segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A terceira pessoa

(história anterior)

Fui até à casa de banho e lavei os dentes. Ana já estava deitada, de lingerie vestida (ela adorava dormir com roupas sexy vestidas, às vezes mesmo com sapatos ou botas, que se há-de fazer?) e à minha espera. O relógio marcava “22h53” – não era tarde como de costume, mas tínhamos pensado em entretermo-nos um bocadito antes de dormir. Por isso mesmo, despachei-me a lavar os dentes, pensando já no que iria acontecer naquela noite; algumas ideias, confesso, fizeram-me ficar “de pau feito”…


Cuspi o último golo de água, fechei a torneira e fui coxeando para o quarto… quando a campainha da porta tocou. E, logo a seguir, mais um toque.
- Foda-se, mas quem raio pode ser a esta hora? – berrei. Ainda assim, fui coxeando pela casa, agarrado à minha bengala, descendo as escadas a custo e dirigindo-me para a porta da rua. Olhei pelo buraquinho mas não vi ninguém.
- Estúpidos de merda… – murmurei, dando meia-volta e começando a dirigir-me para o meu quarto. Todavia, havia subido os primeiros degraus da escada quando a campainha voltou a ouvir-se.
- Ai o caralho… anda alguém com vontade de me foder a pouca paciência. – murmurei. Regressei à porta, pé ante pé, abri sub-repticiamente as trancas da porta e esperei, de bengala erguida acima da cabeça. Assim que voltei a ouvir a campainha, abri a porta de rompante e avancei para a rua:
- Filhos da puta, vão brincar com a…
Não pude acabar a frase porque dei por mim a olhar para um buraco negro, daqueles que não gostamos de ver à nossa frente. Um buraco que estava ligado a uma pequena pistola com silenciador.
- Merda… – amaldiçoei-me.
- Boa noite. – ouvi uma voz feminina dizer, num inglês muito british – Aconselho-te a largares a bengala, a virares-te lentamente e sempre de mãozinhas para cima e dirigires-te para o teu quarto.
- Uhm… Eu tenho uma perna má, preciso da bengala para andar… – retorqui.
- Pois, pois. Então andamento. Mas sem ideias tristes.
Acabei por obedecer, reparando, apesar da escuridão, que se tratava de uma loira vestida de azul; fui andando lentamente e sem sobressaltar a minha captora, que fechou a porta da rua após passarmos.
- Amor, quem é? – ouvi a voz de Ana a vir do quarto.
- Shhhhh, não digas nada. – senti o silenciador a ser-me encostado à nuca – Continua para o quarto.
Continuei a coxear, com uma mão no ar e a outra a usar a bengala para ajudar a subir os degraus que conduziam ao primeiro andar da casa e ao meu quarto e o de Ana, tentando pensar numa maneira de inverter a situação. Todavia, não conseguia pensar em nada.
Quando entrei no quarto, Ana ficou perplexa a olhar para mim; todavia, quando ela viu a loira atrás de mim, soltou um grito abafado.
- Lucy…?
- Olá, gatinha. – ouvi atrás de mim. A voz da inglesa parecia alegre.
- O… o que raio estás tu aqui a fazer? E porque estás assim vestida?!
- Bem, Ana, estou aqui para te prender porque tu estás há meses sem me dizer o que quer que seja! Por isso, estou aqui para te colocar sob a minha custódia.
- Tu… tu conheces esta gaja? – perguntei à minha mulher.
- S-sim… eu trabalhei com ela aqui há meses…
- Oh, merda… mais um caso, amor?
Não era anormal nela: ela envolvia-se tanto com as raparigas com quem trabalhava nas sessões fotográficas que, muitas vezes, ela acabava a noite a dormir com elas. Bom… às vezes perguntava-me porque havia aquela rapariga casado comigo e revelado tanta paixão e amor por mim, se ela era assim tão atraída por raparigas…
- Bom… – começou Ana, mas a tal Lucy continuou:
- Sim, eu e ela tivemos um affair; e, como eu tenho andado cheia de saudades dela, decidi visitá-la, mais ao seu maridinho… e divertir-me um bocado. – a sua mão deu-me uma nalgada – Vá ver, rapagão. Despe-te.
- O quê? – senti-me surpreendido.
- Ouviste-me. Tira as roupas. Não volto a repetir.
Enquanto obedecia, pude deitar um olhinho àquela “polícia”: de longo cabelo loiro, tinha um par de olhos negros de aspecto triste, um nariz arrebitado e lábios tentadores, tudo numa cara oval. Cobrindo o seu peito firme estava uma espécie de vestido/uniforme de polícia azul de uma só peça – vestido porque terminava numa espécie de saia sobre o joelho – e de fecho de cima a baixo; pela coloração das suas pernas, deduzi que ela devia ter ou collants ou meias de ligas; e, nos pés, um par de botas de salto alto azuis, pelo joelho.
Devo ter reagido de alguma forma, porque vi Lucy sorrir enquanto me olhava dos pés à cabeça, com o seu olhar a deter-se durante algum tempo na zona do baixo-ventre, olhando-me para a pila.
- Estou a ver que gostaste de olhar para mim… – ela riu-se.
- Porque… porque estás aqui? Meu Deus, Lucy… o que fizeste? – Ana parecia em choque.
- Eu, uhm… eu tive saudades tuas, gatinha. Há meses que tenho estado à espera de receber algo teu, uma carta, um mail, alguma proposta de trabalho contigo, mas nada… comecei a ter saudades tuas, pensando em ti, masturbando-me enquanto pensava em ti, e pensei fazer algo sobre isso.
- E o que vais fazer connosco? – perguntou Ana, com um ligeiro tom de pânico na voz.
- Primeiro, vou acomodar o maridinho para o espectáculo. – Lucy declarou, com um rolo de corda na mão; depois ela guardou a arma, agarrou-me nos pulsos e amarrou-mos atrás das costas.
A partir do momento que eu deixei de estar sob a mira da arma daquela estranha, eu podia ter-lhe saltado para cima e acabado com a ameaça; todavia… por um lado, queria ver o que se ia passar; por outro, estava ainda algo perturbado com o facto de a minha mulher conhecer aquela mulher loira que me apontara uma arma à cabeça…
- Pensei muito no que te haveria de fazer, meu querido… – provocou Lucy, agarrando-me na pila – Pensei em enfiar-te um vibrador no cu e deixar-te aí a ver-nos… mas eu bem sei que os homens gostam de ter coisas enfiadas neles, portanto não vale a pena fazer isso. Em vez disso… – a corda com que ela me amarrara os pulsos era longa, e ela havia-os preso numa das pontas. Ela passou-me a corda pelo rego do cu e começou a atar-me os tomates e a pila, um nadinha apertados demais.
- Foda-se! O que pensas que estás a fazer, puta?!
- Demasiado barulho… – Lucy agarrou num rolo de fita adesiva e, apesar do meu estrebuchar, fechou-me a boca com tiras; de seguida, ela fez-me ajoelhar para amarrar os meus tornozelos – Finalmente, algum silêncio. Agora, se não te importares, quero ver se ainda me recordo como sabe a rata da tua mulher.
Olhei para Ana. Desde que eu fora manietado, ela quedara-se imóvel na cama, os seus olhos a transmitirem o seu grau de perplexidade ante a situação que se desenrolava diante dos seus olhos. Assim que Lucy se aproximou dela, ela pareceu fugir dela.
- Oh, gatinha, por favor… não te vou magoar. Posso… posso fazer-te uma pergunta?
- O quê, Lucy?
- Ainda usas a corrente que te dei?
Grunhi. Uns meses antes, eu realmente vira que ela passara a usar uma corrente no tornozelo, mas nunca me dissera onde a havia arranjado – e quem lha havia dado. Ana puxou o lençol para baixo, mostrando a sua lingerie – e por baixo da meia preta, era perfeitamente visível a correntezinha de prata à volta do tornozelo.
- Boa… querida, é assim que dormes? – perguntou Lucy, admirada.
Era uma boa pergunta, porque a lingerie que Ana vestia tinha muitas utilidades – mas dormir não era uma delas, certamente. Ela tinha um soutien de cetim preto bastante revelador, com tanga – que tinha um buraco por cima da sua ratinha – e cinto de ligas a condizer, as já referidas meias de ligas e um par de sapatos de salto alto pretos (apesar de ela ser louca por botas, na cama ela preferia usar sapatos). Ana corou.
- Sim. E, erm… eu estava pronta para o meu homem, e…
Lucy não a deixou acabar: ela agarrou a cabeça de Ana e beijou-a nos lábios durante um largo tempo, abraçando-a posteriormente. A princípio, Ana não se mexeu; depois, ela fechou os olhos e beijou-a de volta, enquanto Lucy tirava a pistola da cintura e a colocava em cima da mesa-de-cabeceira.
Eu sempre gostei de um bom show lésbico, especialmente se a minha mulher estivesse envolvida – um dos motivos pelo qual eu apoiei a sua carreira como modelo erótica. Mas estar perto dela enquanto ela beijava outra mulher, apenas as duas ali… senti-me crescer, mas a dor causada pela corda que me amarrava os órgãos sexuais fez-me grunhir. Lucy olhou para mim e riu-se.
- Vês, gatinha, o maridinho está a gostar…
Dito isto, ela continuou o beijo, baixando as alças do soutien de Ana com uma das suas longas unhas brancas, baixando a peça de lingerie por completo depois e revelando os seios generosos de Ana, com os seus piercings nos mamilos. A boca de Lucy desceu e começou a beijar um dos mamilos da minha mulher, a ponta da sua língua a brincar com o anel do piercing, com uma das suas mãos a mexer no outro seio dela. Com a outra mão, Lucy começou a puxar o fecho do seu uniforme de baixo para cima, parando na zona da cintura e revelando que, por baixo dos collants, ela não tinha roupa interior.
- Lucy, tu… tu és louca… – sussurrou Ana, enquanto as suas mãos começavam a meter-se por baixo do uniforme da sua amante.
A inglesa colocou um dedo sobre os seus lábios.
- Gatinha, não fales. Toca-me, apenas.
Enquanto ela se entretinha a brincar com os seios da minha mulher, as mãos de Ana tocaram no baixo-ventre da loira e ela começou a passar os dedos pelos lábios vaginais de Lucy, por cima dos collants.
- Ahhhh, sim, gatinha, isso sabe tãããão bem… – soluçou Lucy, entre duas lambidelas nos peitos de Ana.
A cena que estava diante dos meus olhos era tão deliciosa que tive de colocar os meus pulsos o mais baixo possível para tentar aliviar o aperto da corda que tinha enrolada à volta da pila, porque esta estava a ficar cada vez mais erecta; todavia, a dor ainda era excruciante.
Completamente esquecida da minha presença ali, Ana deitara-se de costas na cama e Lucy trepara para cima dela, sentando-se em cima da cara dela. A minha mulher lambia-lhe a ratinha ainda com os collants pelo meio, enquanto as suas mãos tocavam nos agora expostos seios de Lucy. Então Lucy baixou aquela camada de nylon, dando à amante acesso directo às suas partes baixas.
- Oh, querida… – gemeu Ana – Já me tinha esquecido de quão deliciosa é a tua ratinha…
- Querida, cala a boca e come-me! – a loira estava quase a gritar, a tremer de desejo, enquanto agarrava na farta cabeleira escura de Ana, não lhe dando outra hipótese senão beijar-lhe o clitóris e penetrar-lhe os lábios vaginais com a sua língua perfurada. Uma das suas mãos deixou o peito de Lucy e saiu do meu ângulo de visão; mas não me admiraria nada se ela se tivesse começado a masturbar.
Lucy fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás à medida que a língua da minha mulher acelerou, fazendo a inglesa gemer mais e mais, gemidos que se transformaram em gritinhos agudos assim que Ana a fez atingir o clímax. Só naquela altura é que Lucy largou a cabeça de Ana (que, supostamente, ainda se estaria a masturbar), deixando-a cair para trás, sobre a almofada.
Subitamente, e enquanto ela começava a brincar com os seus próprios mamilos, Lucy olhou para mim.
- Gostavas de estar aqui, não é, rapagão?
A dor na minha pila aumentou com mais uma erecção forte, que aumentou quando ela se levantou de cima do corpo de Ana e se aproximou do local onde eu estava ajoelhado. Ela passou a palma da mão pela cabeça da minha pila, torturando-me ainda mais; de seguida, aproximou o seu baixo-ventre da minha cara, forçando-me a cheirá-lo.
- Cheira-me, vê-me… podes ver, mas não podes ter. – ela riu-se e regressou para a cama, onde Ana masturbava-se agora com as duas mãos.
- Pssst, querida, não te posso deixar assim… – Lucy deitou-se por cima de Ana mais uma vez, desta vez encarando o baixo-ventre da minha mulher – Podes continuar a beijar-me a cona, gatinha… podes ter a certeza que eu te vou recompensar. – e começaram a fazer um ‘69’ ali mesmo à minha frente.
Assistir àquele espectáculo ali, com ambas as raparigas, delirantes, a lamberem as ratinhas de cada uma, era uma loucura – talvez pela dureza da minha pila, mas não só – quer dizer, havia muito tempo que eu não via a minha mulher aos beijos com outra menina à minha frente. E quanto mais pensava nisso, mais eu as via, embrenhadas cada uma na ratinha da outra, beijando-a, lambendo-a, acariciando-a, penetrando-a…
Ambas as raparigas olharam para mim quando um rugido abafado ecoou pelo quarto, um rugido de deleite e de dor, assim que eu senti uma incontrolável vontade de me vir. Credo, aquela corda estava a dar cabo de mim! Mas o que aquelas duas estavam a fazer uma à outra… era terrivelmente excitante, demasiado para eu aguentar. Lucy sorriu, voltando a dar atenção à ratinha de Ana; esta continuava a encarar-me, para no momento seguinte rolar os olhos e inclinar a cabeça para trás ao atingir o orgasmo. A mão de Lucy voltou a agarrar-lhe no cabelo e forçou-a a voltar a dar atenção à vulva da sua amante loira.
- Por favor, Lucy… – ela começou, mas foi interrompida por mais um gemido proveniente da inglesa. Depois, seguiu-se mais um orgasmo.
Quando se acalmou, Lucy levantou-se e aproximou-se de mim. Encarando-me de mãos nos quadris, ela riu-se.
- Oh, olha só para a porcaria que fizeste… devias de a limpar toda com a língua, sabias?
A sua mão agarrou-me na pila e, para meu alívio, começou a desatar-me os meus órgãos sexuais, todos encarnados depois daquela tortura.
- Lucy, o que vais fazer? – perguntou Ana, com alguma preocupação na voz.
A inglesa não respondeu; em vez disso, ela deitou-me no chão, com a minha barriga sobre a mancha de sémen que fora obra do meu orgasmo e deixou-me ali durante um momento, pensando, enquanto eu sentia um arrepio ao sentir os meus fluidos em contacto com a minha própria pele. Então, ela voltou-se.
- Gatinha, fica na cama… ainda temos uma longa noite à nossa frente.
- Mas…
- Nada de ‘mas’, amor. Faz o que te digo. – comandou Lucy.
Ela sentou-se na beirinha da cama, unicamente de cinto de ligas, meias e saltos, com uma expressão de confusão na cara… mas com uma chama de luxúria ainda a arder nos seus olhos, enquanto ela via Lucy a amarrar-me os tornozelos à corda que me restringia os pulsos; quando concluiu essa tarefa, ela agarrou numa manta enorme e segurou-a sobre mim.
- Bem, desculpa, docinho, mas, a partir de agora, o espectáculo é só para meninas. – ela deu uma gargalhadinha e cobriu-me com a manta.
Sinceramente não sei qual a maior tortura: vê-las, com a minha pila toda amarrada e apertada, ou poder apenas ouvi-las a rir-se e a gemer e a vir-se… tentei mexer-me de forma a tirar a manta de cima de mim, mas era impossível, aquilo era pesadíssimo: devia ser a manta amarela e azul que costumamos colocar sobre a nossa cama de casal, que pesa quase uma tonelada.
Eventualmente, e apesar dos sons de prazer das duas meninas, deixei-me dormir.

Na manhã seguinte, fui acordado por Ana, que prontamente me soltou e tirou a fita da boca. Ela ainda estava de cinto de ligas e meias.
- Onde está aquela cabra?! – perguntei, irado.
- Saiu… saiu há uns minutos. Amor, desculpa-me… – ela começou, com uma cara triste, mas eu interrompi-a.
- Não digas nada… preciso de um banho. – e fui coxeando em direcção da casa de banho, reparando que Ana parecia estar quase a chorar.
Francamente, eu não me sentia assim tão chateado como aparentava, mas tinha vontade de fazer Ana sentir-se mal porque… bolas, ao menos podiam ter-me convidado, ou algo parecido. Ou, pelo menos, não me terem atado a pila…
Respirei fundo, contei até dez, abri a torneira de água quente, suspirei e perguntei em voz alta:
- Juntas-te a mim, amor?
Uns segundos depois, ela apareceu, de olhos brilhantes.
- O que disseste?
- Hahh, anda cá, amor… vamos tomar banho juntos. – sorri, abrindo os braços.
Ela sorriu também e aproximou-se, limpando as lágrimas e sentando-se na sanita fechada para descalçar as meias. Rapidamente recordei os acontecimentos da noite anterior.
- Uh, Ana?
Ela olhou para mim, acabando de se despir.
- Sim, querido?
- Hás-de me contar como conheceste aquela rapariga…

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