segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Prova oral


Quando estamos semanas a fio enfiadas dentro de uma camisa-de-forças sem ver luz natural (nos primeiros dias; depois fui cegada com recurso a lentes de contacto opacas e deixei de ver o que quer que fosse), a ser utilizada como boneca insuflável por pessoas desconhecidas, a nossa cabeça começa a querer funcionar de forma anómala. Pelo que eu conhecia das minhas irmãs, a ideia seria mesmo essa: deixar-me completamente louca para passar a ser um joguete nas suas mãos e passar a alinhar em todos os seus caprichos. Por isso foi uma luta tirânica aguentar tudo, as torturas e o sexo sem prazer; mas eventualmente consegui manter-me lúcida e rebelde – com a ajuda da minha família, tendo-os sempre na mente…


Semanas depois de ter sido capturada, a porta almofadada do meu quarto abriu-se e entrou alguém, que pela forma de andar me pareceu que fosse Andreia. Para além da camisa-de-forças, eu tinha um gancho metálico com uma bola na ponta enfiado no cuzinho, uma coleira de postura que me impedia de mexer a cabeça, botas pelo meio da perna que me obrigavam a andar em bicos de pés – apesar de eu não conseguir andar graças aos ferros que tinha a unir-me os tornozelos – e uma mordaça de anel, mesmo a jeito para os Doutores enfiarem os seus órgãos para se satisfazerem. Para facilitar o trabalho de quem tratava de mim, eu estava a ser alimentada via intravenosa e havia sido algaliada.
- Boa noite, minha querida Paciente 19. – reconheci imediatamente a voz de Andreia – Espero que estejas bem-disposta.
Como sempre, não respondi (não podia), mas levantei a cabeça e “olhei” para ela.
- Sabes, mana, tenho debatido imenso com Amélia. Ela era da opinião de que devíamos deixar-te aqui até teres perdido toda a tua identidade e não passares de um drone. Ora isso não se faz à minha querida irmãzinha; e, para além do mais, é o que eu estou a fazer com a nossa Catarina. Depois de muito discutirmos, ela finalmente lá viu o meu ponto de vista… e concordou que o teu lugar é fora daqui, ao lado do teu marido.
Ouvi aquelas palavras e fiquei em pulgas; todavia, conhecia a minha família bem demais para saber que aquilo poderia ser mais um truque.
- Para além disso, todas as tentativas que fizemos para te engravidar foram infrutíferas… devíamos ter pensado duas vezes antes de forçar uma Karabastos a ter filhos. – pareceu-me ouvir um sorriso na sua voz.
Senti dois braços a enrolarem-se à volta do meu peito e a arrastarem-me até ficar de costas contra uma das paredes almofadadas.
- Agora… – enquanto ouvia Andreia falar, ia ouvindo o som de coisas a serem despidas – acho que eu devia ser recompensada pelo facto de te ir libertar, não concordas? Podias dar-me qualquer coisa que eu goste, algo que tu sabes fazer tão bem…
Quase imaginei o que se iria seguir: meti a língua de fora e esperei que a minha irmã se aproximasse de mim e praticamente se montasse em cima da minha cabeça, encostando a sua ratinha à minha boca escancarada; e claro que tratei logo de a ir lambendo, primeiro passando apenas a ponta da língua pelos seus lábios mas logo de seguida também a penetrá-la, a lamber o seu interior, a começar a provar a sua humidade… Ainda cheguei a sair algumas vezes de dentro dela e a tocar-lhe com a ponta da língua no clitóris, tudo enquanto Andreia ia soltando gemidos cada vez maiores e mais prolongados. Foi até ela me agarrar no cabelo e, como tantas vezes ao longo da vida, me obrigasse a afocinhar no seu baixo-ventre, esfregando-o na minha cara, saltando para que a língua entrasse e saísse mais fundo nela; e enquanto isso eu não parava de a mexer, mesmo para estimular aquela ratinha cada vez mais encharcada, para causar mais um orgasmo à minha irmã…
Ainda pensei em abrandar a certa altura, para fazer aquele momento durar mais um pouco, mas Andreia não esteve pelos ajustes e obrigou-me a saciá-la sem parar, lambendo-lhe a ratinha e penetrando-lha até que, com um grito final, ela se começou a vir mesmo em cima de mim e da minha boca, enquanto ia murmurando palavras que não consegui perceber; eu contentei-me apenas em saborear o seu orgasmo, em deliciar-me com o seu resultado e em sentir o quanto prazer havia causado à minha irmã.
Quando se sentiu aliviada e mais calma, Andreia afastou-se de mim, tentando recuperar o fôlego.
- Nem mesmo duas semanas de isolamento e violações te fizeram perder o dom do sexo oral, Ana… fantástico!
Continuei na mesma posição em que estava, expectante com o que se iria suceder. Ouvi passos a regressarem à minha beira; subitamente comecei a sentir uma enorme sonolência, demasiado forte para resistir. Andreia devia ter acrescentado algo na intravenosa que me alimentava. Apesar da minha tentativa, não consegui manter-me consciente.

Não sei quanto tempo estive adormecida, mas ainda deve ter sido algum. Acordei com uma dor terrível no estômago e a boca a saber a papel, como se tivesse feito uma noitada. Olhei em volta e tive um frémito de alegria ao ver que estava no meu quarto, deitada na minha cama. Estava em minha casa! Fui-me mexendo lentamente, tentando perceber a minha situação, e vi que não tinha qualquer amarra; levantei as mantas e ergui-me da cama, senti arrepios de frio e só então notei que estava completamente nua. Não consegui evitar que as lágrimas me corressem pela cara abaixo…
- Olá… – ouvi atrás de mim.
Dei meia-volta e deparei-me com Carlos, que me olhava com uma cara de estranheza. A minha primeira reacção foi correr para os seus braços e abraçá-lo com força: afinal de contas estivera semanas sem o ver, estava cheia de saudades dele! Assim que o tive entre os meus braços, não consegui evitar que as emoções se apoderassem de mim e comecei a soluçar como uma criança, enquanto recordava o cheiro do meu marido, o seu calor…
- Amor… tive tantas saudades tuas… – consegui dizer depois de algum tempo.
Carlos libertou-se do meu abraço, agarrou-me pelos ombros, afastou-me e olhou-me de alto a baixo.
- Quem raio és tu?!
Aquela pergunta foi um autêntico murro no estômago. Como era possível que o meu próprio marido não me conhecesse?!
- Amor, Carlos… sou eu, a tua esposa, Ana, a mãe dos teus filhos… não te lembras? – balbuciei, agarrando-lhe na cabeça com as mãos. Seria caso que tudo aquilo fosse encenado?
- Eu sei que sou casado com uma Ana e que ela é a mãe dos meus filhos. Agora volto a perguntar: quem és tu?
- Mas… amor, sou eu, sou a Ana, já não me conheces? Estás a meter-te comigo? – estava quase a ter um ataque de histerismo.
- Não, vocês é que passam a vida a meter-se comigo! – gritou ele – Para além de me terem roubado a minha esposa há quase um mês, agora apresentam-me uma gaja qualquer a dizer que é ela! Estou a ficar farto dos vossos jogos!!
- Mas… não estou a perceber… – comecei.
Quando olhei para o espelho que estava na porta do guarda-fatos, percebi porque estava ele tão arisco comigo. Do outro lado, aparecia uma loira meio platinada, de cabelo curtinho quase em jeito de mohawk e olhos castanhos e corpo sem qualquer ponta de tatuagens, nem sequer o meu piercing no umbigo. Quando percebi que aquela era eu, caí de joelhos em desânimo. Porque me haviam feito aquilo?!
- Carlos… – comecei assim que me consegui acalmar – sou mesmo eu, a Ana… estive presa pelas minhas irmãs, que me queriam engravidar a todo o custo… e elas agora deram-me este visual… mas sou eu mesma… a mulher com quem casaste…
- E quem me garante isso? Quem me diz a mim que não és uma gaja qualquer a quem ensinaram umas coisas para assumir o papel da minha mulher?
- Não, amor… a sério, sou eu mesma… – comecei a ficar algo histérica.
Mas a cara de Carlos mostrava que estava tudo menos convencido.
- Podes ser ou podes não ser. Ninguém me garante que tu não és uma tipa a quem ensinaram tudo a respeito da minha Ana.
- Querido, a sério… – caí de joelhos a seus pés – Como te posso comprovar que sou eu a tua mulher?
Ele hesitou, ficando apenas a olhar para mim. De súbito, uma ideia passou-me pela mente: se ele não confiava no que eu lhe pudesse dizer, se eu fizesse algo que apenas eu conseguisse ele tinha de perceber quem eu era! E havia algo que eu sabia fazer melhor que ninguém…
Antes que ele se apercebesse do que eu ia fazer, desapertei-lhe o cinto e abri-lhe as calças (só naquele momento reparei nas minhas unhas longas e pintadas de laranja!), fazendo-as cair no chão, ignorei o seu grito de protesto enquanto com uma mão lhe baixava os boxers… e fiquei a olhar para o seu órgão, ainda murcho mas já a pulsar ligeiramente. Passei a língua pelos lábios, como se estivesse prestes a deliciar-me com uma iguaria – e estava, se formos a ver bem – abri a boca e acolhi o pénis do meu marido. Tentei disfarçar as ânsias que tinha de fazer aquilo com o meu marido, ao meu marido, de lhe dar prazer, de me entregar por completo a ele e senti-lo em êxtase graças a mim… Os meus primeiros movimentos foram lentos, fazendo-o entrar e sair de mim lentamente enquanto lhe acariciava os testículos e a zona púbica, sentindo aquele músculo dilatar-se e engrossar, ouvindo Carlos começar a arfar e a gemer. Tirei-o da boca e fiquei a beijar a cabecinha, cobrindo-a por completo de beijinhos e passando de seguida ao resto do membro, que optei antes por lamber, tudo isto enquanto a minha mão o masturbava.
- Ai… assim, tu… hmmmm… convences-me… – gaguejou ele, entre duas lambidelas.
Abri os olhos (nem dera conta de os ter fechado) e fiquei a olhar para ele, isto enquanto voltava a enfiar o seu órgão na boca e retornava a chupá-lo. Sabia que ele adorava ver-me de olhos postos nele enquanto lhe fazia uma mamada… À medida que o tempo ia passando, eu ia ficando mais possuída e comecei a acelerar todos os meus movimentos, quer fosse chupadelas ou lambidelas ou carícias. Queria sentir o seu leite na minha cara e boca! Todavia, ao mesmo tempo, queria que ele me montasse e comesse até me rechear com o seu néctar… resolvi deixá-lo à vontade para fazer o que quisesse: parei tudo o que estava a fazer e quedei-me de joelhos, mãos atrás das costas e olhos cerrados, expectante. Carlos não disse nada mas soltou uma gargalhada; de súbito, agarrou-me na cabeça, enfiou o seu órgão na minha boca e penetrou-a com uma voracidade e um vigor tremendos, que até me fez sentir assustada a princípio… mas que pouco depois já me causava êxtase. O meu marido, como sempre, fez questão de enfiar o seu órgão por completo na minha boca, o que me fazia sempre sufocar e engasgar – o que era o efeito pretendido. Estrebuchei e debati-me, lutando por oxigénio, só que, para meu azar, ele atingiu naquele preciso momento o clímax e susteve a minha cabeça naquela mesma posição, com o seu órgão totalmente enfiado na minha boca e com a cabecinha a tocar na ponta das goelas. Sentia-me uma autêntica Linda Lovelace em pleno “Garganta Funda”… e quando dei por mim, já as minhas mãos estavam a masturbar-me, a massajarem o meu clitóris, a penetrarem a minha ratinha: eu também me queria vir! E de preferência enquanto o orgasmo do meu marido durasse…
Não consegui o meu objectivo: já Carlos me havia tirado o seu pénis da boca (e esfregado a cabeça no meu rosto, impregnando-me com as gotas que ainda emanavam do buraquinho) quando eu senti o clímax a aproximar-se; todavia duas mãos agarraram-me nos pulsos e tiraram-me as minhas do baixo-ventre.
- Pára… pára! – gritou ele – Já comprovei que efectivamente és a minha esposa, apesar de estares de visual  diferente… e quero recompensar-te, matar saudades tuas…
Ele despiu-se por completo, fez-me estender no chão de barriga para cima, deitou-se entre as minhas pernas… e afocinhou mesmo em cheio na minha ratinha. Deu-me logo à chegada um beijinho no meu clitóris enquanto eu flectia as pernas e as abria ao máximo para lhe dar o maior espaço possível. Quando comecei a sentir a sua língua lamber os meus lábios e entrar na minha ratinha, as minhas mãos voltaram a ganhar vida própria: enquanto uma acariciava os meus seios, a outra ocupava-se da minha boca, enfiando os dedos nela para eu os chupar, como se ainda tivesse a boca cheia… não era o que eu queria, mas era o que podia ter. Porém, naquele momento, Carlos pareceu ter lido os meus pensamentos: ergueu-se e, de joelhos, deu meia-volta em meu redor, atirando-se novamente para cima de mim e voltando a beijar-me e a estimular-me a ratinha; a diferença era que, então, eu fiquei com a sua pila para meter na boca e chupar, o que fiz com sofreguidão, procurando voltar a ter o seu néctar a encher-me a boca – todavia, antes de isso acontecer foi a minha vez de atingir o prazer supremo, sentindo ondas de júbilo indescritível emanarem do meu baixo-ventre e percorrerem o meu corpo todo enquanto o meu marido não cessava os seus estímulos orais… Com o membro de Carlos na minha boca mais uma vez, sentindo a sua língua a estimular a minha ratinha, senti que o meu orgasmo se prolongou indefinidamente, e ainda mais quando o meu marido voltou a vir-se na minha boca, deixando-me novamente com ela cheia do seu néctar.
Deixei-me ficar quieta durante algum tempo, gozando o momento, saboreando tudo o que havia sentido (e recebido), enquanto Carlos se ergueu, não sem antes me ter dado mais uns beijinhos na ratinha, para se deitar a meu lado e dar-me a mão, apertando-a com força.
- Tive saudades tuas. – declarou ele – A tua irmã bem que se pode disfarçar e tentar imitar-te, mas nunca te poderá substituir. Mesmo loira e de crista, com essa carinha de anjo cheia de esporra, eu amo-te, minha princesa.
Fiquei com um nó na garganta assim que ele me deu um beijo na mão que estava entrelaçada com a dele; tive de o beijar, totalmente indiferente ao sémen que ainda tinha na cara, e ficámos enrolados um no outro, a trocar mimos.

Mais tarde, verifiquei que as minhas tatuagens haviam sido todas disfarçadas com recurso a maquilhagem profissional e que a minha nova cor de cabelo consistia apenas em tinta – o que foi um alívio, pois eu sabia o que as minhas irmãs eram capazes! Apenas tive de me habituar a ver-me com o cabelo tão curto… mas consolei-me com o facto de aquilo ser temporário. E de estar novamente reunida com a minha família.

(história seguinte)

Sem comentários:

Enviar um comentário