sofrer e penar muito para ele se satisfazer e me achar merecedora de uma recompensa.
Pode não ser grande vida, mas é a possível.

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