segunda-feira, 23 de abril de 2018

Três actos (parte 1)

O meu nome é… sinceramente já não me lembro. Sempre me chamaram “Paciente 314” e acabei por me habituar a essa designação. Passei por tanto no Hospital, por tantas “terapias”, que aqueles malditos foram bem-sucedidos em apagar da minha memória a minha identidade; apenas consigo recordar farrapos da minha vida passada, bocados que escrevo com autorização do meu dono, para seu deleite e para eu não me esquecer do pouco que ainda me recordo, antes daquele maldito mutante me ter apanhado e trazido para ali… 
Recordo-me que sempre gostei de praia. Assim que, mal o termómetro subia acima dos 20 ºC ou os dias passassem a ser solarengos, eu metia logo uma toalha de praia no carro e o fato de banho na mala e arranjava maneira de passar pela praia para apanhar um bocadinho de Sol. Por isso é que, quando chegava o Verão, já tinha a pele bem bronzeada.
Era um dia de meados de Abril. Ainda me lembro que tinha tirado a tarde para ir a uma consulta com a minha médica de família e, depois de sair do posto de saúde, como o dia até estava bom e o Sol aquecia, decidi dar uma voltinha até à praia. Fui beber um café, passei pela casa de banho para vestir o meu fato de banho azul-escuro e rumei à praia.
Apesar de o tempo estar bom, havia muito pouca gente na praia e dispersa – afinal de contas era dia de semana. Escolhi uma zona onde não tivesse ninguém ao pé, deitei-me na toalha, tirei uma selfie para as redes sociais para fazer inveja às minhas amigas e deixei-me ficar, ouvindo o som da ondulação a bater furiosamente na areia. A água ainda estava gelada e o mar estava bastante forte, e como não sabia nadar grande coisa não me ia arriscar – até porque o que eu gostava mesmo da praia é o Sol, como já devem ter percebido. Aproveitei para ler um bocado do último livro do Gustavo Santos, depois como aquilo me desse um bocado de sono acabei por meter o livro em cima da cara e deixar-me levar pelos braços de Morfeu, sentindo o calorinho bom do Sol.
De súbito, deixei de sentir os raios solares no meu corpo, o que teve como efeito despertar-me do meu torpor. Levantei o livro da cara e olhei para cima, tentando ver se a nuvem que estava a cobrir o astro-rei era muito grande e iria demorar muito a sair dali… e o meu cérebro demorou a registar que aquela forma escura não era uma nuvem mas sim uma pessoa! Não consegui ver grande coisa dela – principalmente por ela estar com o Sol pelas costas e por eu ainda estar meio-adormecida – antes de aquele corpo se agachar junto dos meus pés, agarrar-me num tornozelo, levantar-se e começar a arrastar-me na direcção do mar!
- Hey! Hey! Que está a fazer?! – gritei, começando a espernear – Quem é você?!
Como resposta, apenas obtive um grunhido; de seguida fui largada, aquela pessoa ajoelhou-se à minha beira e enfiou-me a cara na areia, como se me quisesse sufocar! Tentei libertar-me, agitei os braços tentando acertar naquela pessoa, mas nada resultou. E então, quando eu já começava a achar que estava condenada, aquelas mãos deixaram de me agarrar na cabeça. Virei-me para cima, tentando respirar o máximo possível e ver quem me atacava… e tive um susto. Esperava encontrar um homem mas aquela pessoa mais parecia um monstro de corpo feminino, com a sua cabeça redonda, totalmente preta e apenas com dois círculos de plástico na zona ocular e uma espécie de bossa no topo; o resto do corpo aparentava ser normal, com um body de látex preto com mangas compridas, que terminavam num par de luvas do mesmo estilo, e umas botas pretas pelo joelho e salto alto mas grosso. À cintura trazia um cinturão preto cheio de bolsas. Enquanto eu examinava quem me estava a atacar, aquela criatura ajoelhou-se novamente à minha beira, meteu a mão por baixo do meu fato de banho e apertou-me os mamilos com força!
- Pára, foda-se, filha da puta! – gritei, esbracejando – Que pensas que estás a fazer?
Como resposta apenas ouvi uma gargalhada; o pior veio quando uma mão parou o que estava a fazer e me esbofeteou com força suficiente para partir dentes. Senti logo sangue na boca, enquanto os meus mamilos voltavam a ser puxados e torcidos. As lágrimas surgiram-me com força: não compreendia o motivo daquele ataque gratuito…
Aquela criatura largou-me o corpo e ergueu-se, afastando-se um pouco. Assim que o fez, senti um pico de adrenalina e decidi que era agora ou nunca: levantei-me de um ápice e comecei a correr sem olhar para trás, tentando colocar o máximo de distância possível entre mim e aquele ser do Inferno. Nunca fora grande atleta mas fiz um sprint que deixaria o Usain Bolt orgulhoso. Depois de algumas centenas de metros, olhei para trás e tive um susto: a minha atacante estava apenas a dois ou três passos de mim, perseguindo-me com a mesma determinação com que eu lhe tentava fugir! Tive um ataque de pânico e esse medo deu-me asas para correr ainda mais umas centenas de metros, até que senti um toque de um dedo nas costas que me indicou que ela estava mesmo colada a mim. Tentei outra coisa: desviei-me para o lado oposto e fiz uma finta de corpo, dando depois meia-volta e correndo para o lado de onde viera. Com esta manobra consegui ganhar umas boas dezenas de metros de distância mas o cansaço já estava a tornar-se muito: rezei para que conseguisse aguentar até chegar ao local onde havia deixado o carro.
De súbito, uma mão empurrou-me com força para o lado. Perdi o equilíbrio, embrulhei-me toda e fui rebolando pela areia até parar de barriga para o ar, completamente sem fôlego e com uma dor horrível nas pernas. À minha beira, a criatura agachou-se, não parecendo estar minimamente cansada.
- E então, já te fartaste de corrida? – riu-se ela, com uma voz estranha, abafada.
A sua mão agarrou-me no cabelo e puxou-mo, fazendo menções de me arrastar pela areia; e no meu estado de fraqueza, fui incapaz de a impedir. Porque queria aquele ser magoar-me daquela maneira? Que mal lhe tinha feito eu? Comecei a berrar e a chorar até que a criatura me largou. Da posição em que me encontrava não conseguia ver que estava ela a fazer; mas pouco depois tinha os pulsos amarrados com cordas de nylon apertadas.
- Está na altura de te marcar.
As suas mãos viraram-me de barriga para baixo no areal e de seguida desviaram-me o fato de banho para o lado, expondo a minha vagina e cu. Tentei olhar para trás, para ver que se ia passar, e pude vê-la a abrir o fecho do seu body (que passava por entre as pernas) e aparecer um pénis, no qual ela colocou um preservativo retirado de uma das bolsas do seu cinturão… mas um pénis a sério!
Devo ter feito uma cara feia ao olhar para aquela cena, pois aquela criatura soltou uma gargalhada.
- Nunca viste uma picha, foi? Ela está doidinha por te conhecer… – e, como que a comprovar o que dizia, aquele órgão começou a levantar e a engrossar.
Enquanto ela se ajoelhava atrás de mim, eu recapitulava a minha situação. Estava no meio da praia, de mãos amarradas e prestes a ser violada por um ser (o termo era esse mesmo) de cabeça esférica e que, apesar da voz e silhueta femininas, tinha um pénis verdadeiro. Porquê eu? Que havia eu feito para merecer aquele tratamento? Ou seria apenas uma coisa gratuita, escolher uma rapariga ao calhas e a “sorte” havia-me calhado a mim?
Senti as suas mãos agarrarem-me pela cintura e meterem-me de quatro; sem nada que eu pudesse fazer, fechei os olhos e esperei que aquele órgão pulsante me entrasse no cu… todavia acabei por o sentir-me entrar na vagina, saindo e voltando a entrar com a mesma força e vigor que na primeira. Em simultâneo, uma das suas mãos voltou a agarrar e a torturar-me os mamilos enquanto os dedos da outra me iam entrando na boca para que eu os chupasse. Fiz tudo o que ela quis, esperando que isso fizesse com que aquela criatura me deixasse ir sem mais agressões.
- Ai que mimo de rata… tenho de perguntar à Andreia se não me deixa ficar contigo… – gemeu aquele monstro à medida que me ia penetrando.
Apesar daquela picha até ser interessante, toda aquela situação era confrangedora em demasia para eu conseguir sentir qualquer prazer; assim não reagi quando os gritos daquela criatura atingiram um volume mais elevado, sinal de que se estaria a vir. As suas mãos abandonaram o meu corpo e o seu órgão saiu-me da vagina, com o ser a dirigir-se para a minha cara, a agarrar-me no cabelo e a deitar-me de barriga para cima.
- Vem aqui. Vá ver, cadelinha, anda cá!
Fiquei congelada a olhar para os genitais daquela criatura: por baixo da sua picha, ela tinha algo que se assemelhava a lábios vaginais! E mais atrás, na zona onde se encontrava o seu ânus, ela parecia ter algo lá enfiado! Apenas reagi quando ela me puxou na sua direcção e me obrigou a afocinhar no seu baixo-ventre.
- Magoa-me lá, por favor… lembra-te de me morder nos genitais ou de me aleijar-me, vá! Se achas que já levaste poucas… ai! – ela agitou a cintura e fez com que a sua pila, já sem preservativo e ainda suja de esperma, me embatesse na cara uma e outra vez. Acabei por me sujeitar àquele espancamento e, assim que ele acabou, meti a sua picha na minha boca, chupando-a e sentindo o sabor metálico do sémen que ainda escorria da sua cabeça. Fi-lo até a sua mão me fazer sair dali e ocupar-me antes da sua vagina; e ali beijei-a e lambi-a até aquele ser estranho se voltar a vir, libertando a sua mistela na minha língua ao mesmo tempo que a sua picha repetia o orgasmo, mas desta vez aquele sémen escorria rumo ao meu cabelo, deixando-me suja e a cheirar a sexo.
A criatura voltou a levantar-se, ajeitando aquela pila dentro do body e puxando o fecho para cima; de seguida abriu mais um bolso do cinturão e tirou de lá um rolo de corda fina mas de aspecto resistente, atando uma ponta às cordas que me atavam os pulsos. Assim que aquela parte ficou pronta, de uma outra bolsa a criatura retirou uma máscara.
- Que me vai fazer? – perguntei.
- Vamos dar um passeio, tu e eu. – foi a resposta, dada enquanto me colocava a máscara. Era de borracha preta com dois círculos transparentes para os olhos, não parecia ter forma de respirar para além de uma rosca na zona facial e aquela coisa envolvia-me a cara toda sendo fixa à cabeça com tiras e fivelas por trás da mesma. De seguida ela afastou-se, dirigindo-se para um saco na zona da rebentação que eu ainda não havia visto, de onde retirou um cinto escuro cheio de protuberâncias que colocou à cintura, junto ao cinturão; e logo surgiu outro, que me foi colocado à minha cintura: aquilo era pesadíssimo! Finalmente, ela retirou daquele saco um objecto escuro e comprido, não muito grande e com uma rosca na ponta, que a criatura tratou de enroscar na minha máscara.
Assim que tudo ficou pronto, fui respirando a medo, percebendo que, de uma qualquer maneira, o ar entrava ali dentro, o que era reconfortante. Todavia o bem-estar desapareceu assim que a minha captora começou a puxar a corda e foi caminhando na direcção do mar, arrastando-me atrás dela! Estrebuchei e tentei contrariar o que ela estava a fazer, fazendo força para o outro lado, mas ela era mais forte que eu; ainda assim ainda fiz com que ela largasse a corda… para me voltar a apertar os mamilos, mas desta vez com ainda mais força que dantes – quase que mos arrancava do corpo!
- Podes lutar à vontade, mas tu e eu vamos dar uma voltinha! – riu-se ela, voltando a arrastar-me rumo ao mar.
Pensei que ela apenas me quisesse assustar, que chegasse à zona de rebentação e me deixasse aí, ou que, na pior das hipóteses, me deixasse aí enterrada apenas com a cabeça de fora; todavia o seu plano era outro.
- Vamos ao banho? – continuou ela.
- Por favor, que me vai fazer? – repeti.
A criatura não se deteve ao chegar à zona das ondas, entrando dentro de água e arrastando-me atrás dela. Por aquela altura eu já me havia resignado a seguir atrás dela pois já havia percebido que, por mais que lutasse, o que me iria suceder (o que quer que fosse) era inevitável…
A água estava gelada, como costuma estar o mar no mês de Abril. A ondulação não era muito forte mas sentia-se alguma corrente. Fui avançando mar dentro atrás da minha raptora, que continuou a andar até ficar com água pelo pescoço; e pouco depois até a sua cabeça esférica desaparecia debaixo de água. Assustei-me e tentei puxar ao máximo pelos pulsos, vendo se me conseguiria soltar mas, mais uma vez, sem sucesso. Estava mesmo destinada a afogar-me. Engoli o máximo de ar e sustive a respiração antes de a minha cabeça também desaparecer debaixo de água…

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