segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Na carrinha

 

Nos arrabaldes de Paris havia um bosque que era atravessado por uma estrada de alcatrão mal-amanhado e que ia ter a uma zona industrial. Era um dos segredos mais mal guardados que esse bosque, e em especial as bermas dessa estrada, era bastante procurado por quem pretendia sexo fácil, uma vez que ao longo da tira de alcatrão era normal encontrar-se mulheres, dos mais variados tipos, cores e idades, sentadas à espera de quem as quisesse “ocupar”.

No terceiro domingo de cada mês, uma Toyota HiAce bege, do tipo comercial, apenas com lugares e janelas à frente, parava na berma dessa estrada e a condutora, uma mulher loira e de porte imperial, ficava sentada no lugar do condutor, agarrada ao telemóvel, esperando a chegada de algum cliente. E à medida que os meses passavam, aquela Toyota atraía algum movimento, com diversos homens a entrarem pela porta traseira à vez, saindo de lá pouco depois saciados e entregando à loira um molho de notas.

Uma certa tarde, em que calhou o calendário assinalar que era o terceiro domingo daquele mês, depois de almoço, as mulheres que estavam à beira da estrada esperando por clientes lá viram passar a Toyota HiAce, com a mesma loira de sempre atrás do volante. Assim que a condutora encontrou um espaço livre, saiu da estrada e parou no local desejado, desligando o motor e iniciando a sua tarde de espera.

Não teve de esperar muito. Um Mercedes moderno encostou junto à carrinha e o condutor, um homem moreno, de fato e gravata, apeou-se e dirigiu-se à condutora, batendo cortesmente à janela, que foi prontamente aberta.

- Boa tarde. Maîtresse Amélia Karabastos? – perguntou o homem.

- Boa tarde. Sou Eu mesma. – foi a resposta, com a loira a olhar o homem por cima dos seus óculos escuros.

- Tenho marcação para agora às 14h30 com a…

- Ah, com certeza. – ela abriu a porta e saiu da carrinha. Vestia um casaco de cabedal preto e uma camisola da mesma cor, umas calças também de cabedal castanhas e umas botas pretas, de salto-agulha pelos joelhos.

- Como se processa a coisa? – perguntou o homem, algo inseguro.

- Da forma mais simples, Meu caro. Paga pelo tipo de trato e pelos utensílios que quiser utilizar, assim que passar o tempo sai da carrinha e regressa à sua vida. – olhou para o telemóvel – Ora a sua marcação refere o tratamento completo. São 800 euros, pagos antecipadamente. Como já tive alguns dissabores, agora só usufruem da rapariga assim que pagarem.

- Não tem problema nenhum. – ele abriu a carteira e começou a contar notas de 50 euros até perfazerem o total estipulado, após o qual entregou o molho de notas a Amélia – Pode conferir, se desejar.

Ela esteve a contar as notas e, assim que chegou ao final, colocou-as no decote e foi buscar uma chave ao porta-luvas da carrinha, que de seguida entregou ao homem.

- Aqui tem. Desfrute à vontade.

- A Maîtresse não vai assistir? – interrogou ele assim que colocou a chave na fechadura e a girou.

- Não, não… já vi demasiadas vezes esse filme, torna-se deveras repetitivo. – e Amélia voltou para a cabine da carrinha e abriu a porta, enquanto o estranho abria a porta de trás, ignorando que havia micro-câmaras instaladas na traseira e que a matrona tinha acesso a elas através do seu smartphone.

A visão que lhe surgiu fê-lo logo sentir o sangue acorrer-lhe em força para o pénis: à sua frente, a parte de carga da carrinha estava completamente isolada da cabine; e nesta, encontrava-se uma rapariga, de cabelo escuro e liso pela cintura, entre os 30 e os 40 anos de idade, totalmente nua. Os seus pulsos estavam presos às pontas de uma vara de fibra, que por sua vez estava ligada à parte de trás da cabine por um cabo de aço; a mesma coisa acontecia aos tornozelos, pelo que a rapariga era obrigada a estar de mãos e pés abertos em permanência. A rapariga tinha uma mordaça de feitio estranho na boca: tratava-se de uma peça de borracha, presa à volta da cabeça por tiras de cabedal, com o formato de lábios, que lhe mantinha a boca aberta e lhe cobria os dentes de maneira que qualquer coisa lhe pudesse entrar livremente na boca – e tinha ainda a consequência de a fazer babar-se incessantemente, havendo já imensas gotas de saliva a escorrerem-lhe pelos seios descobertos e pela pele dourada. O seu pescoço estava envolto por uma coleira de cabedal cheia de argolas, a uma das quais estava presa uma trela de metal comprida, enquanto entre duas argolas estava cravada uma chapa onde se podia ler “Ângela K. Propriedade de Maîtresse Amélia”. No chão, perto de onde Ângela estava presa, estava um pequeno cesto cheio de pacotes de preservativos por utilizar, e ao pé deste estavam chicotes, chibatas, molas de roupa e outros utensílios para serem usados na cativa.

O homem entrou na parte de trás da carrinha e fechou a porta, começando a despir-se e a pendurar as suas roupas nos ganchos que haviam sido colocados para esse efeito nas paredes da carrinha. Assim que ficou totalmente nu, aproximou-se de Ângela e quedou-se a olhar para ela, a admirar-lhe as curvas, a deliciar-se com o seu olhar aterrorizado. Olhou para a chapa da coleira e sorriu.

- Ângela, hein? Prazer em conhecer-te.

De súbito, o estranho deu-lhe uma chapada com força na cara, agarrando-lhe de seguida no cabelo com força e obrigando-a a olhar para ele.

- Vou adorar este tempo que vamos passar juntos. – e cuspiu-lhe na cara, na zona da boca.

Ele fê-la dar uns passos em frente, para de seguida a fazer dar uma volta sobre si própria e ficar de costas viradas para ele – o cabo de aço que a mantinha segura à carrinha tinha comprimento para isso. A visão daquelas costas de pele de ouro, com uma flor-de-lis tatuada na omoplata esquerda, e das nádegas formosas e firmes, deixou-o ainda mais erecto.

- Vales cada euro… – sussurrou ele, pegando num chicote de cabedal com tiras do mesmo material.

Tocou nas costas de Ângela com a ponta do cabo do chicote e divertiu-se ao ver os arrepios na pele que emanavam daquela zona; fingiu fazer desenhos naquele quadro alvo que tinha à sua frente. De súbito, deu uma volta ao chicote e desferiu-lhe uma pancada com força na omoplata direita, à qual Ângela respondeu com um grito de dor. Mais outra chicotada, desta feita na omoplata esquerda; todavia desta vez a rapariga não gritou, pois já a esperava. Aquela sequência de chicotadas durou quase uns cinco minutos, durante os quais o dourado da pele das costas de Ângela deu lugar a uma cor mais rubra. O estranho passou então a fustigar as nádegas desprotegidas com o chicote, batendo nelas de maneira a deixá-las com a mesma cor rubra das costas. Ângela aguentou estoicamente a maior parte dos golpes, havendo um ou outro que a fazia soltar um gemido.

Quando o homem decidiu parar as chicotadas, colocou o cabo do chicote entre as nádegas da rapariga; a sua mão depois desceu pelo rego e sentiu o plug com jóia que Ângela tinha enfiado no rabo. Sorrindo, agarrou naquele objecto e provocou-a, mexendo nele e fazendo-o entrar e sair dela milimetricamente.

- Hmm… será que tens campo para te ajoelhares, cadela? – perguntou o homem, agarrando em Ângela pelos ombros e fazendo-a dar nova volta, ficando de frente para ele.

O seu acto seguinte foi fazer força para baixo com as mãos, tentando fazer com que Ângela se ajoelhasse à sua frente; felizmente, o cabo de aço que segurava a barra onde estavam presas as mãos dela tinha comprimento suficiente para essa manobra, pelo que não demorou até a rapariga ficar frente a frente com o baixo-ventre daquele estranho.

- Bom, já que aqui estamos… – começou ele.

Deu dois passos em frente e fez com que a ponta do seu órgão passasse pelo buraco da mordaça de Ângela; a sua mão direita agarrou-lhe no cabelo enquanto a esquerda se precipitou para a trela que lhe pendia da coleira. Passou a abanar o seu baixo-ventre, fazendo com que o seu pénis fosse entrando e saindo daquele buraco; subitamente soltou um ronco de prazer ao sentir a língua de Ângela a encostar-se-lhe ao órgão, estimulando-o ainda mais, levando-o ainda mais à loucura.

- Foda-se… espera que já vês… – rosnou ele.

Deu um passo atrás, saindo da boca de Ângela, forçou-a a levantar-se e a virar-se novamente de costas para ele: mantinha ainda o chicote entalado entre as nádegas. Ele retirou-o dali ao mesmo tempo que ia buscar um preservativo ao cesto e o colocava no seu pénis pulsante.

- Olha como me deixaste, puta de merda! Agora vais levar com ele!

Agarrou Ângela pela cintura e fê-la ficar debruçada para a frente, de cu espetado na direcção da sua pila erecta; e sem perder tempo e sempre a agarrar na rapariga pelos quadris, encostou o seu baixo-ventre ao dela e enfiou aquele músculo pulsante na vulva encharcada e vulnerável da cativa; e Ângela levantou a cabeça e soltou um grito ao ver-se empalada.

- Foda-se, olha para ti… tão apertadinha que estás… – enquanto falava, o homem ia penetrando furiosamente a vagina que tinha à sua mercê – Até parece que nunca fodeste, ou que tens dado pouco uso a essa coisa… que mimo! Vales bem cada euro, filha da puta, que és cara mas és boa! Toma! Toma! Toma!

Ângela também se sentia afectada pelas acções do cliente, mas o estar presa de mãos e pés abertos numa posição pouco confortável tirava-lhe alguma da pica causada pelo efeito do martelar daquela pila… Mesmo assim ela sentia os seus fluidos escorrerem-lhe às pernas abaixo.

- Ohhhhh…

Com uma última stickada, o cliente apertou-se todo contra Ângela e a sua vulva, finalmente atingindo o orgasmo e disparando a sua semente para dentro da cobertura de látex que lhe envolvia o pénis.

- Não fosse por ser casado, emprenhava-te já, puta… foda-se, que sonho de cona! Não sei onde a Maîtresse te desencantou, mas abençoada mãe que pariu uma puta assim!

E enquanto o orgasmo dele continuava, Ângela pensava nas palavras do homem e recordava o trato que havia feito com a irmã Amélia meses antes: em troca de estadia e usufruto dos escravos da irmã, ela havia aceitado prostituir-se um dia por mês, naquele local e daquela maneira, quase à laia de “submissa profissional” – tudo ideia da própria Ângela, também ela desejosa de se sentir nas mãos de desconhecidos e fazer tudo o que eles quisessem.

O homem deu dois passos atrás assim que o seu orgasmo cessou; então soaram duas fortes pancadas vindas da cabine da carrinha:

- Acabou o tempo! Toca a despachar e a sair! – ouviu-se a voz de Amélia.

Ele lambeu os lábios.

- Que grande foda… foda-se, acho que vou passar a vir cá todas as vezes que cá estejas! – sorriu ele, enquanto tirava o preservativo, dava-lhe um nó na boca e o atirava para outra cesta perto da porta de saída, para o lixo. Depois foi o vestir e o ajeitar das roupas, voltando a ajeitar a gravata de forma a ficar no ponto. Só depois é que ele apertou um gatilho da porta e esta se abriu para cima, saltando para o chão e fechando a porta à chave, deixando tudo tal como encontrara.

Cá fora, Amélia esperava-o, recebendo a chave da porta traseira avidamente: acabara de receber mais um envelope de dinheiro de outro cliente e estava a contá-lo para conferir que estava tudo certo. Assim que terminou a tarefa, sorriu para o novo cliente e entregou-lhe a chave. Era um homem mais velho, talvez à volta dos 60 anos, com um bigode ridículo e alguns dentes em falta na boca.

- Bom, pode já tomar o seu lugar, que o relógio não pára! – disse-lhe Amélia, desta feita guardando o envelope na sua mala. Assim que aquele lhe obedeceu, subindo para a parte de trás e sorrindo para Ângela como um lobo no meio dum rebanho de ovelhas, Amélia entabulou conversa com o primeiro cliente da tarde.

- E então, que tal achou a miúda?

- Divinal, Maîtresse! Um portento! Uma rata bem fechadinha e uma boca bem docinha… acho que para o mês volto cá!

- Nós cá estaremos para o receber, Meu caro. E agora adeus.

- Au revoir, Madame. – disse, beijando-lhe a mão.

E enquanto virava costas e regressava ao seu Mercedes para abandonar o local, Amélia voltou a dirigir-se para a cabine da carrinha, enquanto os gemidos de Ângela se tornavam a fazer ouvir.

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