segunda-feira, 13 de março de 2017

Bodas de madeira (parte 2)

continuação...


O dia passou-se no passeio pela vila e pelas imediações, a vermos as paisagens. A zona de facto era bastante bonita e, na Primavera, com todo aquele verde, ficava ainda mais bela. Subimos ao castelo, andámos a passear pelas ruas estreitas da parte mais antiga, almoçámos num dos restaurantes da parte nova, descemos ao cais e ainda pensámos em ir chapinhar na água, mas o ventinho e a temperatura não convidavam a isso. Ainda desafiei Márcia para irmos dar uma volta de carro até às Minas de São Domingos, mas ela disse que não podia ser, que o Sol ia-se pôr não tardava… e disse uma frase que me deixou gelada:
- Daqui a bocado vem aí um amigo meu de faculdade jantar connosco.


Mais uma vez, Márcia havia feito planos sem me dizer nada; mas pela primeira vez eu não me sentia nada confortável com a ideia! Para ela estar a informar-me disso apenas naquela altura, era porque o intuito da minha marida era mais que jantarmos juntos… Agarrei-lhe na mão, talvez um pouco bruscamente demais, e encarei-a.
- Márcia, o que estás a pensar fazer? Não é só para jantar, pois não? Por favor, diz-me, senão eu juro que me vou embora, nem que tenha de apanhar um táxi.
O sorriso que aquela beldade ruiva tinha na cara desapareceu; pensei mesmo que ela se fosse irritar comigo. Em vez disso, pareceu-me vê-la ficar tristonha.
- Andrea, apenas quis fazer algo contigo que… uma experiência como nunca tivemos… não imaginas o quanto eu me mentalizei para isto e agora vejo que não estás interessada…
Para mim foi um verdadeiro choque ver Márcia quase lacrimejante. Estava tão habituada a vê-la sempre firme e decidida, quase como se fosse um rochedo, que aquela faceta dela até me chegou a fazer impressão. Logicamente, todo o meu desconforto desapareceu e eu abracei-me logo a ela, dando-lhe um beijo nos lábios e tentando reconfortá-la:
- Hey, hey… que se passa, amor? Desculpa, reagi mal… é que não estou nada habituada à ideia de me quereres partilhar com alguém… sei que me adoras ter só para ti…
- Pois… e mentalizei-me ao máximo a aceitar a ideia, para te dar algo de diferente, para obter essa reacção…
- Márcia, querida, desculpa… – apertei-a ao máximo entre os meus braços – Reagi mal, é da falta de hábito. Perdoa-me… quero a tua experiência. Por favor…
Foi preciso alguns miminhos e beijinhos para Márcia se acalmar e recuperar a sua habitual compostura. Sequei-lhe as lágrimas com a ponta dos dedos e vi-a sorrir. Dei-lhe mais um beijo, enlacei o meu braço no dela e fomos à rua abaixo.

Fomos para a residencial preparar-nos para o jantar. Tomámos banho, vestimo-nos e ficámos à espera que o ex-colega de Márcia, que ela disse-me chamar-se Jorge, avisasse quando chegasse a Mértola. E já passava das 19h30 quando ele deu sinal de vida. Sorrimos e, dando mais uma vez as mãos, descemos as escadas que conduziam à porta da rua.
Escusado será dizer que tanto eu como Márcia nos havíamos aperaltado. Eu tinha regressado ao meu visual de “queque” e tinha um fato-casaco azul-escuro, com saia um nadinha acima do joelho, e por baixo do casaco uma camisa branca; havia calçado os meus sapatos preferidos, uns pretos de salto-agulha de 10 cm e as minhas pernas estavam cobertas por meias de nylon cremes. Márcia, por sua vez, queria fazer cabeças virar, pois vestira um casaco de cabedal preto sobre a sua camisola de licra escura, justinha ao corpo, tinha calças de cabedal também, justas até aos joelhos, e botas negras por baixo delas, também de salto-agulha mas mais alto que o dos meus sapatos; sabia que as botas eram de vinil mas desconhecia o seu comprimento, se bem que desconfiava que fossem até ao joelho. E apesar das calças serem justas na parte do baixo-ventre, não conseguia perceber se a minha marida tinha ali o extra…
Assim que saímos à porta da residencial, vimos um carro parado ali ao pé, com o motor a trabalhar, de onde saiu um rapaz da minha idade. Não era muito alto mas tinha um corpo bem-definido, razoavelmente musculado, pele morena e umas mãos grandes. Tinha a cabeça rapada, olhos castanhos e intensos e uma cara sorridente e vestia uma camisola de malha com calças de ganga um pouco coçadas aqui e ali.
- Jorge! Há quanto tempo! – Márcia correu para ele e deu-lhe um forte abraço, seguido de dois beijos na cara, após os quais o recém-chegado devolveu o abraço.
Márcia apresentou-me como sua esposa, que não causou qualquer reacção a Jorge – totalmente o oposto do que eu esperava, estando preparada para ouvir alguma boca sobre a nossa opção sexual. Vim depois a saber que Jorge também era gay e vivia havia três anos com um rapaz. Estranhei um bocado que o seu namorado o autorizasse a vir passar uma noite com duas gajas, mas desde que uni a minha vida à de Márcia que deixei de tentar compreender o porquê das coisas e me limitei a aceitá-las como elas aparecem.
Fomos para um outro restaurante e, enquanto jantávamos, continuámos na conversa. Jorge parecia ser um homem simpático e boa onda e acabei por gostar dele. Dentro de mim, comecei a ficar ansiosa para que o jantar acabasse! E creio que pelo menos Márcia notou isso, pois por mais de uma vez vi-a a observar-me pelo canto do olho e a sorrir maliciosamente.
Depois de termos bebido café e pago a conta, saímos do restaurante e fomos andando pela rua, a caminho da residencial, comigo e Márcia de braço dado e Jorge à nossa frente. Tinha algumas dúvidas que as pessoas responsáveis por ela deixassem o rapaz entrar assim sem mais nada, mas já me havia habituado que, com Márcia, as coisas tendem a aparecer resolvidas. E, de facto, assim que chegámos à residencial e abrimos a porta da rua, não vimos ninguém por ali. Esperámos que Jorge fosse ao carro dele fosse buscar as suas coisas e só depois subimos a escadaria e fomos para o nosso quarto. Márcia indicou o outro quarto a Jorge e ele foi para lá meter as coisas; enquanto isso, Márcia e eu ficávamos sozinhas naquele quarto.
- E agora, querida? – perguntei, abrindo os braços.
A minha marida sorriu.
- Não achas que estás muito vestida?
Dei uma gargalhada e despi o casaco e a camisa, com ideias de os meter no armário que estava a um dos cantos do quarto; mas antes que o pudesse fazer, umas mãos agarraram-me e atiraram-me para cima da cama, para logo a seguir ter os meus pulsos a serem amarrados atrás das costas e os tornozelos a serem atados. Ainda estive para protestar mas tive logo um lenço enfiado na boca, reduzindo-me ao silêncio, e um outro lenço foi-me atado à frente dos olhos.
- Bom, agora que a menina já não chateia, altura de me preparar. – declarou Márcia, começando a mexer em malas.
Claro que o facto de eu estar amarrada daquela maneira e ouvir Márcia a mexer em malas, sabendo que ela se estava a preparar para me devorar, me deixou curiosa e ansiosa para o que iria acontecer a seguir – e, claro está, para o papel de Jorge no meio daquilo tudo. De súbito, e enquanto ainda ouvir fechos a serem corridos, duas mãos mexeram-me na mordaça e tiraram-ma; e antes que eu pudesse dizer algo, as mesmas mãos agarraram-me pelo cabelo e um corpo quente, comprido e vivo foi-me enfiado na boca, para logo depois sair e voltar a entrar. Ouvi um grunhido masculino e só então percebi o que estava ali a acontecer: Jorge havia-me enfiado a sua pila na boca! Sobressaltada mas ao mesmo tempo excitada pela ideia, fui chupando o seu membro, procurando excitá-lo ao máximo.
- Então, Jorge, que tal? Achas que a minha puta chupa bem? – ouvi Márcia perguntar.
- Ohhh… sem dúvida…
- Queres vê-la a chupar ainda melhor?
Umas outras mãos levantaram-me a saia e arrancaram-me as cuecas; logo a seguir, um objecto fálico e comprido começou a entrar-me no cuzinho e eu não consegui evitar de soltar um longo gemido à medida que aquele dildo era colocado em posição.
- Pronto, agora que a puta paneleira já está como ela gosta, vais ver…
- Queres que lhe… hmmm… tire a venda?
- Aaaa… não. Deixa-a estar assim na incerteza, sem saber o que se está a passar… – foi a resposta da minha marida, enquanto a ouvi caminhar na nossa direcção, com os saltos das suas botas a ecoarem pelo quarto. Ela conhecia-me tão bem, sabia que eu desesperava quando não podia ver o que se passava à minha volta…
- Hmmmmm… – ouvi então Jorge gemer, enquanto ele se detinha e eu ficava com o seu órgão todo enfiado na boca.
- Diz lá que não gostas. – rosnou Márcia.
Jorge continuou a gemer mas manteve-se imóvel, não mexendo a sua pila na minha boca: acabei por ter de ser eu a mexer-me, a fazê-lo entrar e sair-me da boca.
- Vês, Jorginho? A minha menina está bem ensinada, não precisa que lhe digam que fazer… E imagino o quanto ela deve estar frustrada por não saber o que se passa à volta dela!
Era verdade, apesar de eu suspeitar que Márcia estivesse a fazer alguma coisa a Jorge. Todavia a minha desilusão era ultrapassada pelo facto de ter aquele órgão na boca, de o poder chupar, de o sentir a mexer-se – e nem a minha experiência passada com o nosso vizinho1 me atenuou o que eu sentia naquele momento! Apenas gostava que a minha marida me estivesse a possuir também…
Então, Jorge afastou-se e saiu de dentro de mim, com a minha mordaça a ser recolocada no lugar. Uma mão agarrou-me nos tornozelos e puxou-mos para a borda da cama, para depois a corda que os prendia ser desatada. Fui virada de barriga para cima e abriram-me as pernas; no momento seguinte, um corpo nu atirou-se para cima de mim e voltei a sentir aquele membro entrar em mim. Soltei um grunhido de prazer assim que Jorge voltou a entrar e sair de mim.
- Hmm… Bolas, tu hoje não me largas o cu, hein? – riu-se Jorge.
- Comes a minha puta paneleira e não levas a demasia? Deves pensar que te safas…
- Por mim, podes continuar…
- Mas livra-te de te vires nela! Só te deixo esporrares-lhe a cara…
E Jorge continuou a mexer as ancas, a penetrar-me com a sua pila, fazendo-me sentir nas nuvens. Raios, sabia tão bem ser comida por uma pila verdadeira (mesmo que dentro de um preservativo como aquela estava), uma pila que reagisse ao toque… Sem desprimor para o que Márcia me fazia e as formas como ela me devorava, atenção! Mas…
Ouvi Márcia gemer de prazer, como se ela se estivesse a vir. Eu estava quase a atingir o clímax também, pois Jorge parecia não se cansar e não querer parar. Apesar da mordaça – ou por causa dela – eu gemia incessantemente; e esses gemidos tornaram-se ininterruptos assim que eu cheguei ao orgasmo, ao primeiro orgasmo provocado em mim por um homem desde o secundário. Soube-me maravilhosamente, mas faltava ali qualquer coisa…
- Vá! Sai daqui! – ouvi subitamente Márcia berrar – Já lhe deste prazer, agora é a minha vez! Sabes que fazer, também!
Jorge não respondeu mas obedeceu prontamente e saiu de cima de mim, para meu desgosto; todavia, assim que ele saiu de cena, um outro corpo mais delicado atirou-se de forma felina sobre o meu corpo; e eu pude logo sentir a dureza de um strap-on encostado ao meu baixo-ventre.
- Pensavas que te escapavas de mim, puta paneleira? – riu-se Márcia, agitando o plug que eu tinha no cuzinho ao mesmo tempo que ela ia entrando na minha ratinha.
Como devem calcular, senti-me completamente possuída naquele momento. E ainda mais louca fiquei quando fui desamordaçada novamente e, sem me dar tempo de respirar ou soltar um ‘ai’, a pila de Jorge voltou a entrar-me na boca, com a mesma impetuosidade de antes, à mesma com as suas mãos na minha cabeça, a controlar-me, a “forçar-me” a chupá-lo, e tudo isto enquanto Márcia me comia a ratinha com a sua habitual ferocidade e sofreguidão! Senti-me noutra dimensão… e assim que comecei a sentir sémen na boca, perdi completamente o controlo e voltei a vir-me, mas um orgasmo à séria em que até deixei de me aperceber do que se passava à minha volta.

- Andi? Andrea?
Umas mãos deram-me umas palmadinhas na cara, tentando despertar-me; foram precisas algumas tentativas para o sucesso. Abri os olhos e vi o nosso quarto, vi Jorge ainda nu, apesar de o seu membro já estar a encolher, e vi Márcia a meu lado, seminua mas umas cuecas de látex com dildo e luvas; tinha um ar de preocupação no rosto. Assim que me viu reagir, sorriu.
- Ah, estava a ver que tinhas entrado em coma ou ido para a Quinta Dimensão! Estás bem?
Ergui-me e apoiei-me no cotovelo, reparando então que já havia sido desamarrada e que me haviam tirado o plug do cuzinho. Passei a mão pela fronte, sentindo-a encharcada em suor, e lambi os lábios, ainda cheios do esperma de Jorge.
- Bolas… que se passou? Quanto tempo estive eu off?
- Uns dois ou três minutos, acho eu. Que se passou, Andi, não aguentaste connosco os dois?
Senti-me corar, depois sorri.
- Sim… se calhar foi isso.
E a noite não se alongou muito mais. Jorge foi buscar qualquer coisa para comermos para recuperar energias, depois fomo-nos deitar; Jorge foi para o outro quarto, ficando logicamente eu e Márcia juntas e em privado.
- Quis-te dar algo diferente neste nosso aniversário, – comentou Márcia assim que apaguei a luz e me abracei a ela – mesmo sabendo que isso implicaria envolver outra pessoa (e sabes como odeio partilhar-te!). Por isso parabéns, minha jóia… e espero que não tenha arranjado um motivo para me deixares e ires à procura de um homem qualquer.
Não sabia se ela estava a brincar ou a falar a sério. Mesmo assim fi-la virar-se para mim.
- Márcia, eu amo-te. A ti. Não há ninguém como tu no mundo, com pila ou rata, que me preencha e me faça sentir feliz e especial como tu. Eu estou unida a ti até ao fim dos nossos dias e já não imagino a minha vida sem ti. Por isso deixa-te de parvoíces, nem penses que te vou trocar por uma pila…
Márcia riu-se e eu beijei-a, abraçando-a fortemente.

Na manhã seguinte, depois do pequeno-almoço, Jorge foi-se embora. Assim que ele virou costas, não pude deixar de me lembrar da sua pila a entrar e sair de mim, dela a vir-se na minha boca, e sorri. Tinha adorado aquela ideia de Márcia (mais uma…) e estava grata por me ter casado com ela. E fiquei em pulgas para saber o que planearia ela para as bodas de estanho…
- Andi?
Senti um braço a abanar-me. Levantei o olhar e vi Márcia.
- Sim?
- Acorda para a vida, rapariga. Vamos arrumar e ir embora também?
Dei-lhe o braço e encaminhámo-nos para a residencial.

(história seguinte)



1- ver "Homofobia"

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