segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A intrusa

(história anterior)

Assim que entrei no túnel e fiquei fora da visão de toda a gente, dei uma palmada na minha testa e deixei a palma da minha mão descer-me pela cara abaixo (a célebre facepalm). As coisas não estavam a correr bem naquele dia com o treino. Talvez tivesse sido os reflexos do empate do Desportivo na jornada anterior, mas senti que as coisas andavam tensas entre nós todos, entre equipa técnica, jogadores e direcção. Talvez eu tivesse tido algumas culpas no cartório no que aquele mal-estar dizia respeito; só que, quando o campeonato já começou e a direcção do clube decide vender dois dos titulares da equipa e me obrigam a – não há melhor forma de o dizer – desenmerdar-me de qualquer maneira, é um bocado normal que eu acabe por explodir e mandar vir com os responsáveis pela situação. E como os jogadores e restante equipa técnica também não são parvos e percebem quando há energias negativas no ar…

 
Resumindo e concluindo: o trabalho daquela manhã fora uma autêntica banhada. Fizemos um jogo-treino contra a equipa B e acabámos por perder bem, as minhas ideias para o jogo da jornada seguinte não estavam a ser interiorizadas pela malta e notava-se aqui e ali a ausência daquela boa disposição que costuma reinar entre os jogadores.
Vendo que aquilo estava a ser uma perda de tempo, entreguei os jogadores aos meus adjuntos para tratarem da parte física, enquanto eu me retirava para pensar numa solução para aquela situação. Fui avançando pelo túnel que ligava o relvado aos balneários, onde sabia que, numa caixinha escondida dos olhares alheios, estava algo que me poderia dar algum alívio: uma caixa cheia de Vicodin. Eu tinha de os tomar por causa do meu tornozelo destruído, mas quando as coisas não correm bem até parecia que a eterna dor que tenho naquela área se intensifica mais… e a minha mulher e a minha cunhada fazem bastante empenho de me tentar impedir de abusar das doses. Por isso eu tenho esconderijos, para poder combater os dias maus…
Com o molho de chaves que tinha no bolso, abri a porta que dava para os balneários e passei por ela, fechando-a atrás de mim e dirigindo-me ao local onde eu sabia que estava uma caixinha cheia de comprimidinhos maravilhosos para combater as minhas dores. Avancei sempre apoiado na minha bengala até chegar a um dos meus esconderijos, o quadro negro pendurado na parede onde costumo desenhar a táctica antes dos jogos, que por trás tinha um buraco largo o suficiente para esconder uma das minhas caixinhas.
Foi então que me apercebi da presença de outra pessoa naquele balneário, na zona dos duches. Coxeando, fui avançando naquela direcção.
- Quem está aí? – perguntei, preparando-me para o que desse e viesse.
Como resposta, ouvi uma gargalhada feminina. Franzi o sobrolho e continuei a coxear. Assim que cheguei à zona onde os jogadores costumavam tomar banho, o meu nariz foi inundado por um perfume irresistível a morangos enquanto eu estacava ao deparar-me com uma mulher, que me olhava com um sorriso sedutor nos lábios. Depois do choque que foi descobrir que estava ali uma intrusa, olhei melhor para ela e vi que aquela intrusa não era uma desconhecida – afinal de contas, eu e ela estávamos casados.
Tratava-se efectivamente de Ana, a minha adorada esposa e mãe do meu filho, com muita pouca roupa no corpo e muito justinha e curta. Trazia um top preto que mais parecia um simples soutien e uns mini-calções (com ênfase no mini) pretos a imitar ganga; havia calçado umas sandálias de salto bem alto com tiras de cabedal enroladas à volta da perna até ao joelho. Toda a pele do seu corpo parecia brilhar à luz das luzes do balneário, devia ter passado óleo pelo corpo, apesar de não saber o motivo.
- Bom dia, mon amour. – cumprimentou-me ela com uma enorme pronúncia francesa, sempre com aquele sorriso nos lábios.
- Querida… que fazes aqui? – respondi, não querendo acreditar nos meus olhos. Contava-se pelos dedos de uma mão as vezes que ela havia entrado ali em toda os anos da nossa relação.
- Eu tive um pressentimento, chéri. Tive um feeling que tu te estavas a sentir mal e que precisavas de ajuda para conseguir reequilibrar o teu ânimo. Por isso… aqui estou.
Fiquei sem reacção. Tudo bem que ela e a sua família tinham (ou diziam que tinham) alguns poderes esquisitos, mas… Ana deu uns passos na minha direcção até ficar encostada a mim, para depois colocar os seus braços à roda do meu pescoço (com aqueles saltos, ela ficava bem mais alta que eu) e colocar os seus lábios sobre os meus.
A minha primeira reacção foi deixar cair a bengala no chão, para depois meter os meus braços à roda da sua cintura e abraçá-la com força, sentindo a camada oleosa que a cobria. Depois respondi ao seu beijo, colocando a língua na sua boca, enrolando-a na dela, devolvendo-lhe o amor, a paixão que eu senti naquele momento. Ana fez-nos dar umas passadas atrás, connosco a sairmos da área dos duches e a regressarmos aos balneários. Queria ver se estava ali alguém, mas a voracidade com que Ana me estava beijar não me deixou olhar em redor. Então, ela colocou-me as mãos no peito e afastou-me dela, comigo a sentir uma dor no tornozelo quando dei o passo atrás.
- Pardonne-moi, chéri… – sussurrou ela ao ver a minha careta de dor; logo a seguir, ela ajoelhou-se à minha frente.
Para variar um bocadinho, assim que senti as suas mãos a mexerem-me nas calças e no cinto, a desapertarem tudo e a baixar todas as peças de roupa que cobriam o meu baixo-ventre, a única reacção que tive foi olhar finalmente à minha volta, vendo que não estava ali ninguém que nos visse. Todavia, podiam regressar a qualquer instante…
- Amor, olha os outros… a malta pode vir a qualquer momento… - murmurei, enquanto Ana me baixava os boxers e me agarrou no pénis.
- Oh, ces connards peuvent s’faire enculer chez les Grecs!1 – gritou ela, irada, antes de abrir a boca e meter o meu órgão nela.
A partir daquele momento, deixei de querer saber dos jogadores, de quem pudesse vir… Assim que Ana começou a fazer a magia do costume com a sua boca maravilhosa, deixei de me importar com o resto. Ela fez a minha pila passar na totalidade pelos seus lábios, tendo a ponta da língua encostada a ela e rodando a cabeça à medida que ela se mexia para a frente e para trás. Mordi os lábios e fechei os olhos por um momento ao sentir o que Ana me fazia, o que ela era tão boa a fazer, depois olhei para baixo, vendo a sua cara safada e os seus olhos negros cravados nos meus enquanto ela continuava na sua tarefa de me dar prazer oral. Porque será que eu adorava ver a minha esposa a chupar-me a pila?
Então ela fez-me sair da sua boca e, sempre sem desviar o olhar, começou a masturbar-me com a sua mão, dando-me ligeiros beijinhos na cabeça. A minha mão acariciou-lhe o cabelo: queria causar-lhe bem-estar, retribuir-lhe o que Ana me estava a fazer… Com a mão direita, levantei-lhe o queixo docemente, depois coloquei-lhe a outra mão no ombro para me apoiar enquanto eu me ajoelhava como ela. Quando consegui ficar nessa posição, abracei Ana e voltei a beijá-la, ignorando o sabor a pila que povoava os seus lábios. Depois de trocarmos uns linguados, ficámos completamente embrenhados um no outro: se aparecesse ali alguém, nenhum de nós queria saber.
As minhas mãos meteram-se por debaixo do seu top, levantando-lho e tirando-lho, e começaram a acariciar-lhe os seios, a tocar-lhe e a apertar-lhe os mamilos. Acariciei-lhos durante algum tempo, depois uma das minhas mãos baixou-lhe os calções, retirando-lhos e exibindo-lhe as nádegas arredondadas e a zona púbica com os seus pêlos aparadinhos. Ana afastou o seu rosto do meu e continuou com aquele seu olhar intenso fixo em mim, para depois se reclinar para trás e deitar-se de costas no chão, abrindo as pernas e mostrando-me a sua vulva rosada.
- Et alors, mon chéri… – sussurrou ela, com voz sedutora, enquanto espetava os saltos das suas sandálias no chão – Vais montar-me e comer-me?
Soltei uma gargalhada ao ver a sua voracidade. Depois, precipitei-me a custo para cima de Ana – já que ela parecia estar com “fome”, ia tratar de lha saciar. Assim que o meu corpo ficou sobre o dela e a minha boca voltou a reunir-se com a dela, acariciei-lhe a coxa com a mão enquanto eu entrava na sua ratinha e pude ver como ela estava quente e húmida, a desejar-me… Uma das suas pernas enrolou-se à volta das minhas, como se me quisesse impedir de fugir – um receio disparatado, diga-se. Ana estivera silenciosa quando o meu membro entrou nela pela primeira vez; todavia, assim que eu comecei a penetrá-la, a minha esposa começou a gemer alto e bom som. Uma vozinha na minha cabeça disse-me que ela ia atrair atenções desnecessárias… mas o resto de mim não quis saber disso, preferindo ocupar-se em dar e sentir prazer; ainda assim, coloquei-lhe um dedo na boca que ela foi chupando sofregamente. 
Continuei a aumentar lentamente a velocidade com que eu ia entrando e saindo da ratinha da minha mulher, para depois as minhas mãos largarem a sua boca e a sua perna, percorrendo os seus braços estendidos e finalmente entrelaçando os meus dedos nos dela; reparei que os olhos da minha esposa estavam firmemente fechados. Comecei a sentir vontade de libertar a minha essência dentro dela mas sustive-me, querendo retardar o momento ao máximo; todavia ela não fez o mesmo: de súbito, Ana começou a gemer ainda com mais força, como costuma fazer quando atinge o clímax, apenas se calando quando a voltei a beijar. Assim, eu acabei por fazer o mesmo, libertando o meu sémen e inundando a ratinha da minha esposa.
Ficámos agarradinhos um ao outro enquanto os nossos orgasmos iam amainando. Quando me senti recuperado, dei-lhe mais um beijo e fiz menções de me levantar… mas Ana tinha outra ideia: antes que eu me pudesse levantar, ela fez-nos rodar pelo chão, ficando desta feita ela por cima.
- Ana…?
- Oh, non, ainda não acabei… – declarou ela, com um sorriso – Quero mais!
- Mas…
Desta feita, foi ela a calar-me, colocando-me a mão na boca. Ana depois ergueu o seu torso, ficando sentada em cima de mim, para depois me meter as mãos no peito e começar a fazer-me entrar e sair de dentro dela. Falando por mim, eu preciso de uma pausazinha entre relações para recuperar fôlego e dar tempo aos meus tomates para irem produzindo mais algum sémen, mas a minha mulher, quando começa, é enquanto quiser; por isso, assim que Ana recomeçou aquela sessão de sexo num local público, eu fui apanhado de reservas completamente vazias. Apesar de tudo, fui fazendo os possíveis por tentar saciá-la… mas senti um arrepio gelado quando recomeçou a gemer sempre que a minha pila entrava totalmente dentro dela, ainda mais alto que antes. E naquela altura já não me senti tão confortável com a situação…
- Amor, faz pouco barulho, eles ouvem-te… – murmurei, entre penetrações.
- Sans déconner!2 – gritou Ana, possuída – Podem sempre meter-se a bater uma, se quiserem…
- Ana…
Mas ela não parou, não se deteve, não se calou: até deu ideia de se mexer com mais força e de gritar ainda mais alto! Comecei a achar que ela queria mesmo que fôssemos apanhados… As suas mãos saíram do meu peito e agarraram nos seus seios, excitando os seus mamilos e apertando-os entre os seus dedos, levantando-os e passando a sua língua por eles. Entretanto, eu rezava a todos os santinhos para que ninguém se decidisse a ir ao balneário naquela altura, ao mesmo tempo que me sentia a excitar à medida que Ana se ia empalando sistematicamente no meu órgão.
Os gritos de Ana atingiram um novo máximo pouco depois: calculei que ela tivesse atingido mais um orgasmo, após o qual ela se deitou sobre mim e me abraçou, e eu pude sentir o suor que impregnava o seu corpo e escorria pela sua pele.
- E agora, amor? – perguntei, arfando de cansaço (apesar de estar deitado e mal me ter mexido nos momentos anteriores, ter aquela ninfa em cima de mim era desgastante) – Já te sentes saciada?
Ela riu-se, mas pude ver pela sua respiração que também estava cansada.
- Bon, je ne sais pas… Se calhar ainda fodíamos mais um bocadinho, não?
- Amor, tenho de regressar ao campo, a malta já deve estar à minha espera… – protestei, rodando pelo chão para ficar eu por cima e sair de dentro de Ana.
- Pois, é verdade… – Ana pareceu ficar pensativa; depois, de súbito, agarrou em mim e voltou a fazer-nos rolar pelo chão, ficando eu novamente por baixo – Se esperaram até agora, podem esperar mais um bocadinho. Ainda tenho comichão!
- Oh Ana, vê lá o sarilho em que me metes…
Mas Ana apenas se limitou a sorrir e a recomeçar os seus movimentos, fazendo-me entrar e sair de dentro dela, apertando-me os mamilos, passando os seus dedos pelo meu corpo, pelo meu suor e passando-os pela sua boca aberta, entre gemidos, como se me quisesse saborear. Eu voltei a sentir-me excitado, com uma vontade gradual de me libertar dentro dela mas, para não variar, Ana antecipou-se, voltando a soltar gemidos e gritos capazes de se ouvir em todo o estádio. Mesmo assim ela não parou de se mexer, provocando-me e levando-me outra vez ao clímax.
Quando ambos nos acalmámos, Ana finalmente saiu de cima de mim, dando-me um beijo nos lábios para se levantar logo a seguir. Pude vê-la a vestir os mini-calções e o top, dirigindo-se para a frente de um espelho para ajeitar o cabelo e a roupa. Eu fui-me tentando levantar, sentindo o corpo entorpecido pelo frio do chão do balneário, cerrando os dentes assim que fiz força no pé direito para me erguer. Agarrei nas minhas roupas e fui-me vestindo também. Pouco depois, Ana reapareceu à minha frente, com aquele aspecto lindo e maravilhoso que ela tem quando sai à rua, sem transparecer a ideia de que tinha feito sexo desenfreadamente na meia-hora anterior – se não fosse pela cara de satisfação que ela tinha…
- Bon, chéri, adieu. – declarou ela, dando-me mais um linguado prolongado e dando-me a mão, apertando-ma como se me estivesse a dar força; depois, separámo-nos e, sempre a olhar para mim com um sorriso, ela dirigiu-se à porta do balneário e saiu.
Ainda a olhar para a porta por onde a minha esposa tinha saído, acabei de me vestir e fui também à minha vida. Fui coxeando pelos corredores que davam acesso ao relvado, sempre sem olhar para as pessoas com quem me cruzava e, quando cheguei ao exterior e vi os meus jogadores todos juntos, dirigi-me para lá. Quando eles me viram, começaram a aplaudir e a fazer uma festa como se tivéssemos ganho o campeonato. Levantei o braço e fiz um sorriso amarelo, depois regressei ao centro do relvado para continuar o treino.

(história seguinte)


1- Oh, esses cabrões podem é ir ser enrabados pelos Gregos!
2- A sério?!

1 comentário:

  1. Bem escrito como sempre, mas não dos melhores. Consegues mais e melhor. Força... Beijinhos

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