quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Reavaliada

(história anterior)

Aquele dia havia começado como tantos outros. O meu marido saiu de casa de manhã para ir para o trabalho (mas não sem antes me ter dado um amasso), depois deixei os meus meninos com Helena para ir depois ao ginásio puxar pelo corpo e ao Almada Fórum às compras.
E foi precisamente quando saí do centro comercial que tudo se deu. Dirigi-me para o parque subterrâneo onde havia estacionado o carro, de mala e saco ao ombro enquanto procurava as chaves do carro, quando levantei os olhos e, não muito longe de mim, me pareceu ver duas raparigas asiáticas encostadas a uma das colunas a olharem para mim. Estaquei imediatamente enquanto tentava perceber se poderiam ser as duas capangas daquela doutora maluca e shemale que me havia raptado uns meses antes (e que quase me haviam assassinado a sangue frio, é bom não esquecer!)1; não consegui chegar a uma conclusão definitiva mas, nunca fiando, acabei por virar costas e acelerar o passo, afastando-me do carro – podia e devia ter-me metido nele e arrancado dali para fora, mas o pânico fez-me tomar uma má decisão.

Acabei por enfiar pelo descampado que se situa entre o Almada Fórum e a estação ferroviária do Pragal, tentando despistar as minhas perseguidoras (se, de facto, eram elas e estavam atrás de mim!); às vezes virava-me para trás e parecia que as via, mas outras vezes já me parecia estar sozinha. Comecei a pensar se aquilo não teria sido um ataque de paranóia: era um facto que, depois do meu rapto, eu começara a ter uma enorme desconfiança de todas as asiáticas de cabelo escuro pelos ombros, pensando que podiam ser elas…
Para quem não conhece, aquele descampado está cheio de recantos e trilhos, sendo quase um labirinto; e quando me começava a aproximar da Via Rápida da Costa da Caparica estaquei, pois o meu caminho estava barrado por uma figura saída dos meus piores pesadelos. Parecia um Exterminador – a versão metálica e mais assustadora – todo de metal platinado, com bem mais de dois metros de altura e uma largura ao consoante. Tinha, como não podia deixar de ser, uma figura humanóide e uma “cara” ameaçadora, mesmo à Exterminador. Soltei um grito de terror e virei costas, começando a correr… ou tentando: houve algo que me embateu na nuca e me fez cair no chão duro e arenoso, semi-consciente. Dei por ter sido levantada pelos pulsos como se fosse uma boneca de trapos e senti-me a ser encostada ao “corpo” daquele robot, com algo a enrolar-se à volta da minha cintura, pulsos, pescoço e tornozelos. Durante a minha captura, o robot não emitiu nenhum som. De súbito, senti que começávamos a levitar: olhei para baixo e vi que o chão estava a ficar mais longe de nós! Levantámos voo enquanto eu berrava por ajuda – se bem que não sabia como me poderiam ajudar – e depressa ficámos ao nível das nuvens; a nossa viagem foi curta, apesar de tudo, pois menos de cinco minutos depois já estávamos a perder altitude.
Aterrámos perto de um complexo de edifícios abandonados – pensei em Cacilhas, mas não havia água ao pé – e o robot dirigiu-se à entrada de um deles, ignorando por completo os meus berros de socorro. Assim que entrámos naquele lugar escuro e decrépito, fui solta do corpo daquela entidade robótica… e, enquanto os meus olhos se habituaram à escuridão do edifício, senti os meus pulsos serem envolvidos por algo comprido e frio, unindo-os e erguendo-me por eles, ficando eu pendurada. E no preciso instante que se acenderam holofotes ao redor de todo o edifício, tão fortes que me feriram a vista, o robot agarrou-me nas roupas e rasgou-mas sem que eu nada pudesse fazer para o evitar, deixando-me completamente nua. Ainda esbocei um protesto automático mas sem qualquer resultado prático, assim como foi inútil a minha tentativa de evitar que algo muito semelhante ao que me aprisionara os pulsos se enrolasse à volta das minhas coxas e tornozelos, fazendo com que as minhas pernas ficassem obrigatoriamente abertas… e a minha ratinha exposta.
À medida que os meus olhos se voltavam a adaptar à luminosidade, olhei para o robot, vendo com horror o aparecimento de uma espécie de tentáculo na zona do baixo-ventre, metalizado e que terminava em duas pontas de fibra ou plástico, sendo seguido de mais um outro tentáculo, desta feita apenas com uma ponta. Ele aproximou-se de mim e colou qualquer coisa à minha fronte, para de seguida o seu tentáculo de uma cabeça encostar-se à minha ratinha e começar a massajar-me os lábios vaginais e o clitóris: aquele toque não era nada desagradável, mas o facto de estar a ser estimulada sexualmente por uma máquina tirava-me a tesão toda. O tentáculo foi subindo pelo meu corpo, passando pelo meu mamilo esquerdo e pelo direito… e antes que eu pudesse reagir, entrou-me na boca, ao mesmo tempo que o outro de duas cabeças se jogou para o meu corpo, com uma delas a entrar-me na ratinha e a outra no meu cuzinho. Todas as pontas começaram a entrar e sair dos meus buracos, primeiro a um ritmo lento mas a aumentar gradualmente; e enquanto isso, o robot dirigiu-se a mim e, com aquelas suas “mãos” do tamanho de pás de retroescavadora, tocou-me nos mamilos novamente, agarrando neles e apertando-os entre aquelas suas garras. Soltei um grito de dor, abafado pelo corpo estranho que tinha a entrar e sair da boca.
Apesar de a situação ser tudo menos excitante, a realidade é que eu comecei a sentir-me aquecer por dentro: os estímulos proporcionados por aquela máquina estavam a levar a melhor sobre a minha mente… e comecei a gemer num misto de prazer e de impotência (por estar nas mãos daqueles robot e por, mais uma vez, a minha ratinha ter vida própria). Aqueles “tentáculos” foram acelerando a velocidade com que entravam e saíam de mim e, como está bom de ver, à medida que iam funcionando mais depressa, eu ia perdendo cada vez mais o controle. Eles pararam por algumas vezes de se mexer, ficando imóveis dentro de mim, e eu voltei a protestar mas desta vez para que voltassem a mover-se para acabarem comigo! Quando não consegui aguentar mais e o orgasmo se desencadeou, a cabeça que tinha na boca parou de se mexer e saiu de mim, deixando-me a berrar e a gritar de prazer sem impedimentos. Não viria a ser um orgasmo muito longo devido às situação em que estava envolvida, e logo depois senti-me envergonhada por ter sentido prazer graças àquela entidade robótica… e até um pouco violada.
Voltei a mim assim que ouvi uma voz familiar:
- A Ana consegue sempre surpreender-me…
Levantei o olhar e vi uma figura que eu já conhecia: a Dra. Yelena Rostovseva, a tal “doutora maluca shemale”. Envergava o seu habitual casaco branco de médica, de braços e pernas cobertos de látex preto e hood de vinil escuro por onde saía o seu cabelo moreno em rabo-de-cavalo. A sua mão acariciou-me o rosto; instintivamente fugi ao seu toque. Percebi então que o robot que abusara de mim não estava por ali.
- Porque está sempre tão arisca comigo? – lamentou-se ela – Não lhe quero fazer mal nenhum…
- O… o que vem a ser isto, Dra. Rostovseva? – balbuciei – Porque fui violada por um robot?
- Eu gostava imenso que a Ana se habituasse a tratar-me por “Yelena”… Peço desculpa, eu sei que lhe devia ter pedido autorização primeiro, mas não quis correr o risco de a Ana dizer que não. Os dados que recolhi da primeira vez que cá esteve causaram-me algumas dúvidas, por isso tive de pedir ao Arnaldo para a trazer cá e dar-lhe algum carinho de forma a voltar a registar a sua personalidade.
- “Arnaldo”?
Yelena carregou num botão e, pouco depois, voltou a aparecer aquele robot enorme e de aspecto ameaçador, estacando mesmo à minha frente.
- O Arnaldo é mais uma criação minha. Como neste momento as minhas duas ajudantes habituais estão indisponíveis, tive de recorrer a ele para a convidar a juntar-se a nós e… puxar por si.
- Erm… – mais uma vez não percebia nada da conversa daquela pessoa maluca – Yelena, agora que já tem os seus dados, pode deixar-me ir?
- Ainda não, querida Ana… – a “doutora” voltou a aproximar-se de mim, abrindo a sua bata e exibindo o seu corpo coberto de látex escuro e, como não podia deixar de ser, o seu pénis já erecto – A realidade é que os dados que recolhi hoje apenas confirmaram o que eu já suspeitava: a sua personalidade é impossível de ser replicada. Funciona a um nível que não é possível recriar sinteticamente: ainda não é possível, por exemplo, ter uma máquina a ter prazer após ser violada. É uma característica muito sua, proveniente, calculo eu, de ser descendente directa da deusa Afrodite. Por isso… não gosto de admitir isto, querida Ana, mas acabou por tornar inútil o meu trabalho destes últimos meses.
Não percebi nada da conversa dela; também não lhe pedi para me explicar.
- Todavia… como já lhe disse, a Ana fascina-me imenso e gostava mesmo muito de a ter comigo. Sei que isso não é possível devido ao facto de ser uma figura pública e de as pessoas depressa darem pela sua falta. Mas há uma alternativa.
Yelena carregou nos botões de uma consola que estava ali ao pé de nós e eu senti-me descer, ficando quase ajoelhada no chão.
- Preciso de uma amostra do seu ADN. E… peço que me desculpe mais uma vez, doce Ana, mas não consigo resistir à tentação. – enquanto falava, Yelena foi-se aproximando de mim, a passo lento, segurando no seu órgão disforme. Resignei-me ao que ia acontecer…
Fechei os olhos e abri a boca; no momento seguinte, aquela pilinha passou-me pelos lábios e eu comecei a chupá-la. Por muito que eu não quisesse fazê-lo, eu estava à sua mercê e não sabia do que ela seria capaz se eu não obedecesse ou se a aleijasse… Imediatamente comecei a ouvir os gemidos de prazer de Yelena, senti o seu pénis diminuto a aumentar mais um bocadinho de tamanho. De súbito, ela tirou-mo abruptamente da boca, dando uns passos atrás, titubeante.
- A Ana é mesmo uma deusa do sexo… dê-me só um minutinho. – virou costas e desapareceu.
Enquanto a shemale esteve ausente, eu tentei libertar-me, puxar pelas minhas amarras, puxar braços e pernas para eles se escalarem do que os prendia – tudo inútil. Só depois me lembrei que o tal robot – Arnaldo? – ainda estava por ali… mas não reagiu.
Yelena voltou à minha beira em passo acelerado, esfregando as mãos de contente.
- Pronto, – proferiu, enquanto me agarrava no cabelo – com o seu ADN, posso tratar de criar um clone seu… eu preciso de ter uma versão sua, já que não posso ter a versão original. – e voltou a encostar o seu órgão à minha boca; voltei a abri-lo e a deixar que aquela shemale demente continuasse a abusar de mim.
Procurei dar a Yelena o máximo de prazer possível para que ela me deixasse em paz quanto antes e me libertasse… mas quando eu esperava que ela se viesse nas minha boca, ela deu uns passos atrás e voltou a mexer na consola, colocando-me na posição original – e enquanto o fazia, ela foi-se masturbando. Fiquei horrorizada ao vê-la colocar um preservativo e aproximar-se de mim novamente, ficando mesmo em posição de entrar na minha ratinha desprotegida.
- Yelena, não, por favor… – supliquei.
- Eu sei, doce Ana, não gosta de sexo com preservativo… mas não a quero engravidar, sei como a sua família é muito cuidadosa com isso…
Ia para lhe dizer que o que eu não queria era que ela me comesse quando Yelena encostou-se ao meu baixo-ventre e o seu pénis entrou na minha ratinha. Ela abraçou-me com força e beijou-me na boca enquanto ia começando a investir dentro de mim; naturalmente tive de aceitar os seus carinhos. A shemale mexeu as ancas com cada vez mais velocidade, acelerando a velocidade com que eu era penetrada, e nunca chegou a tirar a sua língua da minha boca: era mais que óbvia a sofreguidão com que ela me estava a comer, quase como se eu fosse a sua salvação! Todavia, devo confessar que senti mais prazer através dos beijos e do toque de Yelena do que do seu órgão… só que, quando eu começava a duvidar que ela me viesse a fazer sentir um orgasmo, a sua mão coberta de látex tocou-me nas nádegas, com dois dedos a entrarem-me no cuzinho e a penetrarem-no furiosamente. Com todos aqueles estímulos, depressa me senti à beira do clímax e a atingi-lo, sabendo-me muito bem (como sempre) mas não sendo dos melhores que já havia sentido (de longe!). Yelena, por seu lado, estava a saborear o momento, acelerando até quase se vir e depois parando, para recomeçar logo a seguir. Quando ela atingiu o orgasmo, quase me ensurdeceu com os seus berros e gemidos, intercalados com um “Oh, Ana…”.
Assim que se acalmou, Yelena massajou-me os seios e beijou-me os mamilos enquanto saía de dentro de mim, para depois dar dois passos atrás.
- Acho que estou a ficar apaixonada por si, querida Ana. – declarou ela, enquanto tirava o preservativo do órgão e fechava a bata – É lindíssima e tem um rosto tão doce… devia ser obrigatório ter uma versão sua em casa. – enquanto falava, voltou a acariciar-me o rosto; desta vez não fugi ao seu contacto.
Yelena então agarrou-me no queixo e forçou-mo a estar aberto enquanto me encostava o preservativo à boca e despejava o seu conteúdo sobre a minha língua; estrebuchei mas sem efeito.
- Antes de a deixar, dou-lhe este presente… para saborear o que a Ana me causou, para ver no estado em que me deixa.
Assim que o preservativo ficou praticamente vazio e eu tinha engolido o seu sémen, a shemale deixou-me e virou costas, enquanto eu falava:
- Yelena… por favor, deixe-me em paz… eu… quero ir para casa… quero ver a minha família…o meu marido…
Quando Yelena voltou à minha beira, segurava uma seringa cheia com um líquido transparente.
- E vai voltar para a sua família. Como já lhe disse, não faço tenções de a manter comigo mais que o necessário, precisamente pelas pessoas que sentem a sua falta. Mas voltaremos a encontrar-nos, espero eu, quando o seu clone já estiver concluído, para confirmar que é uma réplica exacta sua.
Dito isto, espetou-me a seringa no pescoço, empurrando o êmbolo. E já nem a senti tirar-me a agulha, pois por essa altura já eu estava inconsciente.

Acordei estremunhada, reparando que estava na minha cama, e olhei para o despertador da mesa-de-cabeceira, que marcava “08:36”. Pelos meus cálculos, e pela dor de estômago que tinha, devia ter estado inconsciente mais de meio-dia. Levantei as mantas e vi que estava nua… e que tal como da outra vez, Yelena me havia deixado um plug no rabinho. Ia para o tirar… mas acabei por o deixar ficar, uma vez que até nem me estava a incomodar. E fiquei deitada, a pensar na vida – e em Yelena.



1- ver "A cobaia da Doutora Rostovseva"

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