domingo, 29 de novembro de 2009

A obsessão

(história anterior)

Atirei-me para cima da cama, largando as malas que trazia. Estava tão cansada, depois de ter estado fora de casa três dias, comendo comida de plástico constantemente, dormindo poucas horas num hotel… às vezes, odiava ser uma hospedeira de voo. Pagava bem, mas era um emprego tão exigente…
Descansei um pouco, encostada na cama, quase me deixando dormir. Felizmente, nos dias seguintes iria estar numa licença bem merecida, portanto teria tempo de sobra para recuperar energias. Pensar nos dias de férias fez-me sentir um pouco melhor; levantei-me e, lentamente, comecei a desabotoar a minha camisa branca. Ao passar os dedos pela minha pele, podia sentir o quão tensa eu estava, depois de horas de voo continuo, de lidar com tantas pessoas – umas mais educadas, outras nem tanto. Suspirei, baixando o fecho da minha saia azul. Tirei os meus saltos pretos, que caíram no chão com grande barulho, e de seguida o cinto de ligas que trazia, e que tantos problemas me havia dado – porque me estava um pouco apertado e não havia tido tempo de o trocar; as meias creme foram a seguir, e, para finalizar, retirei o meu soutien e cuecas brancas.

 
Espreguicei-me, sentindo, lentamente, a tensão a sair do meu corpo, começando a sentir-me algo aliviada. Comecei a massajar o meu corpo, a esfregar a minha barriga… e então lembrei-me. Céus, como me podia ter esquecido… d’Ele?
Saí da cama e fui à procura do meu soutien e da minha tanga pretas na gaveta de cima da minha mesinha de cabeceira; vesti ambas as peças calmamente, assegurando-me que ambas as peças me caíam bem; então, agarrei numa chave e parei defronte da única porta fechada da minha casa, mesmo ao pé do meu quarto. Abri-a e entrei, de gatas.
Para lá da porta, eu tinha o que se poderia chamar um altar – se bem que, neste caso, “capela” fosse uma designação mais adequada – dedicada a uma pessoa apenas. Ele. Tinha tantas fotos d’Ele coladas à parede, recortes de jornais, fotos que eu mesma Lhe tinha tirado, screen caps das Suas aparições na televisão… e, encostado à parede – onde eu tinha um poster gigantesco d’Ele, que um amigo meu havia surripiado para mim quando Ele participou no Big Brother Celebridades – estava um boneco que era uma cópia fiel d’Ele, como se O tivessem imortalizado no Museu de Cera de Madame Tussauds, e que me havia custado quase todo o dinheiro que tinha. Era uma representação perfeita, captando os Seus olhos castanhos, o Seu cabelo castanho-claro e ondulado, as Suas feições angelicais… era quase como se O estivesse mesmo ali, à minha frente.
Vou-vos confessar: eu estava completamente obcecada com um treinador de futebol com vinte e muitos anos, muito bonito, e a partir do momento que O vi nos jornais desportivos, eu soube que o meu coração Lhe pertencia só a Ele. Escrevi-Lhe montes de cartas, mas, se às primeiras Ele ainda respondia, depois da quarta ou quinta deixei de receber resposta – e a última continha apenas as palavras “Deixa-me em paz!”; no entanto, ainda Lhe escrevo, dizendo-Lhe a verdade, que eu seria a companheira ideal para Ele, apesar dos seus três casamentos e do amor que Ele demonstrava pela sua mulher actual – que, na minha opinião, tem um ar de puta que tresanda, e o mesmo acontecia à anterior. Porém, eu sei que o Seu desdém é apenas para mascarar o amor que sente por mim, e assim, venero-O por ser o homem mais lindo do mundo.
- Boa noite, meu Amor. Regressei.
Aproximei-me da Sua imagem, ainda de gatas, e parei a um metro d’Ele.
- Peço desculpas por ter estado ausente durante tanto tempo… mas o meu trabalho é bastante exigente.
Beijei o pé do boneco – o Seu pé.
- Mas pensei em Ti todo o tempo. – acrescentei.
Ainda olhando para o chão, pensei no que dizer.
- Eu, uh… eu masturbei-me, todas as noites, sempre pensando em Ti.
Os meus lábios haviam começado a subir pela Sua perna acima, lambendo as Suas calças e parando ao chegar ao seu baixo-ventre – quantas vezes não tinha eu já cumprido aquele ritual? Desapertei-Lhe as calças – sim, o boneco estava vestido com roupas normais – e parei a contemplar o Seu enorme órgão – pois o boneco era anatomicamente correcto até aos mais ínfimos detalhes.
- Estás sempre tão duro, minha Paixão… gostava de Te poder ajudar com isso.
Abri a boca e comecei a chupar no Seu membro comprido. Era-me difícil contê-lo todo dentro da boca, mas fi-lo o melhor que pude, e senti-me a ficar excitada. Era tão bom, estar a chupá-l’O (melhor, melhor, só se o estivesse a fazer ao retratado pelo boneco)… Retirei-O de dentro de mim, e olhei-O nos olhos.
- Que desejas que faça hoje, Amor?
Esperei pela resposta, imaginando os Seus lábios a mexerem-se.
- Muito bem, assim farei.
Deitei-me de costas e baixei a minha tanga, pondo à mostra a minha vulva rosada. Acariciei-a para Ele.
- Gostas dela, meu Querido? É Tua, como eu sou Tua.
Preparava-me para me masturbar, como ele me havia ordenado, quando me parecei ouvi-l’O.
- Como?
Silêncio.
- Tens a certeza?
Engoli em seco.
- Mil desculpas. Esqueci-me. Tu mandas, eu obedeço. Assim farei.
Levantei-me e fui ao meu quarto buscar o maior vibrador que possuía. Regressei à Sua presença com um monstro de vinte e cinco centímetros de comprimento, preto e bem grossinho. O “barrote”, como eu lhe chamava. Voltei a deitar-me de costas no chão, com o dildo na mão e olhando para Ele.
- Espero que gostes.
Aproximei a ponta larga do dildo do meu traseiro; fechando os olhos e abrindo as pernas o mais que podia, comecei a senti-lo invadir o meu ânus, enquanto eu gemia de dor: Ele adorava ouvir os meus gemidos, quer fossem de dor ou de prazer. Quando senti que o “barrote” não conseguia avançar mais, parei.
- Assim, meu Amor? – susurrei, tentando mexer-me o menos possível.
Vendo a Sua enorme masculinidade, sempre grande, fez-me desejar que Ele Se ajoelhasse e me tomasse, me invadisse, me agarrasse pelos cabelos e me insultasse. A minha mão aproximou-se do meu baixo-ventre: queria mostrar-Lhe o quão suja eu podia ser…
- Por Ti, meu Senhor…
Perante o Seu olhar sempre atento, enfiei lentamente a minha mão na minha rata. Cerrei os dentes e tentei disfarçar o desconforto que sentia: Ele não o poderia notar. Consegui imaginá-l’O a crescer, ao ver-me, completamente louca, a enfiar a minha mão em mim mesma. A minha outra mão meteu-se por debaixo do soutien e começou a apertar-me os mamilos, a tentar magoar-me o mais possível.
- Gostas de mim assim, meu Querido? A enfiar coisas em mim? A ser uma perfeita vaca?
Sorri.
- Ainda bem que gostas… é só por Ti.
Imaginei que a minha mão era o Seu órgão, a penetrar-me, a comer-me, a fazer de mim um mero objecto para o Seu deleite e para o Seu prazer. Apesar das dores, estava-me a sentir muito bem… especialmente porque Ele me estava a ver.
Subitamente, ouvi a campainha da porta.
- Foda-se, agora não! – gritei, já quase a sentir o êxtase que tanto procurava. Não era muito habitual eu soltar um palavrão daqueles, mas, naquela altura, eu estava possuída.
A campainha voltou a insistir. Fechei os olhos, desgostosa, e retirei a mão da minha rata. Pus-me de pé, e olhei para Ele.
- Volto já, OK, meu Amor?
Aproximei-me d’Ele e beijei-O. Inadvertidamente, o Seu membro tocou-me no baixo-ventre… e descontrolei-me. Marimbei-me para quem estava à porta e deixei-O penetrar-me, agarrando as Suas nádegas, levando-me à loucura. Os meus gritos de prazer sobrepunham-se à campainha que, agora, tocava incessantemente. “Se for importante, eles esperam”, era esse o meu lema.
- Ai, meu Deus, és tão delicioso… – gemi, entre beijos.
Quando, finalmente, consegui dar dois passos atrás e fazê-l’O sair de mim, abanei a cabeça, satisfeita. Sentia-me totalmente molhada.
- Fazes-me perder a cabeça, meu Querido… – suspirei, tentando recuperar a compostura. Baixei-me e agarrei na minha tanga, que eu vesti prontamente, continuando a ouvir a campainha a tocar. Devia de ser realmente importante… ainda ia ter de ir ao quarto buscar um robe – nem pensar em abrir a porta em lingerie. Dirigi-me em direcção da porta da minha “capela”, virando-me para Ele.
- Volto já, meu Amor. – e enviei-Lhe um beijo.

continua...

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