terça-feira, 8 de outubro de 2013

O treino (parte 2)

continuação...

Passei umas horas horríveis. Era suposto tentar dormir mas o meu desconforto era demasiado. O meu cabelo estava ensopado em urina e exalava aquele cheiro a casa de banho mal lavada que me enojava e causava vómitos (e tive-os abundantemente), e a sensação das minhas cuecas húmidas no mesmo líquido fazia-me ter nojo de mim própria. Talvez fosse esse o objectivo daquela megera, humilhar-me até ao infinito… mas porquê? Que ganhava ela com isso? Afinal de contas porque havia sido raptada por aquela mulher – supondo que trabalhava sozinha? Tentei libertar-me, debati-me largo tempo, mas as minhas amarras não cederam um milímetro. E foi então que começaram os ataques de choro. O que seria de mim? Quanto tempo demoraria o meu marido a ir à polícia participar o meu desaparecimento?

 
Quando a mulher voltou, horas depois (presumo eu, pois ela esteve bastante tempo ausente), eu estava no mesmo sítio, na mesma posição, a soluçar desalmadamente. Ela quedou-se alguns instantes a admirar-me, envergando ainda as mesmas roupas do dia (?) anterior.
- Que se passa, escrava?
Tentei responder, mas obviamente nada se ouviu. Ela dirigiu-se até um armário, coberto pela obscuridade da sala, e retirou de lá algemas e uma faca de feitio militar. Então regressou à minha beira, encostando a lâmina fria da faca ao meu pescoço – e só então reparei que tinha algo à volta dele, algo que não era muito apertado, mas que não fazia parte da minha toilette habitual.
- Se tentares algo, é a última coisa que fazes, escrava. Percebeste?
Movi milimetricamente a cabeça, assustada com a perspectiva de um movimento mais brusco poder abrir-me a garganta. Então, a sua faca foi cortando as tiras de plástico que me amarravam e colocando uma das algemas no meu pulso direito e a outra numa argola (que eu ainda não tinha visto) da mesa onde eu havia sido deitada; a minha captora fez o mesmo com o meu outro pulso e os meus tornozelos, deixando-me numa posição de X, de barriga para baixo. Sempre com a faca na mão e com um sorriso nada agradável, ela sentou-se em cima do meu rabo e debruçou-se sobre as minhas costas.
Foi então que comecei a sentir uma dor lancinante na minha pele. Gemi e comecei a chorar novamente à medida que o bico da faca passou pelas minhas costas, aparentando desenhar algo – um ‘E’. Depois parou, a sua mão livre passou suavemente pela minha pele ferida, e pareceu-me sentir um beijo naquela zona.
- Oh, não fez sangue. – declarou ela, aparentemente desapontada… até se voltar a rir.
De seguida, voltei a sentir o bico da faca nas minhas costas: fechei os olhos e tentei aguentar a dor sem gemer – em vão. Indiferente ao meu choro e soluçar constante, ela continuou a escrever nas minhas costas durante largos minutos, até que finalmente se levantou, acariciando a zona ferida das minhas costas onde ela havia escrito a palavra ‘ESCRAVA’. Soltou mais uma gargalhada.
- Pronto, agora que já estás baptizada, podemos continuar com o nosso trabalho. – vi-a regressar ao armário e regressar com um chicote cheio de tiras de cabedal.
Ela começou por passar o chicote ao de leve pela minha pele das costas e das nádegas; então, sem avisar, o chicote bateu violentamente na minha pele. Mesmo amordaçada, gritei o mais que pude: a dor era atroz, quase como se tivesse a pele em fogo…
- Isso, escrava, grita…
Tentei preparar-me o melhor possível para os embates seguintes, tentando não lhe dar o prazer de me ouvir; só que a minha intenção caiu por terra logo na chicotada seguinte, novamente nas minhas costas. E mais uma. E outra. Nas minhas costas, nas minhas nádegas. Cada embate fazia-me chorar ainda mais, pois a mulher não estava a ter piedade de mim, e sentia as tiras de cabedal a enterrarem-se com força na minha pele, a ferirem o meu corpo.
Minutos depois, o chicoteamento parou. Ela ajoelhou-se perto da minha cabeça para me ouvir chorar. Então, arrancou-me a fita da cara e retirou-me as cuecas da boca.
- Porque me está a fazer isto?! – perguntei entre soluços.
- Eu vou-te dobrar, cabra. Vou-te transformar numa escrava obediente e dócil. E isto – levantou o chicote – vai ser a tua prenda sempre que não me obedeças.
- Mas… Mas porquê eu?! – voltei a chorar.
- Gosto da tua aparência. Apesar de seres um bocadinho mais velha que a minha mercadoria habitual, tens um aspecto inocente e bondoso; os compradores gostam disso.
- Compradores?! Para… para me comprarem?!
- Sim, escrava.
- Eu não sou uma escrava! Já lhe disse, eu não sou uma…
Fui duramente interrompida com mais um par de chicotadas nas costas, fazendo-me gritar a plenos pulmões. Se me tivesse sentado em cima de brasas, a dor que sentia não seria pior.
- És. Vais ser. E, quando eu acabar contigo, vais suplicar-me para te usar como eu quiser.
- Não me pode fazer isto!
Ela voltou a agredir-me com o chicote, desta vez nas nádegas.
- Eu posso fazer-te tudo o que quiser, tu és minha posse. E agora cala-te, estou farta de te ouvir choramingar.
- Ninguém me manda cal…
Daquela vez não foi com o chicote: a minha captora optou por me esbofetear com a sua mão.
- Eu disse-te para te calares, não disse?
O seu tom era algo dócil, quase amável; ainda assim, senti um arrepio na espinha, enquanto voltava a chorar. Levei mais uma bofetada… bolas, aquela mulher sabia bater. Apenas me havia tocado na cara um par de vezes e já sentia as faces em fogo...
- Calas-te ou não? – ainda o mesmo tom doce. Engoli em seco e procurei silenciar-me, assentindo.
- Óptimo. Altura de tratar das tuas costas.
Voltou a ir ao armário, mas desta vez não vi o que lá foi fazer. Quando regressou, senti algo líquido ser-me despejado nas costas… e começou imediatamente a arder-me na pele ferida. Álcool etílico! Fechei os olhos com força e cerrei os lábios, tentando deter o grito que queria sair à força. Era como se as minhas costas estivessem em fogo e tivessem atirado gasolina para ali...
- Não te armes em estúpida, isto é para o teu bem. – disse, enquanto passava a mão pelas minhas costas e esfregava o álcool na minha pele rubra.
"- Bom, finalmente aprendeste a arte do silêncio. – continuou, quando a sua mão abandonou o meu corpo – Agora, é tempo de mais uma lição: fazeres tudo o que o teu Dono quiser.
Então, ela agarrou numa chave e abriu-me as algemas, voltando a ameaçar-me para não tentar nada. A minha libertação durou pouco tempo, pois ela voltou a algemar-me à mesa, sendo a única diferença que agora eu estava de barriga para cima… e com as nádegas a suportarem o peso do meu corpo. Assim que me deitei, a dor na minha carne foi tão forte que, mais uma vez, tive de lutar para não chorar, fechando os olhos com força. Quando voltei a abri-los, deparei-me com a minha captora, mesmo por cima da minha cara, mais uma vez seminua da cintura para baixo! Fiquei à espera de sofrer mais um banho de urina… até que a ouvi:
- Lambe-me.
Confesso que não sabia o que fazer. A perspectiva de passar a minha língua pela rata de uma mulher não me agradava sobremaneira. Vendo a minha hesitação, ela não foi de modas: agarrou-me no meu cabelo escuro e puxou-me a cabeça para cima, encostando-me os seus lábios vaginais à minha boca.
- Não vou repetir-me. Das duas, uma: ou eu começo a sentir a tua língua na minha rata ou voltas a sentir o meu chicote nas tuas nádegas – e se pensas que elas já estão más, acredita que podem ficar muito piores…
O cheiro da sua vulva começava a dar-me vómitos: não a queria lamber. Só que eu também não queria levar mais porrada… A medo, hesitante, estiquei a minha língua e toquei-lhe num lábio vaginal… e fui mais uma vez esbofeteada.
- Só isso? Vá ver, mais língua!
Engolindo em seco, acabei por obedecer, odiando o que estava a fazer. Passei a minha língua por ambos os lábios da sua vulva, beijando-os e enfiando a ponta da língua o mais dentro que consegui do seu clitóris, ouvindo-a suspirar.
- Isso mesmo… Vês como consegues quando te esforças? Ai…
Fiz o melhor que pude para lhe agradar, com medo de levar mais uma mijadela em cima ou pior, ou de levar mais pancada. Disse para mim mesmo que aquilo só podia ser um pesadelo, que eu ainda estava a dormir e que tudo o que era preciso fazer para sair dali era acordar… só que eu sabia que era mentira: tinha as dores nas costas, nas nádegas e na cara para comprová-lo. E assim fui lambendo, beijando e chupando o clitóris daquela pérfida mulher, esperando que apenas me quisesse violar e que, no final de tudo, me libertasse… Mexi a minha boca e língua o mais depressa possível, tentando acabar com aquilo o mais depressa possível e dar-lhe o prazer que tanto ambicionava. E, efectivamente, alguns instantes depois, comecei a sentir algo doce e húmido na minha boca, enquanto ela gemia de deleite. Não engoli os seus fluidos, só essa ideia enchia-me de nojo – só que ela fez pior: esfregou a sua vulva na minha cara, sujando-me toda com aquelas secreções. Mais uma vez, voltei a lutar contra o vómito: para além de cheirar a mijo, agora tinha também o odor de uma rata…
- Nada mau, mas ainda podes melhorar muito mais a qualidade dessa boquita. – declarou, antes de olhar ao relógio – Hmm, já é hora de te levar para o teu novo quarto, escrava.
- Eu não sou uma escrava! – protestei.
- Oh, cala-te! – gritou ela, esbofeteando-me mais duas ou três vezes. Enquanto eu sentia o sangue na boca, ela regressou ao armário para buscar algo que, só depois reparei, era uma trela metálica. Prendeu-ma ao pescoço, fazendo-me finalmente entender que aquilo que eu lá tinha era uma coleira. De seguida, ela abriu as algemas que me prendiam os pulsos à mesa e voltou a algemar-mos atrás das costas. Soltou-me os tornozelos da mesa e tirou-me os sapatos, dizendo que, daí em diante, não precisaria mais deles. Enquanto falava, tirou-me também as meias e o cinto de ligas.
- E para onde…? – comecei a perguntar, mas a sua mão voltou a bater-me na cara.
- Não te dei autorização para falar.
Puxando pela minha trela, fez-me passar pela porta entretanto aberta pela minha captora.
O corredor onde agora estávamos era comprido e estava fracamente iluminado com meia-dúzia de lâmpadas amareladas pendentes do tecto. Fui arrastada por aquele espaço algo húmido, sentindo os meus pés ferirem-se a cada passo dado naquele chão repleto de pedrinhas afiadas. Comecei a gemer sempre que assentava um pé no chão, até que, para não variar, voltei a ser esbofeteada, desta feita durante alguns instantes, sendo atirada ao chão a seguir.
- Tu não há meio de aprenderes, pois não, puta?
Já não sabia o que fazer para melhorar a minha situação. Agora eram os meus joelhos que sofriam a tortura infligida pelo solo impiedoso daquele corredor. Quis-me levantar, mas foi-me difícil fazê-lo por causa de ter as mãos presas atrás das costas. Acabei por ter ajuda dela, ao puxar-me a trela com força para cima. Fiz força para não gemer, assim que os meus pés voltaram a ser feridos.
Aquele corredor acabava em mais uma porta que, depois de aberta, nos fez entrar noutro corredor, este com um sem-fim de portas metálicas e robustas. Algumas delas tinham papéis colados. Fui conduzida até à primeira que não tinha papel e parámos em frente dela, enquanto a minha captora rodava a chave e a abria.
Entrámos em mais um quarto, de cerca de cinco metros por sete, e sem qualquer abertura para o exterior. A única iluminação provinha de uma lâmpada idêntica às dos corredores. Era essa lâmpada que me permitiu ver que não havia ali mobiliário de qualquer espécie, nem uma cama, uma cadeira, nada… apenas anéis metálicos nas paredes. O chão era de terra batida, havendo uma secção no fundo em que o solo era idêntico ao dos corredores. Comecei a resistir quando me apercebi que a mulher me ia prender a trela precisamente nessa zona! Todavia, ela venceu-me, amarrando a trela no anel que ela pretendia – e, como paga por a ter desafiado, senti a sua mão a arranhar-me as costas, fazendo-me gritar.
- Cabeça dura, hein? Já te disse que é melhor para ti obedeceres-me, escrava, a não ser que sejas masoquista…
Deixei-me cair de joelhos mais uma vez, sentindo as pedras magoarem-me neles.
- Eu… eu não sou escrava… – suspirei.
Ela riu-me.
- Claro, claro, e o Papa não é católico. Bom, altura de ver se te arranjo alguma coisa para comer.
Saiu do quarto, regressando alguns instantes depois com uma taça de metal com algo branco lá dentro, pousando-ma perto do sítio onde eu estava ajoelhada.
- Bom apetite. – declarou, sorrindo, enquanto saía do quarto e fechava a porta à chave.
Estava quase morta de fome; atirei-me sofregamente à bilha que continha o meu jantar, metendo à boca um bocado daquilo que lá estava… nem consegui perceber exactamente o que era, pois não tinha qualquer espécie de sabor – ou melhor, tinha o sabor do sal em excesso.
Quando acabei de comer, estava com uma sede tremenda. Olhei em volta e vi que não havia bilha com água para mim… e só então percebi que aquilo havia sido mais uma jogada dela. Chorando, chamei-a, gritei-lhe, insultei-a, pedi-lhe para me ajudar, mas em vão. Acabei por me deitar no chão rugoso, tentando dar algum descanso aos meus joelhos magoados (o que implicava magoar outra zona do meu corpo – naquele caso, foi o meu flanco direito) enquanto desesperava pelo regresso daquela víbora.

continua...

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