- Estou sim?
- Boa tarde…
- Boa tarde.
- Eu… hum… estou a ligar por causa do, erm… do anúncio… do anúncio no jornal que…
- Sim, faça favor de dizer.
- Gostaria de poder usufruir dos seus préstimos…
- Não sou eu que trato disso. – interrupção brusca – Quem trata dos actos é o meu associado.
- Ah… OK. E como é o preço?
- 75 euros a hora. Em dinheiro vivo, se fizer favor. E 25 cada extra. Se o quer vestido de menina, se quer usar brinquedos…
- Não, não, não quero nada disso. Pode estar ao natural.
- Depreendo que por “ao natural” signifique sem roupa, correcto?
- Sim, sim. Roupas para quê, mesmo?
- OK. Para que horas?
- 17h30.
- Certo. Então, só para confirmar: 1 hora, sem brinquedos, sem roupa, é assim?
- Hmm… sim, basicamente é isso.
- OK. A morada é…
Quando o homem desligou o telefone, olhou de soslaio para Sasha, que estava acorrentado a seus pés, sempre de vestido rosa como da primeira vez.
- Bom, ouviste o nosso cliente. Vamos tirar-te essas roupas e preparar-te para ele.
Pouco antes do relógio antigo da sala dar a badalada que assinalava as 17h30, ouviu-se o som da campainha da porta. O homem sorriu, dirigiu-se para o comando que estava ao lado da porta e carregou no botão que abria a entrada do prédio; um par de minutos depois, ouviram-se umas pancadinhas na porta. Assim que a porta foi aberta, entrou um homem que teria à volta de 60 anos, de baixa estatura mas vestido com um fato de fino corte, feito à medida da sua volumosa figura; o cabelo grisalho estava envolto em gel e a gola do casaco do fato estava cheia de inúmeras partículas brancas de caspa.
- Boa tarde. – cumprimentou o recém-chegado, estendendo uma mão cheia de anéis de ouro com uma pulseira de prata para o dono da casa, que prontamente a apertou.
- Boa tarde. Vem por causa do anúncio, não é verdade?
- Claro que sim. Onde tem a… encomenda?
O dono da casa torceu o nariz ao chegar-lhe o hálito do recém-chegado: uma mistura de tabaco com outra coisa qualquer, verdadeiramente nauseabundo.
- Ali no quarto de visitas.
- Mostre-me. Quer que pague já ou…?
O outro agitou a mão, cortando a pergunta do outro (e procurando aliviar-se do mau hálito do cliente):
- Não, não, nada disso! Depois está perfeito.
E virou costas, rumo à porta onde Sasha estava preso e à espera. A porta tinha uma chave na fechadura, que o dono da casa girou e torceu a maçaneta, abrindo-a e fazendo sinal para o cliente entrar.
Do outro lado, estava um quarto sem janelas e espartanamente mobilado com um único armário de pequeno tamanho e uma cama de ferro com um colchão de palha. Era em cima desse colchão que Sasha se encontrava, com uma venda de cabedal a cobrir-lhe os olhos e uma spider gag a forçá-lo a ter a boca permanentemente aberta, uma coleira de ferro a envolver-lhe o pescoço com uma comprida corrente do mesmo material a ligar a coleira a um dos ferros da cama. Tinha as mãos e os tornozelos algemados à mesma corrente, um aparelho de castidade metálico a cobrir-lhe e a inutilizar-lhe os genitais e um plug metálico a preencher-lhe o rabo. O dono da casa fez sinal ao Cliente para entrar.
- Eis o meu associado. Espero que esteja de acordo com o que pediu e com o que estava à espera.
O rosto do recém-chegado era tudo menos amigável.
- Está perfeito, mesmo como eu gosto. Posso?
- Faça favor. Quando acabar, se fizer favor, tranque a porta. Eu vou estar lá fora na sala. Se acabar o tempo antes de sair, eu aviso-o.
- Posso fazer-lhe o que me apetecer?
- Hmm, bom, sim. Dependendo do que for.
- Posso bater-lhe?
O dono da casa engoliu em seco.
- Bem… depende do estado em que me deixar o material. Mas desde que não faça sangue, por mim pode ser.
- De acordo.
E o dono da casa virou costas e desapareceu.
Fechada a porta, o Cliente olhou para Sasha, estendido na cama, a babar-se ininterruptamente, procurando perceber o que lhe ia acontecer; despiu-se lentamente, como se não tivesse pressa, mas sempre com os olhos fixos no corpo manietado que tinha à sua frente.
- És muito bonito. – declarou, por fim, quando acabou de se despir. Exibia uma proeminente barriga, flácida e pendida para baixo, que quase ocultava a zona do baixo-ventre e dos genitais, que, apesar de já estarem a crescer com a perspectiva de acção, não eram nem de perto nem de longe de tamanho suficiente a poder preocupar o híbrido – isto, claro está, se ele pudesse ver. O que era preocupante – e isso Sasha captou imediatamente – era que a questão da falta de higiene oral que o Cliente exibia se espalhava ao resto do corpo: tresandava a suor a debaixo das axilas e das pregas de banha que tinha na barriga.
O Cliente agarrou na corrente que estava presa ao ferro da cama, desenrolou-a e puxou Sasha na sua direcção, fazendo-o cair da cama e rastejar pelo chão.
- Lambe-me os pés.
Obedientemente, Sasha colocou a língua de fora e começou pelo pé direito, passando a ponta da língua pelo peito do pé, pelo dedo grande, pelos restantes dedos e pelo intervalo entre eles, tentando reprimir a sua repulsa: o cheiro que emanava daqueles pés era nauseabundo. Enquanto olhava para Sasha, o Cliente pegou nas calças, colocadas em cima dos ferros da cama, e retirou delas o cinto de cabedal que usava para as segurar. De súbito, deu uma vergastadas com a ponta de cabedal nas nádegas de Sasha.
- Acho que podes fazer melhor que isso. Mais língua e mais paixão pelo teu trabalho!
Por muito que tentasse, Sasha não podia fazer melhor, pois os cheiros e o cotão eram de ordem a causar vómitos; indiferente a isso, o Cliente continuou a dar com o cinto nas nádegas proeminentes da sua vítima, gritando para que esta se apressasse. Eventualmente Sasha mudou de pé, procurando cumprir a ordem dada e fazê-la com rapidez, mas o mau-cheiro continuava a ser uma constante… e as nádegas de Sasha começaram a ganhar uma cor rubra à medida que o cinto do Cliente as fustigava.
- Bom, vamos ver se melhoras a fazer outra coisa…
Puxou a corrente para cima, obrigando Sasha a erguer o corpo até ficar de joelhos à sua frente. Com a mão livre (a outra segurava a corrente e o cinto), segurou no queixo de Sasha, virou-o para a esquerda e para a direita, vendo as feições da sua vítima – ou aquilo que era possível ver das suas feições. Cuspiu-lhe na boca (e como soube bem a Sasha ter algo que permitisse disfarçar o mau sabor dos pés que tivera na boca!) e encostou-lhe aos lábios o seu órgão, erecto ao máximo – e pouco mais teria de 10 cm de comprimento. Um novo puxão da corrente mostrou ao híbrido o que iria ter de fazer a seguir: fez com que aquele pénis lhe entrasse na boca e começou a chupá-lo, a mexer a cabeça para a frente e para trás, procurando estimular aquele órgão pequeno… e tentando ignorar o fedor a urina que emanava dele: pelo menos o seu dono, o homem que o tirara da rua e o havia transformado num prostituto (ou numa prostituta, quando calhava), quando o montava, fazia-o sempre depois de tomar um banho!… O Cliente percebeu alguma hesitação de Sasha enquanto o estimulava oralmente e voltou a fustigar-lhe as nádegas com o cinto: e o híbrido, que até então fora capaz de aguentar os embates daquela língua de cabedal na sua carne desprotegida, começou a reagir com ligeiros gemidos a cada toque violento.
- Se não queres que te bata mais, chupa-me o caralho como deve ser! – gritou o Cliente, erguendo novamente o cinto – E daqui a bocado começas a levar com a fivela!
Tentando engolir a sua repulsa, Sasha procurou acelerar os seus movimentos, continuando a estimular aquele pénis diminuto, tentando que ele aumentasse de tamanho… mas parecia que não conseguia esticar mais do que aquilo, daqueles 10 cm. Ainda assim, foi o suficiente para o Cliente parar com as pancadas e começar a soltar gemidos de prazer.
- Pára, pára, pára! – gritou ele de repente, e tirou o pénis da boca de Sasha, que aproveitou o breve momento de pausa para respirar um pouco de ar sem outros aromas envolvidos – Não é na tua boca que me quero vir.
Voltando a pegar na corrente que servia de trela, obrigou Sasha a deitar-se de bruços sobre a cama, com os joelhos no chão. Verificou que a sua presa tinha um plug enfiado no rabo, retirou-lho de uma só vez, o que fez Sasha soltar um urro, e voltou ao local onde tinha deixado as calças penduradas para tirar do bolso o preservativo que tinha comprado antes de se dirigir para ali. Momentos depois, já de protecção posta, voltou a acercar-se de Sasha, encostando as suas pernas às nádegas imóveis do híbrido, colocando o seu pénis erecto naquele rego desprotegido onde se via um buraco aberto e à espera.
- Vou-te enrabar a sangue frio, e vai ser agora! – rosnou ele, ao mesmo tempo que colocava a ponta do pénis no esfíncter anal vulnerável de Sasha – Quero ouvir-te guinchar como uma cadela com o cio!
Ao entrar por completo em Sasha, o Cliente deitou-se sobre ele, apertando-o contra a cama, e o hermafrodita voltou a sentir aquele hálito fétido, desta vez contra a nuca. Porém, devido à pouca grossura do pénis do Cliente, o pouco prazer que Sasha sentia era abafado pela dor causada pelas pernas que apertavam as suas nádegas feridas, sendo essa dor a principal causadora dos gemidos que ele soltava a cada penetração e não qualquer prazer que ele estivesse a sentir…
O Cliente enrabou Sasha enquanto quis, vindo-se duas vezes dentro do cu do híbrido, enquanto este rezava para que a hora acabasse o mais depressa possível, para terminar aquele autêntico frete. E foi mesmo antes do terceiro orgasmo do Cliente que soaram três batidas na porta, com o dono do espaço a gritar que estava na hora. O Cliente ignorou a princípio, preocupando-se antes em desfrutar de mais aquele clímax; e só quando as ondas de prazer cessaram é que este abandonou Sasha, deixando-o ficar exactamente na mesma posição em que estivera durante quase meia-hora. Retirou o preservativo, deu-lhe um nó no gargalo e atirou-o ao chão, junto dos pés nus de Sasha, vestiu-se com languidez, lambendo os lábios recordando os momentos de prazer proporcionados pelo traseiro “daquele rapaz ou rapariga ou raparigo ou lá o que raio ele for”, virou-se para trás e saiu do quarto, enquanto Sasha suspirava de alívio e soltava algumas lágrimas, também ele recordando o que havia passado na hora anterior.
No exterior da sala, Cliente e dono da casa conferenciavam.
- Correu tudo bem? Que tal achou o meu associado? – perguntou o dono da casa.
- Maravilhoso! Fartei-me de gozar com ele… vim-me umas três vezes no cu dele!
- Óptimo, ainda bem. – ia começar a falar da questão do pagamento, mas o outro estava entusiasmado:
- Ainda tive foi que o domesticar um bocadinho… dei-lhe com o cinto no cu. Mas não ficou ferido, só vermelhusco. É uma foda muito boa!
- OK, OK. Posso só ir ver como ficaram as nádegas do meu associado? Só mesmo por curiosidade minha…
O Cliente franziu o sobrolho mas aquiesceu; e poucos segundos depois o outro estava de volta.
- Bom, vamos então a contas. São 75 euros, como tínhamos combinado.
O Cliente tirou a carteira do bolso, retirou de lá um molho de notas. Contou-as e entregou-as ao dono, que prontamente as meteu no bolso das calças.
- OK, tudo certo! – e dirigiu-se para a porta da rua, para deixar sair o Cliente.
Antes de sair, este virou-se para o dono – do espaço e de Sasha:
- Se calhar, para a semana volto cá outra vez. Gostei mesmo muito daquele cu. E daquela boca nos meus pés.
- Quando quiser… já tem o meu número. É ligar e combinarmos.
- Com certeza. Obrigado pela experiência. Tenha uma boa tarde.
Apertaram as mãos em jeito de despedida, então o Cliente virou costas e desapareceu pelas escadas abaixo.
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