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terça-feira, 2 de maio de 2023

A mulher de negro

 

Jéssica estava pior que estragada. Depois de se apear do comboio, pusera-se a fazer “stories” e a partilhá-las nas redes sociais… e quando deu por isso, o autocarro que iria fazer a ligação até ao recinto do Sudoeste já estava a arrancar, com ela a correr infrutiferamente ainda uns metros para o apanhar. Fula, voltou às “stories” para relatar a todo o mundo o que lhe havia acabado de suceder.

Os últimos doze meses haviam sido um autêntico martírio para Jéssica. Acabada de fazer 18 anos, fora obrigada a repetir a disciplina de Matemática A por causa da cabra da professora que não lhe deu nota suficiente para passar à primeira. Enquanto ia tendo aulas, inscreveu-se para trabalhar na reposição de um supermercado, e ia balançando tudo isto com a vida social e afectiva, saltando de namorado em namorado porque, devido ao cansaço das aulas e trabalho, a jovem acabava por não ter cabeça para aturar ninguém. Prometera a si mesma que, se conseguisse limpar daquela vez o 12º ano, ia ao Festival do Sudoeste. Nunca pudera ir, os pais nunca lho autorizaram, mas daquela vez ela tinha a dica de “não me podem obrigar a ficar em casa, eu tenho 18 anos” já preparada – apesar de não ter sido necessário, pois a mãe, ao ver a filha extenuada com o trabalho e os estudos, fora a primeira a dizer-lhe para tirar umas boas férias, “que as merecera”. E ali estava ela, no meio do Alentejo profundo, sem saber para onde se dirigir.

Voltou ao telemóvel e abriu a app da Uber… apenas para ver a mensagem de que aquela zona ainda não era coberta pelo serviço. Ficou a olhar estupefacta para o telemóvel, tirou um “printscreen” e partilhou-o nas redes sociais, a perguntar como era possível aquilo num país tão avançado como Portugal. Olhou em volta da estação: havia meia-dúzia de casas, umas fechadas e outras abandonadas. Não se via ninguém por ali. Sem qualquer outro remédio, Jéssica agarrou no trolley onde estava a tenda e as roupas para os dias de festival e começou a andar estrada fora, à procura de um rumo.

A estrada de alcatrão que começava mesmo à beira da estação terminava umas centenas de metros mais à frente numa outra, com placas a indicar “Odemira” e “Luzianes” para a esquerda e “Portimão” e “Monchique” para a direita. Tudo nomes desconhecidos para Jéssica, pelo que voltou ao telemóvel e abriu o Google Maps, para tentar ver para onde seguir e quanto teria ainda que andar… e o resultado deixou-a de boca aberta:

- SETE HORAS?! Não acredito… tirem-me deste filme! Foda-se, estou perdida no fim do mundo!

Sem outra alternativa, começou a andar.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Vanessa

(história anterior)

Era inevitável: tornei-me viciada nos meus encontros sexuais com o Vasco. Sabia tão bem ter aquele menino totalmente sob o meu controlo, fazer dele o que eu quisesse. Fiquei tão vidrada que eu já pensava nisso a todas as horas, no que lhe fazer quando voltássemos a estar juntos, e muitas vezes dei por mim a pesquisar a Internet em busca de inspiração e de coisas que pudesse utilizar nele. E nem o aparecimento de Miguel alterou isso: o Vasco era o meu predilecto, o que eu preferia ter a meu lado e aquele que eu adorava muito mais corromper. E até o comecei a fazer no trabalho…

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Como morto

(história anterior)

O Dia das Bruxas passou-se e, contra todas as minhas expectativas, Ana não preparou nada de especial. Normalmente por esses dias ela dá asas à imaginação e, sozinha ou acompanhada de Andreia, faz qualquer coisa de picante vestida de vampira, ou bruxa, ou algo do estilo. Todavia neste ano a minha esposa não teve ideia nenhuma. Era um facto que ela agora passava mais tempo no papel de mãe, querendo dar toda a atenção e tempo disponíveis aos nossos filhos. Eu percebia que o facto de Ana ter perdido os pais muito cedo teria um enorme peso nesse seu comportamento, por isso nunca a julguei nem me aproveitei disso: os meus tempos livres extra-futebol eram passados ao lado dela, com os nossos meninos, em casa ou passeando, ou visitando os nossos familiares. Obviamente ainda tínhamos sexo mas não tanto como dantes, e com menos aspectos kinky.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

As duas cunhadas

(história anterior)

Estrebuchei pela n-ésima vez, tentando libertar-me, pela n-ésima vez os meus esforços foram gorados. Desde que eu fora visitado pela “Mãe Natal”, havia-me deixado dormir e acordei num local diferente – dava ideia que Ana (e as irmãs, possivelmente) me havia passado para a sala de torturas da nossa cave. Continuava nu mas, desta feita, preso a uma marquesa, de pernas abertas.
Suspirei. Eu já tinha percebido que as quatro manas Karabastos tinham optado por dedicar os restos daquela quadra natalícia a explorar a sua sexualidade comigo como “vítima”, mas achava que elas estavam a levar aquilo um bocadinho longe demais. Depois de ter tido uma Mãe Natal francesa a saciar-se comigo (e vice-versa!), percebi, pela sua conversa, que as suas irmãs também queriam aproveitar-se de mim. E ali estávamos, portanto.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Submissão eterna

Já não me recordava da última vez que conseguira descansar bem e sem interrupções. Desde algum tempo antes, não houve uma noite em que eu não tivesse pesadelos, daqueles que nos fazem acordar a meio da madrugada com suores frios e o coração a bater desenfreado no peito. 
Todas as noites o pesadelo começava da mesma forma: com uma ida a um cemitério. Eu deslocava-me até lá como um autómato, sem controlo sobre as minhas acções, e era atraído até um mausoléu decrépito, cuja porta se abria à minha chegada, convidando-me a entrar. Eu entrava e, logo a seguir, a porta fechava-se, selando-me dentro daquele túmulo. Havia um caixão lá dentro, que se abria e do qual saía uma mulher de cabelo negro e roxo, que então me olhava nos olhos e me fazia perder por completo a pouca força de vontade que ainda me restava. E, a partir daí, o que acontecia variava: ou ela me mordia no pescoço, banqueteando-se com o meu sangue, ou me mordia na garganta, quase me arrancando a traqueia, ou então fazia-me deitar ao lado da bancada onde o seu caixão estava e, com um cutelo, começava a desmembrar-me, espalhando sangue por toda a parte. E, sempre que eu acordava, parecia-me que o meu quarto estava envolvido por uma névoa esquisita. Todavia, sempre julguei que fosse uma ilusão de óptica causada pela falta das lentes de contacto.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Uma noite de sexo

(história anterior)

- De joelhos.
De bom grado obedeci a Andreia. Afinal de contas, umas semanas antes eu não tinha grandes prognósticos de estar viva, por causa do meu súbito problema no fígado. Todavia, acabei por vencer as probabilidades baixas de sobrevivência que me tinham dado e acabei por superar o transplante. Mas o período de convalescença foi longo e, por causa disso, eu e Carlos não tivemos grande vontade nem tempo para as nossas noites de sexo e fantasias: a época futebolística estava a terminar, com muitos troféus ainda em disputa, e o Desportivo estava na luta para os ganhar todos novamente; por causa da minha recuperação, tive de estar algum tempo quieta, a descansar, o que me obrigou a cancelar muitas sessões fotográficas que tinha agendadas; e Andreia estava entretida a transformar a sua namorada lésbica, Ellen, numa cabra submissa. Então, quase três meses depois da minha operação, ambas as raparigas apareceram em nossa casa e foi o regresso ao passado, comigo a ajoelhar-me defronte da minha irmã e do meu marido. Desta vez, todavia, eu não estava sozinha: Ellen estava a meu lado, ajoelhando também, com uma coleira idêntica à minha em redor do pescoço. Ambas olhávamos para o chão, com os nossos pulsos atados atrás das costas e cada uma com um plug enfiado no nosso rabo. A única coisa que vestíamos era um par de sapatos pretos de salto alto e umas tanguinhas justas. Não tínhamos nada na boca, mas mesmo assim permanecíamos caladas.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Apanhada sozinha

(história anterior)

Estava completamente sozinha em casa. Márcia havia ligado antes de jantar, avisando que ia fazer horas extra e não sabia a que horas iria chegar a casa. Assim, fui até à cozinha e aqueci qualquer coisa no micro-ondas. Lá fora estava a chover copiosamente, um tempo tenebroso. Sentei-me no sofá a ver o que passava na TV, mas a tentar não adormecer.
Então uma ideia atravessou-me a mente. Eu estava sozinha em casa, era ainda demasiado cedo para me ir deitar… porque não divertir-me um bocadinho a solo? Sabia que Márcia, se descobrisse, ficaria chateada… mas eu estava tão aborrecida, tão entediada – e talvez esperasse que ela, de facto, me descobrisse – que acabei por subir os degraus para o quarto.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A soldado e a aberração

1941. A Alemanha nazi não olhava a meios para atingir o seu fim de conquistar a Europa. Por sugestão de Himmler, havia sido criada a Elitewache (Guarda de Elite), um ramo especial das SS, apenas constituído por mulheres – mulheres essas que foram treinadas em toda a espécie de armas, tornando-se autênticas máquinas de matar. Durante meses, a EliteWache foi um espinho cravado nos Aliados, fazendo parte da blitzkrieg alemã e ajudando, por exemplo, na conquista da Grécia e da Jugoslávia.
Else Becker fechou a janela e passeou-se pelo quarto onde estava alojada, nua. A natureza havia-a dotado dum corpo escultural, com um busto preenchido sem ser em demasia, dumas ancas roliças e que terminava num par de pernas longas. Parou defronte dum espelho e pavoneou-se diante dele, admirando-se.