quinta-feira, 13 de maio de 2010

A gata

Tudo estava estudado até à exaustão: a planta do banco, as rotações dos guardas, as horas em que, previsivelmente, haveria mais dinheiro em caixa, tudo. Escolhido o dia para levar a cabo o roubo, foi só esperar.
E o assalto correu às mil maravilhas: entrei no banco, sabendo de cor onde estavam as câmaras, e inutilizei-as com um tiro em cada uma. Apontei de seguida a arma a um dos funcionários, ameacei que o matava se ele não me desse todo o dinheiro da caixa, mantive os restantes (poucos) clientes sob vigilância, e, assim que os sacos ficaram cheios de notas, peguei neles e saí da instituição bancária. No total, devo ter demorado uns dois minutos. Corri para o meu carro, meti-me dentro dele e fugi dali, antes que os carros da Polícia chegassem.
Depois de ter passado os limites da cidade, não resisti a dar uma gargalhada e removi a máscara. Tudo corria sobre rodas, até bem melhor do que eu havia planeado. Liguei o rádio para tentar ouvir as notícias e saber o que a Polícia poderia já saber sobre o “ladrão”…
…e quando voltei a olhar para a estrada, estava um gato no meio da faixa de rodagem.
Instintivamente, dei uma guinada no volante para o tentar evitar, saí da estrada e fui embater contra uma árvore com um estrondo ensurdecedor; o airbag rebentou-me na cara, quase me sufocando.
Abri a porta do carro e saí, agarrado ao peito – o cinto de segurança magoara-me, com a força que fez para me agarrar ao banco. Olhei para a estrada, em busca do gato… mas não o vi.
- Filho da puta!! – gritei.
Subitamente, ouvi uma voz por detrás de mim.
- Isso não são modos de falares dos meus meninos… – e admirei-me, porque a voz era feminina – e algo sensual.
Voltei-me para trás, para a árvore, e vi uma mancha escura encoberta pela folhagem. Parecia estar poisada em cima dum dos ramos mais fortes. Então, essa mancha desceu da árvore, com um salto mortal, ficando à minha frente…
A mulher que estava à minha frente estava coberta por vinil dos pés à cabeça. O seu fato aparentava ter sido cosido de inúmeras partes, mas o resultado final revelava e acentuava as suas curvas lascivas. No seu gorro, haviam sido acrescentadas duas pregas que se assemelhavam a orelhas de gato, e o seu olhar felino olhava-me de alto a baixo. Tinha um cinto de metal, onde se encontrava preso um chicote de cabedal enrolado.
Estremeci, lembrando-me dos rumores que havia ouvido: aquela só podia ser a Catwoman, uma das mais estranhas personagens a aparecer nos últimos tempos – uma espécie de justiceira, a tentar corrigir as injustiças do mundo – e, especialmente, a tentar travar as injustiças contra mulheres. Dizia-se que ela era bastante instável…
- E então, não dizes nada? – ela continuou – A gata comeu-te a língua?
E, na verdade, eu não conseguia dizer palavra – estava a tentar descobrir uma maneira de me livrar daquela situação. Não sabia bem o quão perigosa podia ser aquela adversária, mas o meu sexto sentido avisava-me que não seria pêra doce.
- Escuta… – disse, finalmente – eu sou alguém inofensivo, e estou com alguma pressa de sair do estado. Eu tenho ali um saco com algum dinheiro, tu ficas com metade e deixas-me ir embora em paz… pode ser?
Pareceu-me ver um lampejar no seu olhar.
- Dinheiro…? Hmm… – o seu olhar caiu sobre um gato preto que estava perto da sua perna – Ena, Miss Kitty, eu diria que este senhor é o que acabou de roubar o Banco Central…
Naquela altura, vi-a distraída, e fui dominado pelo instinto; senti que me tinha de livrar dela. Num ápice, a minha mão agarrou a pistola que trazia enfiada nas calças… e, no momento em que começava a apontá-la na direcção daquela aberração, já o seu chicote se enrolava no meu braço; com um grito de dor, abri a mão, e deixei o revólver cair no chão.
- Tsc, tsc, tsc… não é assim tão fácil dares cabo desta gata. O que dizes, Miss Kitty, levamo-lo para casa? – e voltou a olhar para a gatinha que estava sentada à sua beira, como se nada fosse.
A gata deu um miado.
- Bom, também concordo. – e começou a aproximar-se de mim, enquanto eu comecei a sentir os cabelos da nuca a levantarem-se.
A partir daí, não me recordo de mais nada.

Quando recuperei a consciência, estava num espaço apertadíssimo – uma espécie de jaula, aparentemente. Agarrei as grades e tentei forçá-las, mas nada – eram demasiado fortes. E então constatei outra coisa: que a minha mão estava diferente: possuía pêlo preto e unhas grandes… gritei, horrorizado, mas a única coisa que ouvi foi um miado abafado. Apalpei a zona da cabeça, e senti que tinha uma espécie de capacete colocado.
Então, ouvi o som das botas de Catwoman a ressoarem no chão, e então, ela apareceu no meu campo de visão.
- Ora bom dia, minha gatinha!! – abriu uma das portas da jaula, agarrando numa corrente que estava presa a algo no meu pescoço; puxou-a, e fez-me sair, gatinhando, de dentro da jaula – Bem-vinda ao meu espaço de brincadeira!
Era um lugar lúgubre e escuro, com muitas correntes à vista. Dir-se-ia mesmo uma espécie de masmorra… havia jaulas como a minha, espalhadas um pouco por todo o lado, algumas penduradas ao tecto, outras mais estreitas ou mais baixas; viam-se, aqui e ali, algumas cadeiras com algemas, chicotes, camisas-de-forças…
Olhei para a mulher vestida de vinil que estava à minha frente e me segurava pela “trela”. Tentei perguntar-lhe o que havia ela feito, mas, mais uma vez, só saiu um miado aflitivo.
- Ah, minha querida… realmente, o fato que fiz para ti fica-te a matar. – pareceu sorrir – Arranjei-te um belíssimo catsuit de veludo, com unhas incluídas – mas, claro, daquelas que não magoam – e uma máscara que se assemelha à cabeça de um gato… e que te faz falar como um manso gatinho. Está já preparada para te alimentares, portanto não vai ser preciso retirar-ta quando for horas da refeição.
Enquanto falava, puxava pela corrente presa ao meu pescoço, até me fazer deitar numa cama – ou num cavalo – estreita. Prendeu os meus pulsos às algemas que possuía de lado, e de seguida colocou-se à minha frente. Acariciou a minha cabeça felina, e deu uma gargalhada:
- Fica-te mesmo bem, minha gatinha… Agora, altura de copular contigo.
Ainda não havia percebido porque me apelidava ela de “gatinha”… e creio que terá sido por aquela altura que vi o gigantesco falo preso ao seu baixo-ventre. A tremer de medo, vi-a a desaparecer do meu ângulo de visão, e senti as suas mãos – com as suas garras a tocarem-me na pele – a agarrarem-me pela cintura.
- Ronrona para mim, minha bichinha…
A dor que senti no meu ânus foi imensa, e gritei de dor – mas da minha boca (ou focinho) apenas saiu um ronronar, à medida que era penetrado pelo dildo daquela megera. Ela sorriu, deu uma gargalhada e continuou a furar-me a seu bel-prazer.
- Vais ser o meu animalzinho de estimação mais querido, minha bichaninha… Miau. – e passou-me a língua pela espinha, voltando a penetrar-me fortemente.

1 comentário:

  1. Miiiiiaaaaauuuu :P Mais uma versão diferente e interessante de BDSM. Parabéns Querido ;)

    ResponderEliminar