domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma prenda de Natal


(um grande beijo para a minha Femme Parralel, sem a qual estas linhas não teriam sido possíveis)

Foi neste Natal último que tive uma das experiências mais marcantes da minha vida.

Era véspera de Natal, e, infelizmente, por motivos ligados à faculdade, não pude ir ter com a minha família. O facto de ter três projectos para entregar no início de 2010 fez com que, pela primeira vez em 25 anos, tivesse de faltar à consoada lá na terra. Depois de jantar um bocado de bacalhau aquecido no micro-ondas, liguei para lá, a desejar à minha malta um feliz Natal, e depois desliguei, ao ouvir alguém tocar-me à porta. Levantei-me e fui ver quem era.

 
Deparei-me com Ana e Andreia, as minhas vizinhas do apartamento em frente ao meu, e com quem eu costumava falar da minha vida, da solidão em que estava, tão longe da minha terra natal… como elas, nascidas em França mas radicadas em Portugal havia alguns meses. Naquela noite, haviam mandado a solidão às malvas e tinham vindo convidar-me para um copo. E aceitei, pensando na alternativa…
Fomos para um bar um pouco afastado do nosso prédio (tanto que elas me deram boleia no carro da Ana), onde tomámos um café, e nos entretivemos a falar das nossas consoadas típicas. Rimos e falámos, durante algum tempo, até que Andreia olhou para o seu relógio e disse que estava na hora de irmos. Tive alguma pena, porque, para mim, era um prazer desfrutar da companhia delas. No entanto, as surpresas ainda não haviam acabado…
À volta, em vez de regressarmos por onde havíamos vindo, vi o carro entrar por um caminho novo, por onde eu nunca havia seguido. Perguntei a Andreia, que vinha a meu lado, para onde íamos, mas, em vez de me responder, ela limitou-se a atar um pano preto em volta dos meus olhos e a sussurrar-me ao ouvido que era uma surpresa. Engolindo em seco, mas, internamente, confiando nelas e a gostar da ideia, assenti e deixei-me ficar, enquanto ouvia o carro a continuar a andar.
Subitamente, parámos. Ouvi Ana a falar com alguém no exterior – porém, não consegui perceber o que dizia – sendo seguida por um portão a ranger; de imediato, o carro voltou a andar, mas mais lentamente.
Instantes depois, detivemo-nos e o motor desligou-se. Ouvi duas portas a abrirem-se e as raparigas saíram; de seguida, a porta do meu lado abriu-se e Ana pediu-me para sair, agarrando gentilmente no meu braço, enquanto eu apresentava um leve sorriso nos lábios.
As duas raparigas ladeavam-me, guiando-me enquanto caminhávamos, e, de vez em quando, uma delas – não sei qual, visto eu continuar de olhos vendados – beijava-me lenta e docemente.
Então, parámos. Parecíamos estar defronte duma porta, pois ouvi o som duma campainha, ao passo que, do outro lado, se ouviam os rumores abafados de pessoas.
Quando a porta se abriu, o rumor tornou-se mais nítido. Uma mulher deu-nos as boas-vindas, e disse-nos que éramos esperados. Fiquei algo inquieto, especialmente pela aparente familiaridade entre a dona daquela voz misteriosa e as minhas companheiras, mas, ao sentir os braços de Ana e de Andreia a puxarem-me para diante, continuei.
Andámos até que uma delas avisou que íamos subir um lanço de escadas. O som de pessoas já não se ouvia, e os primeiros sinais de inquietação começavam a apossar-se do meu coração.
Perguntei-lhes o que se passava e onde estávamos; Ana aproximou-se de mim – apenas a reconheci pela voz – e disse-me, ternamente, para não me preocupar, que estava tudo bem – finalizando com um beijo nos meus lábios.
Quando chegámos ao topo das escadas, continuámos a andar. De vez em quando ouviam-se gritos e gemidos; comecei a ficar nervoso, mas ao mesmo tempo ansioso, desejoso… tive uma vontade louca de tirar a minha venda, mas decidi esperar mais um pouco, a ver o que aquelas duas estariam a aprontar. Afinal de contas, elas nunca haviam feito coisas destas comigo, sempre haviam sido tão dóceis e prazenteiras…
Parámos novamente, e uma delas bateu a uma porta. Após termos sido mandados entrar, fomos cumprimentados por uma outra mulher. A meu lado, depois duma longa pausa, ouvi a voz de Andreia:
- É um prazer estar de novo em sua casa, Miss Silva. Este é o rapaz de quem lhe falávamos…
A desconhecida respondeu:
- O prazer é todo meu, minhas queridas. Muito bem, muito bem… O quarto número 19 está já à vossa espera, façam de conta que estão em vossa casa. Divirtam-se!
Um suor frio começou a escorrer-me pela fronte abaixo; assim que abri a boca para perguntar, afinal de contas, o que se estava a passar, senti um aperto no braço que me fez não dizer nada. Ouvi-as sussurrarem entre si, a darem risinhos, enquanto eu sentia-me cada vez mais nervoso e paranóico… De olhos ainda vendados, levaram-me dali para fora.
A nossa caminhada, desta feita, não foi muito grande: dentro de pouco tempo estávamos dentro duma nova divisão. Uma delas guiou-me até uma poltrona, aparentemente, e fez-me sentar nela. Era confortável, sentia-me bem – no entanto, o meu coração ainda batia forte, apertado pela dúvida, pela incerteza, corroído pelo silêncio que elas me haviam imposto – sempre que eu tentara perguntar-lhes alguma coisa, elas haviam-me calado.
Ouvi os seus passos em redor de mim, os seus risinhos dissimulados; tive vontade de ver o que elas estavam a preparar, mas decidi ficar quieto, e esperar pela surpresa (boa ou má) que elas tinham para mim, e por várias vezes ouvi ruídos que se assimilavam a roupa a ser vestida e despida.
Pensei em algo agradável, para tentar combater a inquietação que assolava o meu coração. E a minha mente voltou para a minha Femme Parralel, a pessoa que mais me tem ajudado a combater a solidão, que me tem ajudado, enfim, das mais diversas formas… dos bons momentos que passámos juntos, dos carinhos, dos beijos, do sexo. E, com, tudo aquilo, o meu coração acalmou – tanto, que quase me esquecia de onde estava. De súbito, fui trazido de volta à realidade pela mão de uma delas, a agarrar na minha.
Levantou-me da poltrona e guiou-me pelo quarto até uma cama. Sentou-me lá, e senti mãos a agarrarem-me na roupa, a tirarem-ma.
A calma que eu sentira desapareceu: sentia-me nervoso novamente. Abri a boca mais uma vez:
- Mas… o que estão a fazer?
De resposta, obtive um “sssshhhh”, que me reduziu ao silêncio novamente. Por aquela altura, eu estava completamente nu, e à mercê das duas irmãs… e, no entanto, eu não estava a desgostar da sensação.
Uma delas vestiu-me algo, no tronco. Era qualquer coisa fria, algo elástica e apertada, mais que uma camisola, e apenas me cobria a parte de cima do peito; e era preso com fitas, talvez por aquela zona. De seguida, colocou-me algo em redor do tronco, algo que era apertado à frente.
Então, senti algo a ser-me vestido na perna direita – algo que me envolvia a perna até acima do joelho – semelhante a collants. O mesmo aconteceu na perna esquerda. E, subitamente, o significado daquilo atingiu-me: estavam a vestir-me com roupas femininas!
Senti que me estavam a calçar umas botas. Credo, comecei a sentir-me tão excitado… especialmente quando elas puxaram o fecho para cima, e me apercebi que eram das compridas, das que ficavam por cima do joelho.
Levantaram-me, e, para finalizarem, cobriram as minhas partes baixas com umas cuecas apertadas – ou uma tanga, não me conseguia aperceber. De seguida, ainda vendado, e fizeram-me andar pelo quarto. Mal me conseguia equilibrar em cima dos saltos-agulha das botas.
Quando parámos, um par de mãos retirou, finalmente, a venda que me obstruía a visão. Olhei em frente, vi um espelho…e vi-me. De soutien e corpete de cabedal, tanga, meias e botas compridas… Comecei a sentir o meu membro a crescer: estava tão sexy! E elas, as minhas duas melhores amigas, estavam tão góticas, tão provocantes, também de soutien, corpete, tanga, meias e botas, iguaizinhas a mim, mas também de boina negra na cabeça. Parecíamos gémeas! Fiquei ali a apreciar, a olhar-me, a mirar-me, virando-me de perfil… e gostei.
Ana e Andreia aproximaram-se de mim, cada uma de seu lado, abraçaram-se a mim e acarinharam-me. Ficámos ali uns momentos a sorrir e a olharmos para os nossos reflexos. Sentia-me tão feliz, mas não conseguia dizer nada. Sentia-me tão seguro ao lado delas, nunca me havia sentido assim dantes. Éramos amigos para a coboiada, para o convívio em geral – nunca se havia passado nada do género antes! Era tudo novo – mesmo novo – pois eu, até à data apenas havia tido um relacionamento, não era assim muito experiente…
De repente, o momento quebrou-se: elas pegaram em mim e encostaram-me à parede, prendendo os meus pulsos a um par de correntes que estavam suspensas do tecto. Deixaram-me de costas para elas, virado para a parede, mas com um espelho meio baço à minha frente, onde as conseguia ver – um pouco mal, mas conseguia… A minha respiração estava ofegante, novamente. Senti que algo iria acontecer, algo enorme – afinal de contas, era véspera de Natal... será que elas me iriam presentear?
Ana afastou as minhas pernas e começou a passar a língua furada pelas minhas pernas. Soube tão bem, e senti o meu pénis ainda mais duro – e a ser torturado, pois a tanga era apertada. A minha pele estava toda arrepiada. Ela largou as minhas pernas e abraçou-me, dando-me beijos nas costas, na nuca, acariciando-me o cabelo com uma das mãos. A minha Femme Parralel veio-me à lembrança novamente…
Fui interrompido quando Andreia se aproximou de mim e encostou ao meu traseiro algo que parecia… um dildo. Olhei para trás, algo preocupado, mas Ana agarrou-me na cabeça e forçou-me a beijá-la, enquanto o falo de plástico continuava em contacto com as minhas nádegas. Não sei porquê, comecei a gostar da sensação…
… então, Ana baixou-me a tanga e agarrou-me no pénis. Era incrível como ele estava duro, e senti-me algo envergonhado. Afinal de contas, elas eram minhas amigas! O que estávamos nós a fazer?
A rapariga começou a beijar o meu órgão, começou a lambê-lo… credo, a sua boca era magnífica, nunca pensei que ela pudesse ser assim tão boa. Nem me consegui mexer, só gemia. Atrás de mim, Andreia, que se tinha divertido, até então, a friccionar-me as nádegas com o seu dildo, sem se deter, introduziu um dedo no meu ânus.
Soltei um grunhido ao sentir o dedo aventurar-se dentro de mim. Nunca me haviam feito uma coisa assim, e… e eu estava a gostar! As minhas confidentes estavam a dar-me prazer ao mesmo tempo: Ana, por um lado, masturbava-me e fazia-me sexo oral, enquanto Andreia penetrava-me analmente com um dedo. Até que esta decidiu substituir o dedo por algo mais grosso…
Quando senti o dildo todo dentro de mim e o seu baixo-ventre a bater nas minhas nádegas, soltei um gemido de prazer. Nem me havia apercebido de ter sustido a respiração. Com Ana de joelhos, à minha frente, eu estava a sentir-me completamente fora de mim. As mãos de Andreia seguraram-me pelas ancas, enquanto ela me ia penetrando. Nem conseguia dizer nada: afinal de contas, estava no meio de experiências novas, e que me estavam a saber tão bem.
Ana levantou-se, ainda agarrando no meu pénis. Os seus braços envolveram-me, tanto a mim como à sua irmã, que continuava a penetrar-me analmente, e beijou-me, enquanto me fazia entrar em si. Ninguém falava, ninguém dizia nada: não eram necessárias palavras, pois entendíamo-nos perfeitamente. As raparigas praticamente não se mexiam: era eu que controlava a velocidade a que Andreia me penetrava, e que eu penetrava Ana. Os seus lábios beijavam-me, a sua língua invadia a minha boca, e, ao mesmo tempo, sentia os lábios de Andreia a beijarem a minha omoplata, as suas mãos a acariciarem-me o peito, a meterem-se por debaixo do meu soutien.
Era, sem dúvida, um momento único, talvez o maior momento de prazer que eu alguma vez havia tido… mas, subitamente, o meu pensamento regressou à Femme Parralel, e como eu gostava que ela estivesse ali. Como seria? Que sentiríamos naquele momento, com aquelas duas raparigas entre nós?
E, para não variar, fui interrompido nos meus pensamentos com uma mordidela no pescoço, dada por Ana. Os seus gemidos haviam aumentado de volume, e quase podia imaginar que ela estaria perto de atingir o clímax.
Continuei a movimentar-me a meu bel-prazer, entrando bem fundo em Ana, e, por conseguinte, sentindo Andreia entrar em mim da mesma maneira. Comecei a lutar para conter o orgasmo: eu não queria que aquele momento acabasse!…
Senti uma das mãos de Andreia abandonar o meu corpo; para, instantes depois, dar um salto de surpresa ao ter um dos seus dedos a entrar em mim, junto com o dildo. Fiquei ainda mais descontrolado: ela estava a abusar de mim… e eu a adorar todos os momentos! Não consegui suster um berro de prazer…
Com movimentos rotativos, Ana deixava-me ainda mais fora de mim, comigo a fazer um esforço titânico para me conter, para me aguentar; porém, conseguia denotar pela sua respiração, pelos seus gemidos, que não teria de o fazer por muito mais tempo.
De súbito, Ana deu uns passos atrás, fazendo com que eu saísse de dentro dela. Ajoelhou-se à minha frente, com uma de suas mãos no seu baixo-ventre, a outra agarrando o meu pénis; sem hesitar, colocou-o novamente dentro de sua boca… e toda a minha luta se tornou vã: no instante seguinte, a sua boca, as suas mãos, a sua cara, eram invadidas pelo meu sémen, enquanto eu largava um grito abafado, de duplo prazer – duplo pelo orgasmo, que foi longo e saboroso, e por Andreia me ter agarrado pela cintura novamente e me ter voltado a controlar, penetrando-me loucamente. Até que, instantes depois, a ouvi gemer também.
Depois de nos acalmarmos, deitámo-nos os três na cama, todos abraçados, como se fôssemos, realmente, irmãs. Trocámos beijos doces, ternuras e carinhos, lembrando aqueles momentos de prazer intenso. Rimos e beijámo-nos, sentindo uma sensação de júbilo inenarrável.
Sem sombra de dúvida, foi o melhor momento da minha vida, a melhor prenda de Natal que alguma vez recebera. Uma prenda entregue por duas amigas maravilhosas, duas companheiras incomparáveis… ao abraçá-las, senti que não poderia estar melhor.

Excepto… excepto com a presença da minha Femme Parralel. Como adoraria ter ali, connosco, no meio de nós, sorrindo também, sentindo-se saciada, amada, desejada. Livre.

1 comentário:

  1. A història ficou magnifica, Lindo!
    Mesmo com o toque literàrio, inteligente e sensual de Vygnaskrl!
    Beijos e obrigada por gostares e transformares a dica, numa excelente short story. ;)

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