segunda-feira, 20 de julho de 2020

Confinada



Fechei a porta, entrei no hall de entrada da nossa casa e pousei a mala do portátil e o saco com documentos do trabalho no chão. A empresa onde eu e Márcia trabalhávamos havia aderido às medidas de contenção do coronavírus, pelo que tínhamos sido aconselhadas a levar as ferramentas de trabalho para nossas casas, com vista a podermos fazer algum trabalho por lá. Suspirei de cansaço, despi o casaco do meu fato e pendurei-o no bengaleiro de entrada; depois, descalcei as sabrinas e troquei-as pelos meus chinelos cor-de-rosa. Depois dirigi-me para a porta de acesso ao interior da casa e quedei-me ao ver o papel colado nela e a mensagem escrita:

“DEVIDO À EPIDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS, A PARTIR DESTE PONTO TODOS OS VISITANTES TERÃO DE ENVERGAR UM FATO HAZMAT. OBRIGADO, FAMÍLIA SEMEDO”


Sorri e abri a porta, gritando um “Cheguei!” enquanto me dirigia para a casa de banho, pensando em ir tomar um banho para me libertar de possíveis “bichos” que eu pudesse trazer. Todavia, apenas consegui dar uma meia-dúzia de passos antes de sentir uma mão envolta em látex apertar-me o pescoço e arrastar-me rumo ao “quarto dos segredos”, o local onde Márcia tinha os seus brinquedos e roupas kinky e onde nós fazíamos muitas das nossas brincadeiras. Apesar de estar a ser agarrada de forma a não conseguir ver quem era o meu captor, era mais que óbvio que apenas podia ser a minha marida. E assim que ela falou, mesmo com a voz disfarçada, recebi a minha confirmação:
- Não sabes ler, puta do caralho?! Devias ter vestido o fato que ali tinha para ti!
- Mas… – protestei – eu ia t-tomar banho e meter a roupa para l-lavar…
- Ah, ias tomar banho… e ias semeando o vírus entre a porta da rua e a casa de banho?! És assim tão inconsciente, Andi?!
- Amor, não…
Mas não tive tempo de acabar a frase: já havíamos chegado ao “quarto dos segredos” e a primeira coisa que Márcia fez foi prender-me o pescoço a um tronco medieval, deixando-me os pulsos livres.
- Já que não quiseste o fato que arranjei para ti, vou-te fazer vesti-lo à força…
Antes disso, todavia, a minha marida prendeu-me o cabelo num carrapito e colocou-me uma mordaça de bola na boca; e assim que essa tarefa ficou acabada, as suas mãos começaram a massajar-me o corpo, lenta, metódica e sistematicamente, impregnando a minha pele de óleo. Por aqueles preparativos, eu sabia o que viria aí a seguir: um fato de látex…
Não vos quero aborrecer com os detalhes que antecederam aquela tarde. Importa dizer que, quando Márcia deu o trabalho por concluído, eu tinha um catsuit de borracha translúcida a cobrir-me o corpo, apenas com aberturas na zona do baixo-ventre – mas a minha marida havia-me vestido por cima umas cuecas de borracha com dois dildos insufláveis – um corpete de vinil preto, que me dificultava um pouco a respiração do apertado que ficou, um par de luvas de borracha pretas, largas e compridas e umas botas altas do mesmo género que mais pareciam umas galochas de pescador, um hood de borracha a cobrir-me a cabeça, semelhante ao catsuit e com aberturas para olhos, narinas e boca, uma máscara de gás com um vidro que parecia uma viseira dos mergulhadores e um balão insuflável, uma coleira à volta do pescoço e algemas a prenderem-me os pulsos atrás das costas. Antes de me vestir o catsuit, todavia, Márcia colocara-me um cateter na veia do braço esquerdo, que me ficou a sair de baixo da luva.
Quanto a Márcia, a minha marida tinha também um catsuit de látex a cobrir-lhe o corpo por completo e um hood do mesmo estilo sobre a cabeça, todavia as suas vestes eram pretas, com umas botas de salto alto e uma plataforma com quase uns 10 cm de altura e um cano até ao joelho, cheio de fivelas. E, tal como eu, ela tinha uma máscara de gás a cobrir-lhe a cara, com a diferença de a sua ter um filtro verde atarraxado ao respiradouro.
- Muito bem, minha querida. – começou Márcia, prendendo uma corrente à minha coleira – Durante estes dias, vais estar de quarentena dentro do teu fato. Tens um cateter no braço para te alimentar. E, como é óbvio, devido à tua desobediência à entrada, vou ter de te ir castigando. – enquanto falava, a minha marida ia apertando as bombas que insuflavam os dildos que tinha enfiados em mim: comecei a gemer ao sentir os meus buracos serem expandidos; depois ela arrastou-me atrás dela para a cozinha – E está na hora de tratares do meu jantar.
Márcia retirou-me as algemas dos pulsos e utilizou-as para prender a minha trela à asa do forno; a corrente era comprida o suficiente para chegar a grande parte da cozinha. Suspirando, fui até ao congelador à procura de algo para cozinhar.

Pousei o tacho no meio da mesa, em cima do pano, e puxei a cadeira para Márcia se sentar, com a ideia de a empurrar para a frente assim que ela o fizesse. Todavia, antes que isso acontecesse, a minha marida abriu as algemas que me prendiam à porta do fogão e fez o mesmo gesto.
- Senta.
Acabei por obedecer, com Márcia a algemar-me os pulsos atrás das costas da cadeira e a ausentar-se por breves instantes; quando regressou, segurava na mão uma seringa razoavelmente grande, cheia de um líquido pastoso, que pousou em cima da mesa. Só então ela se sentou na sua cadeira, desapertando as fivelas que mantinham a sua máscara em posição e tirando-a, exibindo o seu rosto – a única parte do seu corpo que não estava coberta por borracha.
Durante o tempo que durou a sua refeição, fui obrigada a ficar sentada a observar Márcia, que ia consumindo o seu repasto com languidez, atenta ao que se passava na televisão. De vez em quando, contudo, a sua mão esquerda metia-se por baixo da mesa e apertava-me a bomba de um dos meus plugs, fazendo-me soltar um pequeno gemido, e sempre que isso acontecia um sorriso maroto aparecia-lhe no rosto. Eu sentia-me em pulgas para que Márcia me fizesse alguma coisa, depois de toda aquela preparação…
Eventualmente Márcia acabou de jantar, colocando os talheres sobre o prato e ficando a olhar para a TV, aparentemente distante. Então levantou-se, voltou a colocar a sua máscara de gás em posição, pegou na loiça e dirigiu-se ao lava-loiça, que estava atrás de mim; ouvi-a afastar-se, regressando à minha beira pouco tempo depois. Assim que virei a cabeça na sua direcção, a primeira coisa que reparei foi, como não podia deixar de ser, o seu strap-on preto.
- Altura da sobremesa! – riu-se ela.
A sua mão agarrou-me na trela e forçou-me a levantar, mesmo com as mãos algemadas atrás das costas da cadeira, para depois me deixar debruçada sobre a mesa. O visor que eu tinha à frente dos olhos não me deixava ver o que se passava atrás de mim. Senti os dildos que tinha em mim a serem esvaziados e as cuecas a que estavam presos a serem-me despidas. Ouvi Márcia ir ao frigorífico e colocar um pacote de manteiga à frente dos meus olhos, abrindo-o e enfiando os seus dedos cobertos de borracha lá dentro; no instante seguinte aqueles dedos massajaram-me a ratinha e o ânus, impregnando-me as minhas partes privadas daquela substância, deixando-me “aquecer” ao mesmo tempo.
- Hoje vamos utilizar um lubrificante diferente, puta paneleira. – continuou a rir-se a minha marida, batendo-me na ratinha com aquela mão – Aposto que nunca pensaste a ver manteiga a ser utilizada assim, pois não?!
Quando dei por ela, o seu falo artificial estava a entrar-me na ratinha, com a voracidade que a caracterizava, agarrando-me nas ancas com aquelas mãos que pareciam tenazes para fazer mais força ao penetrar-me. Dentro daquele catsuit, comecei a sentir-me com muito calor e algo desconfortável, para além de ter o peso da minha marida em cima de mim e dos meus braços algemados; mas aquela pila, sempre a entrar e a sair de mim como um martelo pneumático, ai…
Não demorou muito, porém, até Márcia parar de me comer a ratinha e sair de mim; ouvi os seus passos ecoarem cada vez mais longínquos. Durante aquele intervalo, tentei recuperar o fôlego mas quedei-me imóvel na mesma posição, esperando pelo regresso da minha marida e do que ela se tivesse lembrado de ir buscar. Só um par de minutos depois de ela ter saído da minha beira é que voltei a ouvir os saltos das suas botas a ecoarem no chão, cada vez mais próximos; e instintivamente fechei os olhos quando algo maciço me embateu nas nádegas.
- Um brinquedo para a puta paneleira… tens de justificar a alcunha! – comentou Márcia.
Mal tive tempo de começar a interpretar as suas palavras antes de Márcia agarrar em mim e virar-me de barriga para o ar, ficando com o rabo mesmo à beirinha da borda da mesa. De seguida, aquele objecto maciço foi-me encostado aos lábios vaginais e começou a tremer com um zumbido; e imediatamente voltei a sentir-me cada vez mais excitada… mas pior fiquei quando Márcia encostou o seu strap-on ao meu ânus; relaxei o meu esfíncter e ela fez com que a ponta do dildo entrasse no meu rabo. E tudo enquanto o vibrador me massajava o clitóris, um lábio e depois o outro, sempre em movimentos circulares, suaves e decididos.
À medida que me ia sentindo aquecer ainda mais, a pila de Márcia ia-se movendo como mais lentidão, assim como ia abrandando a velocidade com que o vibrador se mexia na minha ratinha. Olhei para ela, mal a conseguindo vislumbrar devido ao meu visor estar cada vez mais embaciado, e gemi em protesto: por muito que a posição em que me encontrava fosse desconfortável, eu queria que ela me fizesse vir, como sempre! E comecei a mexer o meu baixo-ventre, procurando acelerar eu própria a acção e fazer com que o orgasmo chegasse mais rapidamente… mas com isso, a minha marida deixou de se mover, desligou o vibrador e tirou-me o strap-on do cuzinho.
- Queres mais, puta paneleira? É isso?
Assenti veementemente: claro que queria que ela me fizesse atingir o orgasmo! Márcia afastou-se e foi buscar novamente as cuecas com os dildos insufláveis; besuntou ambos os falos com a mesma manteiga de antes e vestiu-me aquela peça, fazendo questão de que os dildos ficassem o mais dentro de mim possível.
- Aguenta! Ainda não fizeste nada que merecesse um orgasmo que fosse! – enquanto falava, a minha marida ergueu-me da mesa e soltou-me os pulsos; depois agarrou a seringa cheia – Altura para o teu jantar… e vais tratar de lavar a loiça toda; se te despachares e trabalhares bem, podes ter um prémio; senão, tentamos outra vez amanhã à hora de jantar. Por isso toca a mexer!
Gemi de desânimo. Não era justo! Márcia provocava-me e depois não acabava comigo… mas era ela que ditava as regras. Contrariada, desloquei-me a passo até ao lava-loiça. E, tal como dantes, a minha marida acorrentou-me à asa do fogão.
Não tive outra alternativa senão a de lavar a loiça suja, enquanto Márcia se retirava para a sala de estar, com vista a fazer algum trabalho para a empresa. Claro que eu tentei despachar-me o mais depressa possível pois eu queria que ela me fizesse vir: não era justo o que a minha marida havia feito comigo, provocar-me e violar-me sem me dar a devida recompensa! Quando acabei a minha tarefa, tentei chamar por ela, mas claro que a mordaça que me cobria a boca me impediu de ter sucesso. Procurei fazer barulho, agitando a corrente que me prendia à porta do fogão, abrindo e fechando a mesma, mas Márcia não deu sinal de si. Acabei por me sentar no chão, de costas para o lava-loiça, à espera que a minha mais-que-tudo se lembrasse de mim… e dei por mim a pensar no que me poderia acontecer se eu tirasse as cuecas e me masturbasse. Claro que nunca teria o mesmo sabor dos que Márcia me proporcionava, mas eu estava desesperada, eu precisava de atingir o orgasmo! As minhas mãos ganharam vida própria e agarraram as bombas dos dildos, apertando-as até eles dilatarem imenso e carregando no botão para os esvaziar. À medida que eles cresciam, comecei a impar de prazer…
- Bom… – ouvi uma voz sobre mim – Está visto que não vais ter recompensa.
Abri os olhos (nem me dera conta de os fechar) e vi Márcia à minha frente, de mãos nos quadris e a olhar para mim, abanando a cabeça. Ela agarrou-me pela corrente e obrigou-me a levantar, para de seguida desprender a outra ponta da porta do fogão.
- Uma pessoa não pode ir trabalhar um bocadinho que é logo esta merda, puta paneleira… Agora vou ter de pensar em como te vou punir.
Márcia arrastou-me atrás dela, indo nós escada acima e rumo ao nosso quarto onde, ao chegarmos, fui logo atirada para cima da cama. Deixei-me ficar deitada enquanto ela ia aos armários de brinquedos buscar o que tinha pensado utilizar em mim. Não reagi quando Márcia me tirou a corrente do pescoço, nem quando ela me tirou as luvas de látex e mas trocou por umas outras do mesmo material, mas curtas e com uma bolsa insuflável a envolver-me a palma das mãos, transformando-as em algo parecido a cotos, totalmente inúteis. A sua ideia seguinte foi retirar-me as botas de borracha inestéticas que me havia calçado horas antes e substituí-las por uns sapatos de ballet e salto-agulha pretos; algemou-me os pulsos aos ferros da cama, deixando-me deitada de barriga para cima e, quando olhei para ela, segurava na mão o strap-on com que me devorara na mesa da cozinha.
- Estás a vê-lo? – provocou-me ela, agitando-o à frente dos meus olhos – Pena não o poderes cheirar, ainda tem o cheiro da tua cona… Estás à espera de te foder com ele outra vez até te vires?
Assenti freneticamente: claro que queria que ela me montasse, estava desesperada por isso! Contudo, o meu entusiasmo transformou-se em desespero assim que Márcia me colocou o strap-on à volta da cintura e me prendeu os tornozelos com algemas aos ferros de baixo da cama, ficando estendida ao comprido.
- Lamento, minha puta… agora é a minha vez. – Márcia soltou uma gargalhada enquanto abria o fecho do catsuit, que lhe passava por entre as pernas, e revelava o seu baixo-ventre.
Ela ajoelhou-se em cima da cama, comigo entre as suas pernas, e sentou-se no meu colo, fazendo com que o dildo lhe entrasse na vulva. As suas mãos foram massajando o seu corpo, com incidência nos seios, e vi-a inclinar a cabeça para trás à medida que a sua respiração se tornava cada vez mais ofegante e ela começava a gemer. Fui mexendo as ancas ligeiramente, também para sentir que estava a proporcionar-lhe algum prazer, mas de resto pouco mais podia fazer… Márcia foi compassando a velocidade com que desfrutava do dildo: ora saltava como se estivesse numa corrida a cavalo, ora abrandava até quase parecer uma estátua, enfiando aquela pila artificial o mais fundo que conseguia. Foi num dos momentos mais selvagens que Márcia começou a gritar de prazer ao ser dominada pelo clímax supremo, tudo enquanto eu a olhava com inveja por não poder sentir o mesmo…
- Oh, minha pobre paneleira… – a minha marida soltou uma gargalhada e acariciou-me o rosto por cima da máscara, assim que se acalmou – Eu tão satisfeita e tu tão frustrada, aí na tua prisão… – a sua mão foi viajando pelo meu corpo, passando pelos meus seios, tocando-me nos mamilos, excitando-me mesmo por cima da borracha – Continuas muito desesperada pelo teu orgasmo, não continuas?
Voltei a assentir com toda a veemência. Márcia voltou a rir-se enquanto recomeçava a sua cavalgada sobre o meu colo e voltava a empalar a sua ratinha repetidamente no dildo que tinha preso ao colo.
- Lembras-te de te ter dito que ias estar de quarentena? Vai ser passada fechada dentro desse catsuit, totalmente proibida de te vires. Quando sair daqui vou-te meter um cateter na cona para mijares e depois meto cadeados nos fechos do catsuit. A ver se aprendes a fazer o que eu te digo de uma vez por todas. E a tua quarentena só vai acabar quando acabar este confinamento e pudermos voltar ao escritório… e aí sim, vou-te dar a melhor noite da tua vida. Mas para já, lamento, querida Andi: estás de castigo. – e enquanto falava, a sua mão apertou a bomba que controlava o meu dildo anal.
E enquanto a minha marida ia acelerando a sua “cavalgada”, eu comecei a gemer de frustração e de impotência por aquela punição que, a meu ver, era demasiado severa para o crime.

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