
- Andrea, não devias ter lá ido! – gritou Márcia – É pedir-te demasiado que te comportes como deve ser?!
- Amor, já te pedi desculpa. – respondi, de voz embargada – É que… é que simplesmente aconteceu.
- “Simplesmente aconteceu”… como raio é que tu “simplesmente” beijas um gajo?
Baixei os olhos. Sabia que ela estava certa, mas isso não me fazia sentir melhor. Eu havia-a traído, apesar de ter sido apenas um beijo. Claro que Márcia iria dizer “nunca é apenas um beijo!”… e dei por mim a achar que ela tinha razão.
Eu nem sabia porque tinha saído sem a minha namorada. Ela teve de ficar a dormir naquela noite, e eu podia ter ficado a descansar com ela, mas estava com tanta vontade de sair e divertir-me que desafiei alguns amigos a irmos a uma discoteca não muito longe de Corroios. Assim que falei nisso à Márcia, reparei que ela ficou chateada, mas tentou escondê-lo de mim… mesmo assim fui lá, bebi demais e acabei a dançar com um gajo qualquer, a roçar-me nele, e, eventualmente, a dar-lhe um enorme linguado, até que os meus amigos repararam que eu não estava nos meus melhores dias e me levaram até casa.
- Tens razão, Márcia. – disse, com uma lágrima a escorrer-me à cara abaixo – Eu… eu não sei o que me passou pela cabeça, eu… eu estava bêbada, fui estúpida…
- Pois foste. – ela interrompeu-me.
- Mas eu prometo-te, amor… não volta a acontecer.
- Tens toda a razão. Não vai voltar a acontecer.
Levantei o meu olhar para a encarar. O seu tom de voz tinha sido estranho.
- O que queres dizer?
Ela agarrou-me pelo antebraço com força, de tal forma que senti os seus dedos a enterrarem-se na minha carne; depois, arrastou-me para o nosso quarto e atirou-me para cima da cama.
- Porque, agora, minha namoradinha, eu vou-te violar; e, no deste sábado a oito, vais-te casar comigo.
O meu coração pareceu parar.
- Casar…?