quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

A viagem (parte 1)

 

(história anterior)

A pandemia afectou Márcia mais do que ela alguma vez seria capaz de admitir. Não sei se foi devido ao susto que eu apanhei em jovem, quando tive quase a morrer com uma pneumonia, mas fiquei com a ideia de que ela não queria que se corresse risco absolutamente nenhum de o vírus entrar lá em casa. E a realidade foi que todas as medidas que ela tomou, o andarmos sempre vestidas com fatos de látex e máscaras sempre que entrávamos em casa, acabaram por ter o seu resultado, pois nem eu nem Márcia alguma vez demos conta de ficarmos doentes – pelo menos de Coronavírus. Quanto ao resto… apercebi-me que a minha marida estava a ficar obcecada com a protecção do nosso lar. Ainda quis que ela procurasse ajuda para isso, mas foi o mesmo que falar para uma parede. Por isso vi com alívio as medidas no país serem aligeiradas a partir do momento que o COVID-19 deixou de ser considerado uma pandemia… apesar de, em nossa casa, ter demorado mais algum tempo até os fatos de látex e as máscaras de gás deixarem de ser obrigatórias.

Chegou um dia da Primavera de 2023 em que fui eu a dizer “basta”. A nossa empresa ainda assentava um bocado no teletrabalho mas Márcia ia muitas vezes ao escritório; quando vinha de lá, ela não me confessava mas para mim, que a conhecia como ninguém, apercebi-me que ela estava saturada, estoirada e a precisar de uma mudança. Assim, nessa quinta-feira, pela primeira vez, fui eu a tomar a iniciativa.

- Amor, arruma o teu saco de viagem. Vamos dar uma volta. – declarei, assim que a vi novamente com o semblante carregado.

- Não sejas parva, tenho muito que fazer, – começou ela, como sempre – tenho de tratar das tabelas de…

- Não, não tens! – agarrei-lhe nas mãos – Passámos por uma pandemia, voltámos ao trabalho e tu nunca descansaste nem paraste um momento. Estes três dias vais parar e vais aproveitar, tu e eu vamos por essa estrada fora passear.

- Amor, eu não…

Calei-a com um dedo por cima dos lábios.

- Vais arrumar as coisas e aprontar-te para sairmos daqui às 8h. É fim-de-semana prolongado, e tu e eu vamos passear, que há muito tempo que não o fazemos.

Vendo-me tão determinada, Márcia pareceu ceder.

- Pronto, OK, talvez tenhas razão… de facto uma paragenzinha dava algum jeito para deixar de pensar em merdas. OK, pode ser. E para onde vamos, pode-se saber?

Encolhi os ombros.

- Onde a estrada nos levar.


A primeira etapa da nossa viagem não nos levou assim tão longe como isso, pois parámos logo em Lisboa. Márcia franziu o cenho assim que parei o carro no parque subterrâneo dos Restauradores, mas disse-lhe que queria que fossemos mais um par de turistas em Lisboa. E assim foi. Felizmente Márcia entrou no espírito, e fomos a Belém comer os tais pastéis (obviamente levámos uma dúzia para os dias seguintes), andámos no eléctrico 28 e subimos ao Castelo de São Jorge, onde num acto de loucura nos encarrapitámos em cima de uma das muralhas sujeitas a uma rabanada de vento nos levar a cair lá em baixo. Terminámos essa etapa no mítico café A Brasileira, no Chiado, onde, como é bom de ver, tirámos fotos com a estátua do Fernando Pessoa. E, ao longo dessas horas, pareceu-me ver Márcia desanuviar, entrar mais no espírito da coisa e divertir-se, o que era o meu objectivo afinal de contas.

Depois de Lisboa, fomos pela Marginal e percorremos a costa toda até chegarmos à zona do Guincho. Ainda era muito cedo para andarmos a banhos, mas já que tínhamos os biquínis na mala, aproveitámos e fomos dar um mergulhito na água, certificando primeiramente se era seguro; a água estava um bocado fria mas até estava relativamente calma. Serviu acima de tudo para andarmos as duas enroladas uma com a outra à beirinha da água aos beijos, procurando encontrar o alívio para os nossos problemas diários em linguados e apalpões e toques por cima do tecido do biquíni.

O dia acabou connosco num hotel em Leiria. Eu tinha pensado irmos para uma pensãozinha acolhedora nos arredores, mas Márcia trocou-me as voltas e disse que, já que não mandava nada no percurso, ao menos que mandasse no alojamento. E assim lá fomos para um hotel, com Márcia a pagar desde logo o alojamento para as duas.

Assim que chegámos ao quarto do hotel, abrimos a porta e arrumámos minimamente as coisas, fiquei à espera de que, como habitualmente, Márcia assumisse o controlo das operações, me atirasse para cima da cama e quisesse fazer amor comigo. Contudo, quando olhei para ela, vi-a sentada num sofá, de mãos no blusão de cabedal, completamente absorta e de olhar ausente. Tive de me dirigir à sua beira e de lhe estalar os dedos à frente dos olhos para ela despertar.

- Amor? – interroguei-a.

- Ah… desculpa, Andi, estava a pensar em como hei-de resolver uns pagamentos no…

Calei-a com um dedo sobre os lábios.

- Márcia, minha marida, nós viemos dar esta volta precisamente para tu te distraíres do trabalho. E não vamos estar estes três dias comigo a puxar por ti, OK? Não é que não goste, mas normalmente és tu que tens a rédea das coisas, e vejo-te tão apática, caramba! A Márcia dos bons velhos tempos já me tinha atirado para cima da cama, ou já me tinha amarrado ali à cadeira – e apontei para uma cadeira que estava no canto do quarto – e já me estava a fazer gemer e sofrer e abusar de mim!

 Pareceu-me ver uma centelha da velha Márcia aparecer nos seus olhos à medida que eu ia falando. Mas a apatia era mesmo muita.

- Sim, também sinto falta disso, mas… estes últimos tempos têm sido complicados, não só por causa do COVID, mas também por causa do trab…

- Se voltares a dizer mais uma vez a palavra “trabalho”, – interrompi-a – juro que vou pedir um quarto só para mim e durmo sozinha. Eu estou farta de te ver a encarares as coisas sozinha, de estares sozinha e não me contares as coisas, sei que o fazes para meu bem, na tua óptica, mas na prática deixas-me sozinha. E eu não quero estar mais sozinha, eu quero a minha Márcia de volta, eu quero a minha Márcia dominadora e capaz de pular por cima de montanhas e de dar pontapés na boca de quem a incomoda! – enquanto falava, agarrava na gola do casaco de Márcia e abanava-a, levantava-a do sofá, só faltou foi esbofeteá-la.

- Pára, Andi, OK, OK, já percebi… – ela deu uns passos atrás enquanto ajeitava o casaco, retirando-o depois e colocando-o nas costas da cadeira, ficando só em t-shirt branca – Suponho que tens razão, tenho deixado o trabalho levar a melhor de mim… e se calhar devia utilizar-te para aliviar um bocadinho a frustração, era isso? – enquanto falava, Márcia tirou o cinto de cabedal das suas calças – Prender-te, violar-te… esse tipo de coisas, não é?

Assenti, sentindo o calor invadir-me as entranhas. Márcia fez estalar o cinto como se fosse um chicote.

- Então vais despir esse teu vestido de grávida e pôr-te completamente nua.

Aquela voz! Era a voz da “velha” Márcia, da Márcia que eu amava, que tudo controlava e amava rebaixar-me e humilhar-me! Sorrindo, despi o meu vestido de ganga azul, desatei e tirei as minhas sapatilhas brancas, as meias curtas e, por fim, o meu soutien e cuecas brancas.

- Tanto branco… deves achas que és uma menina muito pura e virginal, para andares vestida de branco? De joelhos em cima da cama, deitada sobre as pernas e de mãos para trás.

Demorei um bocado a perceber a posição em que a minha marida me pretendia, mas lá me apercebi de que ela queria prender os meus pulsos e tornozelos juntos com o cinto; efectivamente assim que me coloquei naquela posição, senti a tira de cabedal a entrar em contacto com a minha pele, apertando os meus membros e deixando-me completamente à sua mercê, de rabo espetado no ar, o meu baixo-ventre totalmente vulnerável ao que Márcia quisesse fazer… precisamente aquilo pelo que eu ansiava havia tanto tempo!

- Se quiseres, está uma mala debaixo da cama cheia de brinquedos… – disse, ansiosamente.

- Ai sim? Olha, olha… parece que a menina Andrea precisa que lhe apaguem o fogo… vamos ver se encontramos uma mangueira.

Antes de se agachar debaixo da cama, Márcia meteu-me as minhas cuecas na boca, que ficaram cheias com o tecido algo húmido (humidade essa proveniente do meu desejo para que Márcia me fizesse algo). Ouvi um fecho a ser corrido e um suspiro de surpresa, como se ela não acreditasse que eu tivesse tomado a iniciativa de encher uma das nossas malas com dildos, vibradores, algemas, mordaças, fita adesiva, cordas e tudo o que me lembrei que pudesse fazer falta para “acender” Márcia. Só que, como tinha a boca cheia de tecido, já não lhe podia dizer que tinha uma outra mala com roupas para nós, roupas fétichistas…

Márcia despiu as suas calças de ganga algo rasgadas, voltou a calçar as suas botas de cabedal negro pelo meio da coxa e pegou num dildo strap-on com dildo interno para a sua ratinha; após humedecer os dois falos com vaselina, ela colocou-o em posição e virou-se para mim, de mão na cintura, e retirou a t-shirt, exibindo para mim os seus seios salientes de auréolas arrebitadas. Agarrou numa régua de plástico grosso e abeirou-se do meu corpo imobilizado.

- A puta paneleira tem saudades de ser enrabada, tem? – as saudades que eu tinha de ouvir aquela alcunha! – Mas para isso ainda tem de penar muito…

Soltei um gemido assim que a régua embateu com estrondo na minha nádega direita. E a seguir foi a vez da minha nádega esquerda. Márcia fustigou cada uma das minhas nádegas à vez, sempre no mesmo sítio e a um ritmo certo, pelo que me comecei a “habituar”, a esperar as pancadas – e Márcia começou a jogar com isso, quebrando o ritmo muitas vezes para me apanhar de surpresa.

- Temos de deixar este rabisque bem encarnadinho para amanhã a puta ter dores quando se sentar no banco do carro! Mas não muito, para ela poder fazer a viagem toda…

Tão de repente como começou, a agressão das minhas nádegas acabou. Senti uma bola de cuspo cair-me mesmo em cheio no cuzinho exposto e vulnerável, depois outra em cima da minha ratinha; e senti a pila artificial de Márcia ser-me pressionada e esfregada contra os meus lábios vaginais.

- Sei que era aqui que querias que to metesse… – continuou ela. Na verdade, eu queria lá saber de onde ela me enfiasse a sua pila, eu queria era que ela ma enfiasse! – Mas vai ser mesmo aqui! – e fez um círculo à volta do meu esfíncter anal – Afinal de contas, temos de manter o título da puta paneleira, que tem estado adormecida todos estes anos…

Márcia não me deu tempo para reflectir quando havia sido a última vez que ela havia “abusado” de mim: de imediato ela ajoelhou-se atrás de onde eu estava e colocou-se de maneira que aquele falo artificial entrou-me no rabinho de uma só vez, enquanto eu apenas tive tempo de soltar um “mmmph” de surpresa: soubera-me tão bem aquele momento, aquela introdução! A minha marida investiu repetidamente no meu traseiro, sempre com força, como se estivesse a querer aliviar o stress, e cada investida dela fazia-me gemer de prazer. Sentia-me a rebentar de facilidade, não só porque Márcia me estava a enrabar, mas principalmente por ter de novo o amor da minha vida de volta, ter novamente a “Márcia Infernal” a humilhar-me e a abusar de mim…

- É mesmo assim que eu gosto de ti, de cu para o ar, espetadinho e à mercê da minha pila… tenho tanta, mas tanta pena de não ter uma de verdade, para veres o quanto me dás tusa, me excitas ao ponto de te esporrar as entranhas e o rabo, para andares amanhã a manhã inteira a mijares nhanha esbranquiçada pelo cu! Ohhhh…

Era tão típico em Márcia: quando a sua boca mais falava era quando ela estava mesmo à beirinha do orgasmo; e o meu também não demorou a aparecer, pois Márcia, assim que se sentiu a vir, continuou a agitar o seu falo dentro de mim, abrandando as suas penetrações sem contudo as parar. Quando Márcia se acalmou (ou pelo menos quando eu me apercebi disso), ela saiu de dentro de mim e libertou os meus pulsos e tornozelos do cinto, afastando-se de mim depois. Depois de tanto tempo naquela posição complicada, tive que me estender ao comprido, de barriga para o ar, para conseguir recuperar do esforço para as articulações (abençoado ginásio!); Márcia deitou-se a meu lado, ainda de strap-on colocado, passou-me um braço por baixo das costas e apertou-me contra ela.

- Como é que consegues fazer isto, Andrea? Que magia é a tua que fazes acordar o fogo que eu já pensava não conseguir acender?

Encolhi os ombros.

- Não sei, amor, apenas sou eu mesma, a mesma menina que casou contigo há treze anos.

- Já se passaram treze anos? Bolas… tantos… – Márcia pareceu ficar sentimental à medida que ia falando – E mesmo assim, continuas a conseguir acender o fogo que há em mim e fazes-me fazer loucuras contigo…

- Acho que é por isso que somos um casal, totó. – abracei-a – Mesmo quando andas obcecada com bicharocos invisíveis. – depois de a apertar nos meus braços, levantei-me da cama e fui até à casa de banho – Vá, amor, vamos dormir, que amanhã a viagem continua.

- Não sei se me consigo habituar a esta Andrea assim tão mandona… – confessou ela, de lado na cama, com um sorriso maroto na cara, enquanto retirava o strap-on e o colocava ao lado dela.

- Prometo-te que, quando acabarmos esta viagem, volto a ser a Andrea Semedo subserviente e facilmente controlável por ti.

Ouvi a gargalhada de Márcia.


A manhã seguinte trouxe um pequeno-almoço de princesas no hotel, com tudo aquilo a que tínhamos direito; e depois, voltámos à estrada. Depois de termos andado pela zona Centro/Norte no dia anterior, apeteceu-me levar Márcia a latitudes mais meridionais – ou melhor, ela abriu o mapa (sim, nós somos da “velha guarda”, ainda usamos os mapas em papel) e eu, de olhos fechados, meti o indicador em cima do Alto Alentejo e disse que íamos para ali. E assim fomos.

A viagem foi longa, mas como devem imaginar nós não estávamos com pressa nenhuma de chegar, tanto que nos fartámos de fazer paragens durante o caminho: umas vezes para descansar, outras para ver qualquer coisa turística que valesse a pena, outras por necessidades fisiológicas (demasiadas, porque tanto Márcia como eu nos fartámos de beber água, apesar de não estar tanto calor como isso, e também para aliviar o meu posterior, ainda a doer depois do espancamento sofrido na noite anterior), e uma paragem na zona de Abrantes para almoçarmos, aproveitando estarmos à beirinha do Tejo. Márcia de vez em quando perguntava-me se eu estava cansada, se queria que ela levasse o carro, mas neguei-me sempre: naquela viagem era eu a comandante.

O pôr-do-Sol daquela tarde foi passado num miradouro da Serra de São Mamede, comigo e Márcia abraçadas, a observarmos aquela bola laranja enquanto ela se aproximava da linha do horizonte e a transpunha; senti os braços da minha marida apertarem-me com muita força; e, olhando-lhe para o rosto, vi os seus olhos marejados de lágrimas, as rugas que lhe iam começando a aparecer na zona dos olhos; e dei por mim a pensar no quanto Márcia carregaria às suas costas sem me contar para me poupar às suas dores. Claro, estávamos juntas “na alegria e na tristeza”, mas eu sabia que Márcia tinha aquele feitio super-protector, sempre a querer proteger-me de tudo o que fosse negativo e tentando manter o nosso “ninho de amor”, a nossa casa, livre de problemas. E tomei uma decisão em relação à nossa rota do dia seguinte, até aproveitando a zona em que nos encontrávamos.

Mas estou a querer adiantar-me na narrativa, e ainda há muito para contar. Depois daquele pôr-do-Sol romântico e sentimental, seguimos para Portalegre e, mais uma vez, Márcia exigiu que fossemos para um hotel, pois “um par de princesas como nós merece uma estadia com qualidade”. Eu achava que também havia estadias com qualidade nas pensões e pousadas, mas como também não queria ser ditatorial nem entrar em despique com ela, cedi e deixei que ela nos guiasse até ao hotel que ela escolhera.

Depois do quarto ocupado e das coisas arrumadas, Márcia ocupou-se da mala com as roupas fétichistas e surgiu, vinda da casa-de-banho, envergando um soutien e tanga, com luvas compridas e botas pelo meio da coxa, tudo a condizer: de vinil preto brilhante. Eu, que estava deitada na cama a descansar um bocado, olhei para ela e não pude deixar de soltar um “uau”.

- Pois é, pois é… de dia, tu podes ser a mandona, a “senhora chofera” e tudo o mais… mas à noite, desculpa lá, mas eu é que dito as regras. E agora, vais tirar esse teu vestidinho encarnado de grávida (que se passa contigo com os vestidos nesta viagem, caralho?!) e vais-te colocar de lingerie à minha frente.

Lambi os lábios de desejo, retirei o meu vestido largo encarnado (sim, eu nesta viagem tinha optado por um visual diferente, mais liberto, mais aberto) e, de soutien e tanga branca, ajoelhei-me à frente dela e fiz-lhe uma vénia.

- Milady Márcia, a sua serva curva-se em adoração à sua figura imperial e ao seu feitio régio. – declarei, prostrada no chão.

Ouvi a gargalhada de Márcia.

- Tu realmente és um pratinho…

Senti a sua mão enluvada agarrar-me no pulso e fazer força para cima, para me levantar; e assim que me ergui, fui atirada sem cerimónias para cima da cama. Então, comecei a ouvir o estalar de algemas metálicas e senti os seus vincos apertarem-me os pulsos e os tornozelos, com a minha marida a colocar-me em posição de X, de mãos e pés presos aos suportes da cama e de barriga para cima.

- E agora, Andrea? Que achas tu que te vou fazer? – perguntou ela, de mãos nos quadris, olhando para mim com ar misterioso.

- Tudo o que a Milady Márcia desejar… – sussurrei.

- Disso… podes ter a certeza.

Vi-a com uma faca na mão, algo não muito normal nela, até ver que ela a usou para cortar os elásticos que mantinham a minha tanga no lugar; depois fez o mesmo às alças do meu soutien, cortando-o até me deixar totalmente nua.

- Opah, eu adorava essa lingerie… dás-me cabo da roupa toda. – protestei, mas quase em surdina.

Márcia não acusou o toque e, largando a faca, foi buscar um dildo com uns 20 cm de comprimento por 3 cm de diâmetro e, sem uma palavra, encostou-mo aos lábios, quase forçando a sua entrada. Abri a boca e deixei que ela o introduzisse ali, ali o deixando, quieto.

- Agora que tens uma chupeta para te calar, talvez não me chateies…

Ela deitou-se sobre mim, de cabeça para baixo, em posição de ‘69’ e senti a sua boca a pingar gotas de baba para o meu clitóris e para a minha ratinha. Soltei um pequeno gemido.

- Chupa no charuto, puta paneleira. Hoje não tens nada no cu, para não andares mal habituada.

As gotas de saliva continuavam a cair-me nos “pontos quentes” do meu baixo-ventre, era impossível sentir aquilo sem reagir ou me sentir “aquecer” e comecei a sentir-me excitada – e, realmente, a chupar naquele dildo que Márcia me havia colocado na boca. Raios… porque é que Márcia não podia ter uma pila como aquela, para me foder de todas as maneiras e feitios e me encher a cara de semente?? Assim que aquela ideia me cruzou a mente, percebi que, mesmo sem me tocar, ela me estava a levar à loucura: queria que ela me possuísse, que ela me comesse, me devorasse! Contudo a minha marida queria fazer as coisas com tempo, saboreando os momentos, vendo-me debater contra as algemas, chupando no dildo e impando à medida que as pingas de saliva me continuavam a cair no clitóris e nos lábios vaginais…

Quando senti o primeiro toque no clitóris com a ponta da língua, apenas um simples e singelo toque, o meu gemido foi maior que todos os que eu dera naquela noite (e não sei se não terá sido ouvido nos quartos ao lado).

- Calma, deixa saborear, deixa sentir… sentir o teu desespero, a tua súplica silenciosa para que eu te coma a rata e te leve ao infinito… até porque ainda não sei se me apetece fazer isso.

Porra, “ainda não sabia”?! Ela estava a gozar comigo, a provocar-me! E manteve os toques ligeiríssimos com a ponta da língua no clitóris e nos meus lábios vaginais – todos eles – que me iam levando à loucura, cada vez mais; eu só queria que Márcia se despachasse com aquilo e “acabasse” comigo de vez! Mas a minha marida não estava pelos ajustes, estava com imensa paciência e continuava apenas e só a provocar-me, a querer-me à beira do orgasmo mas sem me deixar senti-lo… e a situação não melhorou quando ela começou a soprar-me para a ratinha, deixando-me ainda mais desesperada! Sabia que bastava um toque, um simples toque dela em mim para que eu me viesse, mas Márcia pura e simplesmente recusava-se a dar esse toque, pois ela sabia perfeitamente o meu estado…

De súbito, Márcia levantou-se e desapareceu pela porta da casa de banho; voltou pouco depois, com um dildo de duas pontas, com ela a abrir com os dedos a abertura que a sua tanga tinha no meio das pernas e a enfiar uma ponta do dildo da sua ratinha, excitando-se com as repetidas penetrações daquele objecto fálico… nem sei como ela não foi buscar o strap-on com dildos para ela também.

- Amor… – gemi, desesperada.

- Cala-te.

Senti que a minha marida estava a excitar-se mas tinha medo que ela quisesse vir-se sem acabar o que ela havia começado comigo! Porém, assim que ela soltou um gemido mais longo, ela parou e aproximou-se de mim, ainda com o dildo enterrado na sua ratinha.

- Achavas que te ia deixar aí abandonada, era? – sorriu, enquanto se ajoelhava entre as minhas pernas, com a outra ponta do dildo a meros centímetros da minha própria ratinha. Com a sua mão direita, enfiou aquela ponta daquele brinquedo na minha ratinha… – Vamos gozar as duas, ao mesmo tempo, amor da minha vida!

Deitou-se em cima de mim e beijou-me com intensidade, com ardor, com paixão, ao mesmo tempo que, com a mão direita, ela ia fazendo ambas as cabeças do dildo entrarem e saírem das nossas ratinhas em simultâneo…

Os nossos gemidos devem ter sido ouvidos por todo o hotel, tal foi a intensidade do orgasmo que pelo menos eu senti (só sei que ninguém nos veio bater à porta). Os nossos lábios então ficaram colados uma na outra, as nossas línguas enrolaram-se e, enquanto sentíamos as ondas daquele orgasmo percorrer os nossos corpos, partilhámos um linguado também cheio de intensidade e que acabou por prolongar um pouco mais o nosso clímax.

Quando finalmente nos acalmámos, olhámos uma para a outra e desatámos às gargalhadas: devíamos ter acordado aquela gente toda ali à volta, mas não queríamos saber, só interessava que, naqueles minutos, no mundo só tinha existido eu e Márcia; e que nos tínhamos unido num orgasmo em simultâneo, quase como se nos tivéssemos tornado numa só entidade. E isso fez-me sentir quente por dentro: era o voltar aos tempos do nosso namoro, em que partilhávamos orgasmos intensíssimos e às escondidas de todos – mas onde depois toda a gente sabia o que fazíamos por causa dos nossos gemidos…

Pensava nisso enquanto Márcia, já de pé e tendo retirado, limpo e guardado o dildo de duas pontas, me libertava das algemas e as guardava; depois voltou para a cama e, sem tirar nem botas nem luvas nem nada, se meteu na cama.

- Hoje vou dormir assim. E tu… podes dormir nua, assim como assim não era a primeira vez… – e Márcia sorriu.

- Mas tens de te deixar desse hábito de me cortares a lingerie toda. É que assim fico sem roupa interior nenhuma! – protestei, enquanto me levantava, fazia alguma ginástica para restabelecer a circulação nos membros depois de tanto tempo imóveis e me voltava a meter na cama, desta vez debaixo dos lençóis.

- É de maneira que passas a andar sem nada por baixo, qual é o problema? Isso também só atrapalha de qualquer maneira. – foi a resposta maliciosa.

Fiquei a olhar com cara de caso para Márcia, já aninhada junto a mim. Dei-lhe um beijinho nos lábios e fiquei abraçada a ela, deixando-me dormir assim.