segunda-feira, 25 de março de 2024

Quatro décadas, quatro festas (parte 4)

 

continuação...

Renovação de votos

Foi já dentro do avião que me pus a pensar nos acontecimentos dos dias anteriores. Tudo o que se havia passado havia sido de uma intensidade que, de facto, eu poderia considerar digna de um marco como são os 40 anos (mesmo que festejados com um ano de atraso). Mas enquanto eu fechava os olhos e deixava a mente reviver essas sensações, não pude deixar de recordar a cerimónia de renovação de votos com o meu marido.

Apesar de já estarmos casados há alguns anos, Carlos fez questão de que eu me apresentasse de vestido branco. Aliás, o meu marido havia pensado em tudo: assim que eu cheguei a casa com o vestido que tinha escolhido (sem ombros e com uns folhos a arrastar pelo chão), tinha duas caixas à minha espera em cima do móvel da roupa que tínhamos no quarto. Abri a caixa maior e quedei-me espantada a olhar para um par de botas brancas de cabedal, de salto alto e pela coxa, enquanto a caixa mais pequena revelou-me um conjunto de luvas brancas de seda, pelo antebraço. Não pude evitar que algumas lágrimas me caíssem dos olhos, pensando em como era tão bom ter um marido que conhecia os meus gostos e me mimava daquela maneira…

Tentando não ser muito maçadora, o dia do renovar de votos foi algo idílico. A cerimónia teve lugar na mesma igreja onde nos havíamos casado e onde apenas convidámos a nossa família mais chegada com mais alguns amigos. Com pena minha não pude convidar nem Tommy nem Lucy, devido às restrições de viagens que existia na altura, mas ambas acabaram por estar presentes por videoconferência.

Recordo ainda quase ipsis verbis aquilo que dissemos um ao outro no altar, quando nos foi dada a palavra. Carlos fora o primeiro, e agarrando na minha mão enluvada (onde ele já tinha tirado a luva, colocado mais uma aliança, desta feita de ouro e voltado a colocar a luva) e olhando-me nos olhos, começou a falar, sem recurso a papel:

- Assim que me declarei a ti, jurei não mais te largar. És o meu porto de abrigo, o lugar onde me refugio quando a vida é por demais tempestuosa. Nos dias mais feios, basta um olhar teu para que a calma e a alegria regressem à minha vida. Trazes sentido à minha vida, sanidade à minha loucura, paz às minhas guerras. Eu amo-te, Ana Isabel, e quero passar o resto dos meus dias a descobrir os mistérios do teu ser, a participar na tua vida e a criarmos os nossos filhos com muito amor e muito carinho. Porque eu te amo mais que ontem e menos que amanhã.

Escusado será dizer que, assim que ele acabou, eu tinha os olhos rasos de lágrimas. Todavia era a minha vez de falar. Entrelacei os meus dedos nos dele, engoli em seco e tentei falar de uma vez, para não correr o risco de me engasgar e aproveitando algumas expressões dele:

- Assim que me declarei a ti, jurei não mais te largar. Sempre que estás comigo, todas as minhas dúvidas desaparecem. Estar a teu lado é uma garantia de que tudo vai correr bem, por muito más que sejam as perspectivas. Sinto-me preenchida quando te tenho a meu lado, sinto que nada nos pode fazer mal quando estamos juntos. Eu amo-te, Carlos Manuel, e quero passar o resto da minha vida a lutar as tuas batalhas e a ter-te comigo nas minhas, a criarmos o nosso jardim de flores e a vê-las florir a teu lado. Porque te amo mais que ontem e menos que amanhã.

Quando acabei, tinha a voz embargada e não conseguia suster as lágrimas; só conseguira acabar o meu discurso por ter aquela mão a agarrar-me a minha e a dar-me força. Olhei para o meu marido, vi os seus olhos também rasos de humidade, e acabámos por nos beijar, um beijo longo e apaixonado, em que mostrávamos um ao outro o quanto nos sentíamos apaixonados um pelo outro. Senti-me privilegiada por ter como marido alguém que aceitava todas as minhas peculiaridades, todas as minhas ligações ao sexo e os meus envolvimentos com Lucy e Tommy sem me julgar ou virar as costas…

Recebemos um aplauso, após o qual saímos da igreja.


O dia depressa deu lugar à noite. Depois da cerimónia e de um almoço com a nossa família que acabou por se arrastar pela tarde fora, acabámos por os deixar (e os nossos filhos com os meus sogros) e irmos para um monte um pouco desviado da aldeia, que Carlos havia comprado e mandado recuperar. Tratava-se de uma casa típica daquela região, com piso único e um corredor central, que ligava todas as divisões umas às outras. A última divisão à direita era a cozinha, com uma lareira enorme cujo chupão ocupava quase metade do espaço. O meu marido pegou num isqueiro e pegou fogo ao molho de lenha que estava amontoado no centro da lareira: pouco depois, as labaredas tomavam conta daquele espaço, espalhando um calorzinho que, graças ao aquecimento central, iria aquecer as restantes casas – estávamos em fins de Fevereiro, e as noites ali eram frias. Depois, ele guiou-me até à divisão do outro lado da cozinha, uma espécie de celeiro mas vazio; acendeu um candeeiro a petróleo, daqueles antigos, e foi à luz dele que ele se despiu por completo, ficando como veio ao mundo (e pareceu-me que o seu órgão já estava a querer arrebitar!); de seguida, ele desapertou-me o meu vestido, que tinha um fecho atrás das costas e uns colchetes, e puxou-mo para baixo, deixando-me apenas em tanga, luvas, meias e botas. Com lentidão, como se estivesse a saborear o momento, tirou-me o cinto de ligas e descalçou-me as botas, despiu-me as meias e as botas e retirou-me, por último, a tanga. O sentir-me nua deixou-me um pouco excitada…

Segurando-me na mão e agarrando no candeeiro com a outra, Carlos guiou-me até um dos quartos, que ficava paredes meias com a lareira: devido à proximidade do fogo, aquela divisão estava a uma temperatura bastante agradável. A luz do candeeiro iluminou aquele quarto, que vi que tinha apenas uma cama de casal ao centro; o meu marido ajudou-me a deitar nela, ficando deitada de barriga para cima.

- Espera aqui. – disse-me, saindo pela porta e levando o candeeiro.

Regressou pouco depois, trazendo uma panela de barro que continha algo, pelo esforço que ele fazia ao carregá-la, e o pegar-lhe com uma pega indicava-me que o seu conteúdo estaria quente. Pousou a panela ao pé da cama e aproximou-se de mim, sorrindo.

- Se te queimar, avisa, OK?

Assenti com a cabeça, arrebatada com tudo aquilo. Percebi que Carlos me iria fazer qualquer coisa… mas o quê? Para manter o mistério, ele colocou-me uma toalha sobre a cabeça, cobrindo os olhos. Podia perfeitamente tê-la tirado (afinal ela não estava presa), mas deixei-me ficar, imóvel e expectante.

De súbito, senti as suas mãos nos meus pés. Mas elas estavam envoltas numa substância quente, que parecia óleo. Carlos começou a massajar-me os pés, não deixando centímetro nenhum da minha pele por tocar. Os seus dedos massajaram-me entre os dedos dos pés, as plantas dos pés, os calcanhares (e bem que eles precisavam de alívio, depois de tanto tempo em cima das botas!), depois passou para os tornozelos e subiu para as canelas. Às vezes, sentia um beijinho, aqui e ali, ora num tornozelo, ora num joelho, onde calhava. Comecei a suspirar de prazer ante aquela massagem, suave e serena, aquelas mãos maravilhosas…

As mãos foram subindo gradualmente pelo meu corpo, espalhando aquele óleo quente pelas minhas coxas, ancas e cintura: ele não tocou no meu baixo-ventre, todavia senti um sopro na minha ratinha que me causou um arrepio! O óleo foi sendo esfregado contra a pele da minha cintura, depois continuou a subir rumo aos meus seios… e aí ele demorou-se imenso tempo, esfregando cada um deles com paciência, até mesmo os mamilos, o que não me impediu de soltar um gemido mais prolongado. Mas foi quando senti as duas mãos do meu marido a afagarem os meus seios em simultâneo e o senti deitar-se sobre mim, com o seu órgão encostado à minha ratinha extremamente encharcada, que eu comecei a perder a cabeça.

- Amor, vem… entra… fecha a nossa renovação de votos… – ronronei, mordendo o lábio e tentando manter um controlo que eu própria não sentia.

Carlos não respondeu – não precisou. Instintivamente, enquanto falava, eu fui abrindo as pernas, como que convidando-o a entrar… e ele entrou! A primeira penetração foi funda, como se ele quisesse possuir à bruta, assim como a segunda, e a terceira… Involuntariamente fui soltando gemidos sempre que sentia a sua cabecinha entrar ao máximo dentro de mim, até Carlos colocar os seus lábios sobre os meus e enrolar a sua língua na minha…

Abraçámo-nos mutuamente à medida que o meu marido me ia penetrando e eu o ia acolhendo, sentindo que, naquele momento, éramos um único ser, unido no nosso amor, deliciando-se um no outro e saciando a sua fome nos braços do parceiro. Perdi completamente a noção do que se foi passando, de tão embrenhada que estava no que estava a suceder, ali naquela cama tipicamente alentejana…

Voltei a mim mais tarde, já Carlos estava deitado a meu lado, segurando na minha mão e olhando para mim com um sorriso tímido. Procurei recordar quantos orgasmos eu tinha tido naqueles instantes anteriores, mas não me recordava do que havia acontecido, de tão arrebatada que eu havia ficado. A sua outra mão afastou uma madeixa do meu cabelo e passou-ma por trás da orelha.

- Amo-te mais que ontem e menos que amanhã. – repetiu ele, aproximando-se de mim e dando-me mais um beijo.

Retribui-lhe o beijo, enrolando-me nos seus braços e levantando os lençóis com os dedos do pé – estavam enrolados por cima da guarda da cama.

- Amo-te. Simplesmente amo-te. Sem quantidades, nem tamanhos. Não consigo imaginar a minha vida sem ti. – declarei, aninhando-me ainda mais nos seus braços.



E assim termina a descrição das minhas quatro festas de aniversário.  Cada uma foi especial à sua maneira; umas tiveram muito sexo, outras foram feitas com amor. Claro que a renovação de votos com o meu marido fica num cantinho muito especial… apesar disso, as restantes três foram divertidas e permitiram-me saciar os meus apetites sexuais. Vamos ver o que esta nova era me irá trazer, tanto a nível profissional como pessoal…


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